7.27.2009

Metade dos adultos com o nível colesterol aumentado não trata a doença


Quinta-feira, 9 de Julho de 2009


Resultados de uma pesquisa brasileira inédita, feita com mais de 2.000 pessoas em 70 cidades, revelam um cenário preocupante: metade dos adultos com o nivel de colesterol alto não tratam o problema.

O estudo, feito pelo CLACC (Conselho Latino-Americano para Cuidado Cardiovascular), iniciativa que busca disseminar informações sobre tratamento e prevenção de doenças cardiovasculares, também aponta que menos da metade dos brasileiros dosa seu colesterol e que os médicos não conhecem bem as diretrizes do tratamento. O objetivo do projeto era justamente avaliar a aderência dos pacientes ao tratamento, já que a falta dela é considerada um fator crucial para o aumento da incidência de problemas como infartos e derrames. Só no Brasil, as doenças cardiovasculares matam 300 mil pessoas a cada ano, e a Organização Mundial da Saúde estima um aumento de 250% nos casos até 2040.

Os voluntários responderam a um questionário fornecendo dados a respeito de dosagem de colesterol, diagnóstico de hipercolesterolemia e quais os tratamentos feitos. Quem não estava em tratamento respondeu ainda sobre os motivos da interrupção. Os resultados revelaram que, entre os que sabiam estar com o colesterol alto, apenas 50% seguiam a terapia recomendada -23% tinham começado e parado e 27% nunca tinham tratado a doença. "Trabalhos anteriores mostram que o tempo médio de uso de medicamentos é de 60 dias, mas o paciente só começa a ter benefícios após um ano de tratamento", diz o cardiologista Andrei Sposito, presidente do departamento de aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e um dos autores. Segundo a pesquisa, um dos fatores que atrapalham o tratamento correto é a desinformação. "A maioria dos pacientes não tem noção da gravidade de sua doença", diz Sposito. "O médico acha que a pessoa recebeu as informações adequadas, mas a mensagem não está chegando ao paciente." Os pacientes costumam aderir mais ao tratamento se já vivenciaram o problema- quando, por exemplo, já foram vítimas de um infarto. As consultas rápidas também parecem influenciar esse cenário. Entre as conclusões, os autores do trabalho apontam que a aderência ao tratamento está relacionada a consultas mais longas e detalhadas, mais informação sobre o problema e maior confiança no médico.

A pesquisa revelou ainda que menos da metade dos entrevistados (47%) tinha feito exame para dosagem de colesterol. Desses, 22% tinham hipercolesterolemia. O restante dos voluntários simplesmente não conhece suas taxas de colesterol sanguíneo.

Universo Farmacêutico

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