247 - Em artigo, a jornalista Tereza Cruvinel faz um balanço dos rumos políticos do Brasil nos últimos cinco anos, e considera que 2018 ensinou que "o fundo do poço pode sempre ser mais escavado". Para ela, a vitória de Bolsonaro fez parte de um jogo sujo envolvendo "vitimização" e muitas "calúnias" contra seu adversário, o candidato do PT, Fernando Haddad. "O voo incerto vai começar; apertemos os cintos", alerta a jornalista, referindo-se à posse de Bolsonaro, nesta terça-feira (1).
A jornalista resgata que "a autoflagelação destrutiva iniciada em 2013, e os desatinos dos anos seguintes, resultaram na opção eleitoral pelo projeto extremista que começa a ser implantado com a posse de Bolsonaro".
"E com isso começa o ciclo político que substituirá o da Nova República, iniciado em janeiro de 1985 com a eleição de Tancredo Neves e coroado com a Constituinte, legado que o Brasil e suas elites não souberam aprimorar", alerta.
Em sua retrospectiva, ela aponta dois fatores centrais para a resultante de 2018. "Dilma errou na campanha, omitindo o verdadeiro estado da economia e das contas públicas. Liderado por Aécio Neves, o PSDB não errou menos. Não aceitou a derrota, embarcou na sabotagem ao governo e jurou que Dilma não governaria".
"Para a estancar a sangria, "a solução é o Michel", disse o senador Jucá, pregando o acordão "com Supremo e tudo". A palavra impeachment saltou de suas bocas para as ruas. Dilma foi deposta numa sessão de horrores, comandada por Cunha, com Bolsonaro homenageando o torturador Brilhante Ustra".
Analisando a campanha, Cruvinel aponta que a transferência de votos de Lula para Haddad começou a funcionar "mas, em setembro, Bolsonaro é esfaqueado, e tudo muda"
"Vitimizado, poupado dos debates, vai ao segundo turno e derrota Haddad. A disputa é suja, com o disparo eletrônico de calúnias contra o petista. Ainda em combate, inclui a imprensa entre os inimigos".
Ela ainda diz que a equipe de Bolsonaro "é de duvidosa competência para enfrentar os desafios que tem pela frente" e que ele venceu "porque as elites políticas foram incapazes de construir o consenso mínimo para evitar o pior".
"O voo incerto vai começar. Apertemos os cintos", conclui.
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