Se alguém tinha dúvidas de que o governo Jair Bolsonaro (PSL) visa privilegiar os bancos privados, eis a confirmação pela boca do ministro da Economia Paulo Guedes: o governo vai liberar para bancos privados mais de R$ 100 bilhões em depósitos compulsórios.
Não seria escandalosa essa operação financeira pró-banqueiros se o País não possuísse seus próprios bancos de fomento cuja função social deles é o desenvolvimento econômico, dentre os quais se destacam BNDES, Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Banco Central, etc.
A conversa mole de Guedes, que também é um banqueiro, é de que a soma bilionária seria utilizada para o oferecimento de crédito para pessoas físicas e jurídicas. Mentira cabeluda.
O sistema financeiro tem costume de trabalhar com o dinheiro alheio aplicando-o, à revelia do dono, na especulação mormente da dívida interna pública. Ou seja, o governo Bolsonaro pode estar dando milho para bode –menos para fomentar a cambaleante e recessiva economia.
Aliás, os R$ 100 bilhões seriam provenientes de “depósitos compulsórios” –dinheiro de correntistas– cujos recursos são mantidos no Banco Central, qual seja, os bancos não podem utilizá-los para fazer empréstimos, por exemplo. Dentro da lógica monetária, esse mecanismo visa a estabilidade financeira e o combate à inflação.
“Ontem já houve uma liberação de R$ 20 bilhões de recolhimento compulsório para ampliar o crédito privado e vem aí mais de R$ 100 bilhões de liberação de compulsório ali na frente. Estamos encolhendo o crédito público e expandindo o privado”, informou ontem (28) o ministro Paulo Guedes a jornalistas após encontro reservado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Para o leitor possa ter dimensão do montante que Bolsonaro está disponibilizando para os “pobres” banqueiros, eis os orçamentos anuais das principais áreas do governo:
* Educação – R$ 117 bilhões
* Saúde – R$ 122 bilhões
* Assistência Social – R$ 92 bilhões
* Trabalho – R$ 80 bilhões
O diabo é que a dívida interna –entre encargos e serviços– consome R$ 1,8 trilhão desse mesmo orçamento da União, segundo o Portal da Transparência. Esse numerário que faz falta à saúde e à educação é apropriado anualmente pelo sistema financeiro do qual Paulo Guedes é representante no governo.
Mas não tem problema, não. No próximo domingo (30), na Marcha do Pó, bolsominions prometem ir às ruas em defesa desse estado de coisas.
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