2.11.2009

REPOSIÇÃO HORMONAL: RISCO CONFIRMADO




Associação de estrogênio e progesterona eleva casos de câncer de mama. As mulheres que fazem tratamento de reposição hormonal (TRH) depois da menopausa correm maior risco de câncer de mama, segundo estudo publicado na revista "New England Journal of Medicine". A associação dos hormônios estrogênio e progesterona por pelo menos cinco anos dobra a chance de ter a doença. A pesquisa de cientistas da Universidade de Stanford mostrou claramente a relação entre TRH e câncer de mama. Se a paciente interrompe o tratamento o perigo desaparece rapidamente, afirma o principal autor da pesquisa, o oncologista Rowan Chlebowski. Em 2002, uma outra análise divulgada pela Iniciativa para a Saúde Feminina já havia alertado para o perigo da TRH. Tanto que a indicação deste tratamento caiu de 60 milhões em 2001 para 20 milhões em 2005. O resultado foi a redução drástica de diagnósticos de câncer. Marcia Stefanick, da Universidade de Stanford, diz que "agora há provas contundentes de que a associação de estrogênio e progesterona aumenta a chance de câncer". Com base em análises, médicos sugerem que o período "seguro" para usar a combinação de progesterona e estrogênio no alívio de sintomas da pós-menopausa é de dois anos. O endocrinologista Ricardo Meirelles, diretor do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede), no Rio, explica que o estudo na "The New England" é a continuação do que foi publicado em 2002. Este mostrou aumento do risco de câncer de mama em mulheres submetidas à TRH com estrogênios equinos conjugados (EEC) e um progestágeno sintético (MPA, o acetato de medroxiprogesterona), que imita ações da progesterona, mas tem outros efeitos. Terapia requer controle médico rigoroso Meirelles diz que nos EUA se usa muito esses hormônios, que são diferentes dos produzidos pelos ovários humanos e diferentes dos que são usados na Europa e no Brasil para esse tipo de terapia. Nesse mesmo trabalho, observou-se que as mulheres que tomavam apenas EEC (sem MPA) não tiveram aumento de risco. - Estudos europeus com progesterona idêntica à produzida pelos ovários não revelaram elevação de risco de câncer de mama, o que sugere que este risco está ligado ao progestágeno sintético - diz o médico, professor de endocrinologia da PUC-Rio. Para o endocrinologista, a terapia hormonal ainda é a melhor maneira de aliviar os sintomas decorrentes da menopausa, como as ondas de calor e o ressecamento vaginal. Ela também é útil na prevenção da osteoporose: - A TRH não deve ser iniciada muitos anos depois da menopausa. Isto reduz seus benefícios cardiovasculares, podendo até aumentar o risco de doença coronariana. Devese receitar a menor dose capaz de obter os efeitos desejados. Quanto ao tempo, inexiste consenso. Na falta de contraindicações, não há motivo para interromper a TRH.
Fonte: O Globo - Portal Médico

Durante os anos 90, a reposição em mulheres era algo quase obrigatório, porque diminui os ataques cardíacos, melhora o perfil lipídico, isto é, baixa o colesterol ruim e faz subir o bom. Reduz também o número de casos de doenças de Alzheimer, melhora as condições da pele, aumenta a lubrificação vaginal, o que beneficia o aparelho genito-urinário externo, diminuindo o número de infecções urinárias.
Só tinha vantagens.

Aí os americanos fizeram um grande estudo e observaram que a reposição hormonal aumenta o número de ataques cardíacos: 28% a mais; aumenta em 27% os derrames cerebrais e em 30% o câncer de mama. Mas traz menos osteoporose, menos fratura e menos câncer de colo de útero, mas ninguém sabe por quê. Por isso a reposição hormonal tem de ser analisada caso a caso.

Se você teve irmã ou mãe com câncer de mama, não faça reposição. Seu pai morreu aos 42 anos de infarto, sua mãe de derrame cerebral, não vai fazer.
Você é fumante, diabética, hipertensa, não vai fazer. Agora, se não tem doença cardíaca na família, não é diabética, não fuma, não leva uma vida sedentária, mas é miudinha e magra, tem maior tendência para desenvolver osteoporose, pode ser útil. Ou, ainda, se é uma mulher que foi devastada na passagem para a menopausa, é indicado. Mas a tendência moderna é usar por um tempo curto e com um mínimo de doses necessárias.

Fonte:Drauzio Varela

O Que Fazer ou não fazer?
A terapia de reposição hormonal pode ser segura. Mas isso depende da idade da mulher e do tempo de uso da medicação
A história
Nos anos 90, acreditava-se que a reposição hormonal não apenas aliviava os sintomas da menopausa, como também protegia o coração das mulheres. Em 2002, um estudo americano mostrou que ela aumentava o risco de infarto
A novidade
Os dados do estudo foram revistos. Concluiu-se que a reposição hormonal é segura para o coração das pacientes. Isso se a terapia for iniciada na primeira década após a menopausa. Mas o tratamento não deve durar mais de cinco anos
A idade faz diferença
O risco de infarto é 71% mais elevado nas mulheres que começaram a fazer a reposição 20 anos depois do início da menopausa. Quem tomou os hormônios até uma década depois da menopausa teve uma redução de 11% nesse risco
Outros problemas Mesmo nas mulheres que começaram a tomar os hormônios nos primeiros dez anos após a menopausa, o risco de derrame foi 77% mais elevado. O de câncer de mama foi 19% mais elevado. Novos estudos vão investigar essa relação
O que mudou
As pacientes e os médicos podem voltar a olhar a reposição hormonal de uma forma mais positiva. Mas ela deve ser usada com cautela, por curtos períodos e apenas com o propósito de combater as ondas de calor e os suores noturnos típicos da menopausa

Após criteriosa revisão da literatura científica, discussões com médicos representantes de todos os continentes e discussões entre médicos brasileiros, todos profissionais versados e adequadamente qualificados em utilizar e prescrever hormônios em seres humanos com a finalidade primária de promoção da saúde e, ainda, em total consonância com os preceitos e guidelines da International Hormone Society, da World Society of Anti-Aging Medicine, da American Academy of Anti-Aging Medicine, do American Board of Anti-Aging e da European Society of Anti-Aging Medicine nós, médicos membrosdo grupo de consenso do Colégio Brasileiro de Medicina Antienvelhecimento e Longevidade e do Grupo Longevidade Saudável, concluímos haver chegado o momento de reconsiderar os conceitos atualmente vigentes acerca da reposição hormonal na menopausa.
A presente controvérsia acerca da reposição hormonal na menopausa, teve início após a publicação dos resultados do chamado estudo WHI (Women’s Health Iniciative), publicado em 2002, bem como do British One Million Women Study, publicado em 2003. Em ambos os estudos, o uso de hormônios em mulheres na pós-menopausa foi associado a uma maior incidência de câncer de mama, quando comparadas ao grupo placebo-controle ou ao de não usuárias. No estudo WHI, o uso de hormônios em mulheres foi associado a um aumento no risco de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Para os membros do Colégio Brasileiro de Medicina Antienvelhecimento e Longevidade e do Grupo Longevidade Saudável, ambos os estudos apresentam, dentre outras, duas falhas graves de desenho que consistem, respectivamente, em primeiro lugar: estas mulheres estavam utilizando estrogênios conjugados de urina eqüina. Consiste em um coquetel de 38 hormônios obtidos da urina de éguas prenhes, portanto, um dejeto animal, sendo que nenhum destes hormônios existe em seres humanos ou é produzido pelos mesmos, tendo, portanto, propriedades farmacológicas e comportamento completamente distintos do 17-beta-estradiol, hormônio que deixa de ser produzido por mulheres na fase pós-menopausal. Em segundo lugar, à esta combinação, foi associado o acetato de medroxiprogesterona, molécula que consiste em um progestogênio sintético, igualmente não existente em seres humanos, e, conseqüentemente, substância com propriedades químicas e fisiológicas diferentes da progesterona humana. Revisando cuidadosamente a literatura científica existente, é possível encontrar vários outros estudos que demonstram, de maneira inquestionável, a potencial toxicidade e os riscos inerentes ao uso destas substâncias. De acordo com as recentes recomendações de um grupo cada vez maior de sociedades médicas ao redor de todo o mundo, nós, igualmente, não recomendamos o uso de hormônios não-bioidênticos para a reposição hormonal da menopausa. Em contraste com as recomendações de algumas sociedades, que não recomendam e reposição hormonal na menopausa, ou ainda, algumas outras que a recomendam por um período limitado a cinco anos, no máximo, nós recomendamos o uso de hormônios em mulheres antes e após a menopausa, por tanto tempo quanto se fizer necessário, desde que as indicações e as necessidades clínicas justifiquem e que nenhum evento adverso ocorra que contra-indique o seu uso.

Contudo, nós recomendamos o uso da combinação de estradiol e estriol bioidênticos, associados à progesterona bioidêntica para a correção da deficiência ovariana da menopausa, exceto para casos específicos e bem pontuais e por um período de tempo limitado, aonde o uso de hormônios não-bioidênticos possa apresentar resultados clínicos melhores, com é o caso de algumas metrorragias e sangramentos da perimenopausa. A via de administração , é, igualmente, parâmetro de considerável importância. A via transdérmica, é, sem dúvida bem mais segura e fisiológica do que a via oral. Esta via não oferece qualquer risco de elevação do câncer de mama, e, quando se associa progesterona bioidêntica à reposição de estradiol e estriol, vários estudos, na verdade, demonstram uma clara redução dos riscos para aquela patologia.

A mulher que teve câncer de mama pode fazer reposição hormonal? A tendência observada na atualidade é de se evitar a administração de hormônios em mulheres que tiveram câncer de mama. Esta observação pode não se justificar nas mulheres em que a lesão foi removida cirurgicamente de forma completa. Revendo cuidadosamente todos os estudos científicos atuais que envolvem mulheres que tiveram câncer de mama e receberam reposição hormonal na menopausa, absolutamente nenhum risco de recorrência foi reportado ou identificado. Ao contrário, a reposição hormonal na menopausa está associada a uma notória redução do risco de recorrência do câncer, bem como uma clara diminuição das taxas gerais de mortalidade na maioria dos estudos. Mesmo a despeito de fartas evidências em contrário, ainda é muito cedo para recomendar-se a reposição hormonal para mulheres em menopausa portadoras de câncer de mama. Nós recomendamos que estudos em larga escala placebo-controle sejam urgentemente efetivados com a finalidade de identificar com a maior clareza possível, em quais mulheres que tiveram câncer de mama a terapia de reposição hormonal da menopausa estaria mais indicada.

Nós recomendamos aos médicos que fazem a reposição hormonal da menopausa, que submetam suas clientes à propedêutica e monitoração mamária periódicos, antes e durante o período de duração da reposição, obedecendo aos intervalos regulares preconizados e consensuados, consistindo de inspeção, palpação e mamografia de alta resolução, acompanhada de ultrassonografia complementar de alta resolução. Importante, igualmente, ressaltar a necessidade de vigilância periódica do endométrio, através de monitoramento ultrassonográfico transvaginal.

CONCLUSÃO DO CONSENSO:

Tendo em vista as enormes repercussões biopsicossociais da menopausa e os crescentes e exorbitantes gastos para o tratamento e controle das doenças chamadas “inevitáveis”da velhice, nós recomendamos aos médicos estimularem a reposição hormonal da menopausa, sempre observando os bons preceitos da prática médica e utilizando-se de hormônios bioidênticos, preferencialmente administrados pela via transdérmica, no caso da associação estradiol-estriol, e, no caso da progesterona, via transdérmica ou transvaginal. Para os casos anteriores, a via oral também pode ser uma alternativa, desde que os hormônios administrados sejam, igualmente, bioidênticos.

Fonte: Consenso

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