1.07.2008

Obesidade e hipertensão são mal em dose dupla para a saúde

Obesidade e hipertensão são mal em dose dupla para a saúde
28/01 - Agência Estado

A preocupação começa quando a pressão arterial passa dos ideais 12 por 8 para recorrentes 14 por 9, ou para índices mais elevados. Conhecida como assassina silenciosa, a hipertensão é, no Brasil, a segunda causa de morte entre as doenças cardiovasculares.

Segundo o Ministério da Saúde, 32.990 pessoas morreram em 2005 por causa da doença. A obesidade possui uma relação estreita com a pressão alta e é responsável por 30% desses casos. Para tentar reverter os casos de hipertensão e obesidade, sociedades de cardiologia e endocrinologia se reuniram no I Congresso Latino-Americano de Hipertensão e Obesidade, realizado em dezembro, no Rio, para criar estratégias para reduzir a prevalência de ambos os males.

"Em geral as duas doenças coexistem e estão associadas no mesmo indivíduo. É importante que haja uma visão global da obesidade e da pressão alta para garantir bons resultados no tratamento das doenças", afirma a cardiologista do departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Andrea Araújo Brandão. Segundo a médica, a chance de uma pessoa acima do peso ter pressão alta é maior do que em uma pessoa magra. "A obesidade aumenta os índices de colesterol e glicose", explica. "Se tratarmos só a obesidade e esquecermos de cuidar dos índices de colesterol, por exemplo, há o risco dele ter uma complicação cardiovascular grave."

Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem hoje cerca de 600 milhões de hipertensos no mundo. Já a Associação Americana de Cardiologia estima que existam hoje no mundo 1,65 bilhão de pessoas acima do peso.

A pressão arterial é calculada pela força com que o coração empurra o sangue para as artérias e a resistência que o sangue encontra para percorrê-las. No hipertenso, o sangue circula com dificuldade por causa da tensão nas paredes dos vasos (como um esguicho prestes a vazar, porque alguém pisa nele, fechando a passagem da água). Sem tratamento, a artéria pode ficar frágil, como o esguicho pisoteado, e se romper. Se isso acontecer no cérebro, haverá um derrame; no coração, um enfarte; e na principal artéria, a aorta, morte instantânea.

Nos obesos, a gordura que se acumula no tecido adiposo (que armazena gordura como fonte de energia para o organismo) também pode obstruir os vasos sanguíneos. "Esse acúmulo também pode provocar um acidente vascular cerebral", diz a cardiologista Andrea. O derrame, segundo o Ministério da Saúde, é a primeira causa de mortes no Brasil.

O arsenal de combate à hipertensão é forte, com drogas poderosas e menos agressivas. Mas a batalha diária para baixar a pressão e mantê-la sob controle é mais difícil do se imagina. Por não causar sintomas, o paciente não sabe que precisa da medicação. Estima-se que 60% a 70% dos hipertensos só consigam voltar aos 12 por 8 com a ajuda de dois ou mais remédios. E a medicação será tomada para o resto da vida.

"Em pacientes obesos é necessária uma avaliação para escolher a medicação porque ele pode desenvolver uma doença que ele não tinha. Se ele, por exemplo, toma um remédio para controlar a pressão que irá interferir nos índices de glicose, ele pode desenvolver, a médio e longo prazo, uma diabetes", explica a médica. Além dos remédios, a recomendação aos hipertensos obesos é perder peso e manter uma atividade física regular, diminuir o sal na comida e controlar o estresse.

O mais grave é que cerca de 15 milhões de adultos hipertensos e 3,5 milhões de crianças e adolescentes não sabem que estão com a doença. A orientação dos especialistas é medir a pressão arterial pelo menos uma vez por ano.

Entenda os números da sua pressão

Para saber por que 12 por 8 é considerada uma ótima pressão arterial é preciso entender o que os números significam. Eles correspondem aos dois tipos de pressão que a pulsação do coração gera: a sistólica (o valor mais alto) e a diastólica (o mais baixo).

Toda vez que o coração contrai (sístole), o sangue é empurrado para as artérias para atingir velocidade suficiente para percorrer o corpo e irrigar os tecidos e órgãos. Esse esforço empurra as paredes do vaso, exercendo uma pressão máxima (a sistólica). Enquanto o coração relaxa (diástole) e enche de sangue para a próxima batida, as artérias sofrem uma pressão mínima (a diastólica).

Quanto mais alta a pressão, mais difícil é para o sangue passar nos vasos.

Veja os índices:
Ótima - 12 por 8;
Normal - até 12,9 por 8,4;
Normal alta (limite) - 13,9 por 8,9;
Hipertensão - acima de 14 por 9.

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