3.31.2010

Fenilcetonúria



A fenilcetonúria é uma doença relacionada a uma alteração genética rara (herdada) que envolve o metabolismo de proteínas. Em geral, quando uma pessoa ingere comidas que contêm proteína, as enzimas quebram estas proteínas em aminoácidos, que são peças que irão formar as proteínas, importantes ao nosso corpo, participando do processo normal de crescimento. Uma pessoa com fenilcetonúria não tem a quantidade normal de uma enzima específica (fenilalanina hidroxilase hepática) para quebrar o aminoácido fenilalanina. Por isso, qualquer comida que contenha fenilalanina não pode ser digerida corretamente e ela se acumula no organismo, causando problemas no cérebro e em outros órgãos.

Ainda não se tem a cura medicamentosa, mas é possível tratar a fenilcetonúria desde que o diagnóstico seja feito precocemente, evitando-se graves conseqüências no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central.

A lesão resultante do acúmulo de fenilalanina pode começar logo que o bebê nasce e, se não for detectada e tratada, acarreta retardo mental grave, ataques epiléticos e hiperatividade. Para nascer com fenilcetonúria, um bebê tem que ter herdado o gene da fenilcetonúria de ambos os pais. Freqüentemente, os pais não sabem que carregam o gene.

A fenilcetonúria afeta aproximadamente 1 em cada 12.000 recém-nascidos no Brasil.


SAIBA MAIS:


A Fenilcetonúria ou PKU (abreviatura de Phenylketonuria, em inglês) como é mundialmente conhecida, é uma doença metabólica, transmitida geneticamente de forma autossómica recessiva. É um erro inato do metabolismo proteico.

História


Abjörn Fölling

A fenilcetonúria foi inicialmente estudada na Alemanha por Abjörn Fölling em 1934, a partir da observação de dois irmãos com deficiência mental que apresentavam odor forte na urina.

As amostras de urina foram estudadas e, em contacto com uma substância química (chamada cloreto férrico), tornavam-se verdes. Fölling provou que a substância eliminada na urina era derivada da fenilalanina (ácido fenilpirúvico).

Mais testes foram feitos em outras crianças com deficiência mental. Com base nesses achados, Fölling publicou seu primeiro trabalho no qual sugeriu a existência de uma doença causada por defeito hereditário no metabolismo da fenilalanina associada a deficiência mental.
Em 1937, Penrose e Quastel sugeriram o nome de fenilcetonúria. Em 1947, Jervis demonstrou que a doença ocorria por dificuldade de hidroxilação da fenilalanina em tirosina.

Em 1953, Bickel e colaboradores estudaram os efeitos de uma dieta pobre em fenilalanina em uma criança de 2 anos, portadora da doença. O tratamento de outros pacientes permitiu verificar que a restrição precoce deste aminoácido (fenilalanina), evitava o retardo mental.

O diagnóstico precoce da fenilalanina só se tornou possível a partir dos estudos de Robert Guthrie, um médico dedicado aos estudos do cancro, que possuía um filho portador de deficiência mental, que desenvolveu em 1967 um método capaz de dosar fenilalanina em gotas de sangue coletadas em papel filtro. Este procedimento facilitou a coleta e o transporte das amostras, permitindo que mais tarde fosse implantada a triagem neo-natal para diagnóstico e tratamento precoce da doença.

Robert Guthrie

Actualmente, um grande número de países realiza teste de triagem neo-natal para fenilcetonúria, e os primeiros pacientes tratados desde o período neo-natal, já atingiram a idade adulta. O tratamento dietético adequado permite que os indivíduos afectados tenham um desenvolvimento normal.

Variações

Existem 3 tipos de fenilcetonúria:

• Fenilcetonúria clássica: os níveis sanguíneos de fenilalanina são muito altos (acima de 20mg/dl) – neste caso o tratamento é necessário.

• Fenilcetonúria leve: os níveis sanguíneos de fenilalanina são entre 10 e 20mg/dl) – neste caso o tratamento é necessário.

• Hiperfenilalaninemia permanente: os níveis sanguíneos de fenilalanina são mais baixos, porém acima do normal (entre 4 e 10mg/dl) – neste caso, geralmente, o tratamento não é necessário, a não ser que os níveis se mantenham muito próximos de 10mg/dl e/ou o médico julgue importante iniciar o tratamento. As únicas excepções são as mulheres com hiperfenilalaninemia permanente que desejam engravidar que deverão iniciar um tratamento rigoroso três meses antes de engravidar e mantê-lo durante toda a gestação.

Causas

Cromossoma 12

A causa genética desta doença reside numa mutação num gene pertencente ao cromossoma 12 que codifica a fenilalanina hidroxilase. Esta enzima é responsável por transformar o aminoácido fenilalanina noutro aminoácido chamado tirosina. A tirosina, por sua vez, transforma-se em substâncias importantes para o funcionamento cerebral chamadas neurotransmissores (dopamina e noradrenalina).

Fenilalanina Hidroxilase

Causa da Fenilcetonúria

Ou seja, a fenilcetonúria é uma doença resultante da dificuldade para metabolização (“quebra”) do aminoácido fenilalanina.

Processo de actuação dos neurotrasmissores

Em consequência da não acção da enzima, a fenilalanina e os seus catabólitos (na ausência de fenilalanina hidroxilase, a fenilalanina sofre catalizações alternativas e menos eficientes que originam catabólitos, ou seja, produtos) acumulam-se nos tecidos, em especial nos tecidos nervosos, e são eliminados na forma de fenilcetonas.

A fenilalanina em excesso e os seus catabólitos têm um efeito tóxico nas funções somáticas e no sistema nervoso central, interferem na síntese proteica cerebral e mielinização (a mielina está presente na chamada bainha de mielina (formada pelas células de Schwann), que rodeia algumas fibras nervosas, fazendo com que tenham uma condução de impulsos nervosos mais rápida) e diminuem a formação de serotonina (neurotransmissor). Estas alterações determinam perdas de funções, especialmente da capacidade intelectual do portador.

Sintomas

Os sintomas desta doença variam desde sintomas medianos até severos. A forma mais severa desta doença é conhecida como Fenilcetonúria Clássica. Crianças com esta forma mais severa parecem normais até atingirem poucos meses de vida. Sem tratamento estas crianças desenvolvem problemas comportamentais e atraso mental permanente. Convulsões, desenvolvimento retardado e problemas de locomoção são também comuns. Muitas crianças adquirem um cheiro a mofo como efeito secundário das grandes quantidades de fenilalanina no corpo.

As crianças com Fenilcetonúria Clássica tendem a ter pele e cabelo mais claros que os restantes membros da família não afectados pela doença, uma vez que a fenilalanina é importante para a pigmentação da pele. Crianças com fenilcetonúria são também mais susceptíveis a desenvolverem doenças da pele como eczemas.


Razão da importanância da fenilalanina na pigmentação (a mielina é uma uma das principais substâncias responsáveis pela pigmentação)

Formas menos severas de fenilcetonúria possuem um risco mais pequeno de danos cerebrais. As pessoas com estas variações podem nem precisar de tratamento ou dietas especiais.
Bebés cujas mães possuam níveis elevados de fenilalanina têm um maior risco de desenvolverem atraso mental visto que foram expostos a níveis elevados de fenilalanina antes do nascimento. Estas crianças podem também crescer mais lentamente do que as outras e podem desenvolver problemas coronários, uma cabeça pequena e problemas comportamentais. Mulheres com a doença e sem controlo sobre os níveis de fenilalanina têm também maior risco de aborto espontâneo.

Hereditariedade
Sendo um doença genética autossómica recessiva é necessário que ambos os cromossomas do par de homólogos 12 apresente a mutação.
Assim, é necessário que ambos os pais apresentem a mutação num dos seus cromossomas para que a doença tenha probabilidade de se transmitir (podendo ser portadores da mutação e não apresentarem a doença ou serem doentes – sendo que a probabilidade de transmissão da doença aumente conforme os pais sejam portadores ou doentes).

A fenilcetonúria é encontrada, aproximadamente, em 1 em cada 10 000 recém-nascidos caucasianos (brancos). A doença ocorre muito menos frequentemente nos japoneses, judeus, escandinavos e africanos. A fenilcetonúria é mais frequente na Turquia, onde 1 em cada 2 600 recém-nascidos têm a doença.

Tratamento

O objectivo do tratamento é manter os níveis de fenilalanina no sangue dentro do intervalo normal através de dietas específicas. Limitar a ingestão de fenilalanina pela criança pode, contudo, ser perigoso uma vez que é um aminoácido essencial. Um regime alimentar cuidadosamente equilibrado pode prevenir o atraso mental e outras complicações.
O tratamento dietético tem que começar pouco tempo depois do nascimento senão algum grau de atraso mental é espectável. A duração da terapia é fonte de controvérsia, mas alguma restrição de fenilalanina na dieta alimentar é sempre necessária.
Uma vez que a fenilalanina aparece em quase todas as proteínas naturais, manter uma nutrição apropriada é difícil com base num regime de baixo nível de fenilalanina. A ingestão de preparações especiais sem fenilalanina é, portanto, essencial. Alimentos com poucas proteínas como fruta, vegetais, e alguns cereais podem ser autorizados.

Prevenção


Mulheres com fenilcetonúria podem prevenir problemas nos seus bebés se seguirem um regime alimentar sem fenilalanina antes da concepção e tentando manter os níveis sanguíneo de fenilalanina baixos. Mesmo mulheres com casos menos agressivos da doença podem colocar os filhos em risco se não seguirem uma dieta apropriada.

> Teste do Pezinho
Este teste tem como principal objectivo a pesquisa sistemática de doenças genéticas no recém-nascido, visando a obtenção de um diagnóstico que possibilite a instituição dum tratamento eficaz e em tempo útil. Trata-se pois de um programa de medicina tipicamente preventiva.
Uma das doenças rastreadas pelo teste é, precisamente, a fenilcetonúria. E tendo em conta que, como já foi referido, a doença deve ser controlada desde muito cedo, este doença assume uma importância vital para o tratamento dos doentes.


In
http://www.medicinenet.com/phenylketonuria/article.htm

http://www.mayoclinic.com/health/phenylketonuria/DS00514/DSECTION=9

http://www.healthscout.com/ency/68/560/main.html

http://www.pkup.com.br/Pages/Institutional.aspx?id=content2

http://www.ufv.br/dbg/trab2002/DHG/DHG009.htm

http://ciadaescola.com.br/zoom/materia.asp?materia=249

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