5.31.2019

Segundo tsunami pela educação em duas semanas

São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte têm maiores mobilizações. “Brincaram com o formigueiro, deu nisso!”, afirmou o cientista Miguel Nicolelis sobre ato que levou 1,8 milhão às ruas
 30/05/2019  -Destaques da home
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REPRODUÇÃO

Multidões deste 30 de maio repetiram sucesso dos atos do 15M
São Paulo – Os atos em defesa da educação pública no país e contra a reforma da Previdência do governo Bolsonaro superaram as expectativas dos organizadores, segundo a União Nacional dos Estudantes
(UNE). Em São Paulo, foi estimada a participação de 300 mil pessoas. Muitas chegaram
no começo da manifestação por volta de 17h no Largo da Batata, bairro de Pinheiros,
 zona oeste da capital. Outras foram se incorporando ao longo dos mais de 4 
quilômetros percorridos até a dispersão, por volta de 21h, na Avenida Paulista.
Belo Horizonte reuniu 200 mil manifestantes. Rio de Janeiro e Recife, pelo menos 100 mil
 pessoas cada uma. A mobilização no Distrito Federal atraiu cerca de 20 mil pessoas. 
Em Salvador foram 70 mil pessoas, 40 mil em Belém, outras 30 mil em São Luís. Pelas
 contas dos organizadores em torno de 1,8 milhão de pessoas foram às ruas de 190 
cidades do Brasil – dos 26 estados e do Distrito Federal –, além de outras 10 do exterior.
“Brincaram com o formigueiro, deu nisso!”, afirmou nas redes sociais o cientista 
Miguel Nicolelis. Já na Avenida Paulista, a presidenta da UNE, Marianna Dias, registrou:
 “O dia 30 de maio entra pra história do nosso país. Quando estudantes, professores,
 trabalhadores, pais, o povo brasileiro voltou às ruas num grande tsunami. Para quem
 não acreditava, nós estamos aqui. Nós somos milhões. Nós somos rebeldes. Nós somos
 questionadores”.
Marianna admitiu a superação das expectativas em relação ao alcance das 
manifestações, e assimilou a energia e vibração que vinha do asfalto, tomado
 por jovens, “organizados” ou “autônomos”. O trocadilho impresso na faixa gigantesca
 que acompanhou a passeata, “O Brasil se UNE pela educação”, traduzia uma realidade.
 “Se eles querem proibir, inibir a nossa voz e a nossa manifestação, eles vão falhar. 
Porque o povo que saiu de casa, não volta mais pra casa, se a educação do nosso
 país não for respeitada. Nós queremos escola, nós queremos educação e nós vamos 
construir a maior greve geral (marcada para 14 de junho), ao lado dos trabalhadores,
 da história deste país. E eu desafio o governo Bolsonaro a dizer ao povo brasileiro
 porque que eles não gostam da educação”, bradou a presidenta da UNE.
Mídia Ninja
Nem os organizadores esperavam tanta presença no ato deste 30 de maio
“A universidade é o lugar da transformação, da liberdade, da democracia. Eles 
têm ódio disso. Por isso nós os derrotaremos gritando, fazendo balbúrdia, fazendo 
esse país se tornar um caos. Porque Bolsonaro não governa enquanto os cortes
 não forem revertidos. Essa é a promessa do povo que está indo pras ruas do Brasil.
 Bolsonaro, você não vai ter paz e nós não temos medo de você.”
Independentemente dos números da mobilização, uma nota divulgada pelo
 ministro da Educação, Abraham Weintraub, na tarde desta quinta, atestava que o 
governo está – além de desorientado – incomodado. O ministro sustenta que 
professores, servidores, estudantes e pais ou responsáveis “não são autorizados
 a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar”. O ministro também 
espera que sejam feitas denúncias por meio do site da Ouvidoria do ministério.
 Pelo que se viu nas ruas de todo o Brasil, o ministro está falando para as paredes.
Com reportagem de Felipe Mascari e Rodrigo Gomes

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