Destinada a bebês a partir de 2 meses de idade, a vacina Pentavalente, que previne contra cinco tipos de doenças, está em falta em vários postos de saúde em Minas. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o problema é nacional e a previsão de normalização é para outubro deste ano.
A reportagem apurou que diversos postos na Região Metropolitana de Belo Horizonte registram a falta da vacina, o que pode ser prejudicial aos bebês, que ficam indefesos contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, além de doenças causadas por Haemophilus influenzae tipo B. Procuradas, as secretarias de saúde de várias cidades alegam o mesmo problema: a falta de distribuição da doses pelo Ministério da Saúde.
O Ministério, por sua vez, confirmou a falta do medicamento e explicou, em nota, que um lote com 3,5 milhões de doses da vacina foi barrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O fármaco é produzido por dois laboratórios indianos e o produto de um deles teve a entrada barrada no Brasil pela primeira vez em julho. Na ocasião, foram encaminhadas 37 mil doses a Minas, menos da metade do que é normalmente recebido, que são 80 mil doses.

Em agosto, no entanto, o estoque de reserva não foi suficiente para atender nenhum Estado. A pasta, por fim, declarou que um novo lote já chegou ao Brasil e está em fase de liberação da importação, devendo começar a ser distribuído no fim de setembro.
Na nota informativa sobre a falta do imunobiológico divulgada aos municípios, o Ministério da Saúde solicitou que os profissionais municipais de saúde responsáveis pela vacinação orientem aos pais que façam o agendamento da imunização entre os meses de agosto e setembro.
Recomendações
Coordenadora do curso de Enfermagem das Faculdades Promove e Kennedy, a professora Débora Gomes Pinto recomenda que os pais dos bebês na idade de se vacinarem, que não conseguirem a dose, evitem levar a criança a lugares com aglomerado de pessoas. "Para crianças tão pequenas, doenças como a coqueluche podem matar. Por isso, é importante que os pais se previnam e, até mesmo, se possível, apliquem as doses separadamente", explicou a especialista.
Outra indicação de Débora é que os pais liguem para os postos de saúde em suas cidades, pois, apesar da falta, alguns postos ainda têm a vacina. Para quem optar por aplicar as vacinas separadamente, também convém ligar para as unidades de saúde e conferir a disponibilidade. As vacinas separadas são a tríplice bacteriana (contra coqueluche, tétano e difteria) e hepatite B, disponíveis na rede pública. A que previne isoladamente contra as infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B, só está disponível na rede privada.
Para o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Unaí Tupinambás, a falta da vacina pode ser encarada como um reflexo da política de limitação de gastos na saúde imposta pela chamada PEC do Teto, aprovada em 2016. "A saúde é a área que mais sofre com essa sanção, que engessa a gestão do SUS. Aí começa a faltar vacina, que é um dos avanços mais importantes na saúde pública e permite mais qualidade de vida, principalmente à população mais carente, e é ela que acaba mais prejudicada por essas situações", declarou. 
Segundo Tupinambás, a aplicação das vacinas de forma separada pode ser uma saída, mas ele considera pouco eficaz, porque limita a possibilidade de quem não pode adquirir os medicamentos pagos. E, por se tratar da aplicação de três injeções em vez de uma, atrapalha a adesão ao calendário vacinal.

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