Pedir o fechamento do Instituto Lula porque lá teriam sido cometidos crimes seria algo bizarro se não fosse perigosamente fascista. Por acaso Sergio Moro pediu o fechamento da Odebrecht ou da OAS, embora tantos crimes, conforme confissão de seus dirigentes, tenham sido cometidos dentro destas empresas, onde funcionavam diretorias destinadas a corromper políticos e providenciais o pagamento de propinas? Elas foram, é verdade, profundamente afetadas pela Lava Jato mas não chegaram a ser fechadas, o que seria lamentável.
Mandar fechar o Instituto que leva o nome do ex-presidente, na véspera de seu interrogatório, foi a contribuição especial que o juiz de Brasília, Ricardo Leite, resolveu dar ao colega de Curitiba, em busca do crachá de “caçador associado”. Leite é o juiz contra quem a força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Zelotes ajuizou uma ação de exceção de suspeição, pedindo que ele fosse afastado do caso. Isso porque ele recusou todos os pedidos de prisão preventiva, quebra de sigilos fiscal e telefônico e outras providências pedidas pelos procuradores contra os empresários e tubarões da Zelotes, que obtiveram a anulação de dívidas bilionárias com a Receita pagando propinas aos conselheiros do CARF.
O cerco ao Instituto Lula não começou no dia 5. Nas últimas semanas, todas as pessoas jurídicas que tiveram negócios com o Instituto passaram a sofrer fiscalização da Receita Federal. Prestadores de serviços estão sendo obrigados a demonstrar que efetivamente prestaram serviços, comprovar os recebimentos e associar serviços às respectivas notas fiscais.
A decisão do juiz Ricardo Leite, de anunciar hoje sua determinação, foi temerária. Vai elevar a temperatura em Curitiba, em mais um passo para o aprofundamento da divisão do país.
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