Dentre as diversas fake news e notícias simplórias mal-intencionadas utilizadas
nessa eleição, algumas ganham centralidade. Não vou aqui me prestar a responder a acusações do tipo: “O Brasil vai virar uma Venezuela”, porque isso é de uma ignorância suprema! Basta dizer que o PT passou 13 anos no governo, teve maioria no Congresso Nacional, o ex-presidente Lula deixou o mandato com 80% de aprovação nacional, e nem por isso viramos uma Venezuela. Pelo contrário, as comparações feitas com relação ao país vizinho, do tipo“vai faltar comida nos supermercados”, “os comunistas vão tomar nossas propriedades” ou “vai virar uma ditadura comunista”, atestam exatamente o contrário. Nunca os brasileiros mais pobres puderam comer três vezes ao dia e as instituições democráticas foram tão fortalecidas.
Um outro tema corriqueiro nos grupos de whatsapp é o que os governos
do PT deixaram de investir nas empresas nacionais e nas obras de
infraestrutura local, para dar dinheiro aos países latino-americanos vizinhos,
usando o dinheiro do povo brasileiro para financiar “ditaduras bolivarianas”.
Porto Mariel
Em primeiro lugar, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não financia governos e nem empresas desses países. O BNDES
financia empresas brasileiras! O Porto de Mariel, em Cuba – por exemplo
– não recebeu financiamento estatal brasileiro. Foram 400 empresas brasileiras
contratadas pelo governo cubano para realizar o empreendimento. O que fez o Banco foi emprestar, financiar essas empresas, como é papel de qualquer banco de investimento estatal, em todos os países do mundo.Essas 400 empresas contratadas forneceram equipamentos para a construção do Porto. Ou seja, esses equipamentos foram produzidos no Brasil, geraram emprego aqui e ainda foram exportados. O que significa, que ajudaram na nossa balança comercial, gerando dólares para o nosso caixa.
Exportador de tecnologia
Além disso, o financiamento, a construção de equipamentos e o desenvolvimento
de serviços internos para serem adquiridos no exterior contribui para que o
Brasil altere a sua lógica de inserção internacional. Por exemplo, se aos poucos
exportarmos mais produtos de alta tecnologia e serviços especializados, menos
reféns de continuar sendo um país exportador de carne e soja.
Em 2013, o Brasil teve superávit na Balança Comercial em serviços de engenharia, totalizando um saldo positivo de 3,5 bilhões de dólares. Parte decisiva desse
resultado se deve à atuação das empresas nacionais vendendo seus produtos
e serviços no exterior, e isso só é possível porque há empréstimos do BNDES.
Além disso, todo o desembolso feito pelo BNDES para essas obras nem pode
entrar na rubrica “gastos”, por serem empréstimos de longo prazo, e vão
retornando aos poucos ao caixa do banco. Em suma, não há absolutamente
nenhuma transferência de renda nem às empresas e muito menos aos governos
dos países vizinhos.
Como se não bastasse, o total de empréstimos destinados a financiar empresas
para atuação no exterior não superou míseros 2% do total de financiamentos do BNDES durante os governos Petistas, o que ajuda na reflexão de que não
houve priorização do gasto no setor externo em detrimento do financiamento
às empresas que prestam serviços para infraestrutura do país.
Edição: Cecília Figueiredo
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