6.21.2017

Funaro acusa advogado de Temer de fazer sondagem sobre delação



O advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira - Regis Filho / Valor / 16-10-201

Operador financeiro é um dos principais cúmplices de Eduardo Cunha

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BRASÍLIA — O depoimento prestado pelo operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro à Polícia Federal no início deste mês pode criar embaraços para Antônio Mariz, o principal advogado do presidente Michel Temer. Durante o interrogatório, Funaro disse que o escritório de Mariz foi o primeiro a fazer sondagem sobre o possível interesse dele em fazer acordo de delação premiada. No período, investigadores da Operação Lava-Jato já sabiam que uma eventual delação do operador teria potencial para complicar a situação de Temer. Um dos principais cúmplices do ex-deputado Eduardo Cunha, Funaro detém importantes informações sobre estruturas de corrupção no governo federal e na movimentação financeira de líderes do PMDB.



O operador também estendeu a acusação ao escritório do advogado Daniel Gerber, responsável pela defesa de Funaro logo depois de ter sido preso e transferido para Brasília. "Também chamou a atenção do declarante o monitoramento feito do seu estado de ânimo dos escritórios de advocacia que o assessoraram. Primeiro o escritório o escritório do Mariz. Depois o escritório de Daniel Gerber, que é ligado ao escritório Ferrão (Eduardo), este próximo ao ministro Eliseu Padilha (Casa Civil)", disse Funaro em interrogatório conduzido pelo delegado Marlon Oliveira Cajado dos Santos, no dia 2 deste mês.


Foi o primeiro depoimento do operador desde que ele mudou de estratégia e decidiu colaborar com as investigações com vistas a obter um acordo de delação premiada. Funaro não esclareceu, no entanto, como os dois escritórios fizeram o monitoramento dele. No período ele já estava preso. Funaro também acusou o ex-ministro Geddel Vieira Lima, um dos principais aliados de Temer, também de reforçar o grupo de interessados em saber se ele iria ou não fazer delação. Geddel teria ligado várias vezes para a mulher de Funaro com o objetivo de saber se o ex-aliado iria mesmo colaborar com a Lava-Jato.
Ainda no interrogatório, Funaro confirmou ter recebido pagamentos mensais de Joesley Batista, um dos donos da JBS. Confirmou ainda que os irmão Dante e Roberta Funaro receberam parte das mesadas desde que ele foi preso, em junho do ano passado. Ele negou, no entanto, que os pagamentos estivessem lastreados num acerto para que ele não fizesse acordo de delação, como acusou Batista. O operador alega que tinha a JBS devia a ele aproximadamente R$ 80 milhões relativos a negócios lícitos e ilícitos. A divida estaria sendo paga gradativamente.
"Que o declarante tinha um saldo credor com a J & F, decorrente de ações lícitas e ilícitas, num montante de R$ 80 milhões em dezembro de 2015", disse o operador. A J & F é controladora da JBS. Funaro disse ainda que não houve nenhum acordo com Batista para que não fizesse acordo de delação.




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