7.19.2019

POLÍTICA Glenn sobre Moro: “Fiquei chocado, é impensável que um juiz faça isso”




Editor-chefe do site The Intercept Brasil prestou



 esclarecimentos

 em audiência na Câmara nesta terça-feira 25

O jornalista Glenn Greenwald prestou depoimento


 em uma audiência pública na Comissão de 

Direitos Humanos da Câmara, nesta terça-feira 25. Parlamentares convidaram o editor-chefe do site 

The Intercept Brasil, apósa veiculação de mensagens privadas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro,

 e o procurador Deltan Dallagnol, durante a 

condução da Operação Lava Jato. O requerimento

 da sessãoteve autoria dos deputados federais Camilo piberibe (PSB-AP), Carlos Veras

 (PT-PE), Márcio Jerry (PCdoB – MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE).Greenwald apresentou suas considerações durante 20 minutos. Inicialmente,

 defendeu a veracidade do conteúdo noticiado e

 rebateu o sataques feitos, segundo ele, pelo partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Estou um

 pouco desapontado que o partido do governo 

ficou, nas últimas semanas, fazendo acusações 

feias e falsas. 

Parece que eles não estão aqui, eu queria muito 

discutir frente a frente. É mais fácil difamar se

 escondendo atrás de um computador do que fazer

 isso cara a cara”.

 

Em seguida, o jornalista dedicou parcela de seu 

discurso para contrapor insinuações de que
 seria um “estrangeiro”, como se houvesse chegado recentemente no Brasil. Contou, então,
 sua trajetória: seus quinze anos de moradia no país,
 seu casamento com o deputado David
 Miranda (PSOL-RJ), a adoção de duas crianças, 
a fundação do The Intercept Brasil em 
2016 e a criação de uma organização 

não-governamental que tem como foco, 

segundo ele, o acolhimento de animais abandonados
 e a inclusão de pessoas em situação de rua no 
mercado de trabalho.
Sobre abalho no portal, relembrou a criação do 
veículo em 2003, após sua passagem no
 jornal britânico The Guardian. Além disso, 
ressaltou a participação de jornalistas brasileiros
 na investigação dos fatos divulgados. A etapa 
posterior de sua defesa foi explicar como 
recebeu o conteúdo vazado, de que forma checou
 sua autenticidade e por que as mensagens
 configuram desvio de conduta do então juiz Sergio
 Moro.
“Eu fiquei chocado ao ver que um juiz colaborava,
 não às vezes, não em casos isolados,
 mas o tempo todo, em segredo, sem conhecimento
 do outro lado”, comentou. “É impensável
 que um juiz possa fazer isso. Em todos os países 
que conheço no mundo democrático, se um
 juiz fizesse uma vez o que Moro fez por cinco anos,
 sofreria muitas punições e perderia seu cargo.”
Greenwald alegou que os métodos de checagem 
foram atestados pelo jornal Folha de S. Paulo
de acordo com editorial publicado no domingo 23.
 Segundo informou, esses procedimentos
 incluíram a confirmação de diálogos contidos nos 
vazamentos, que envolviam jornalistas e
 fontes envolvidas na Operação. A equipe teria 
recorrido a figuras constadas no material e
 comparado o conteúdo para verificar sua 
fidedignidade.
Por fim, disse que Moro não tem evidências de
 alteração no conteúdo e reduziu a versão 
do ministro a especulações. Contra as críticas 
sobre a questão ética do vazamento de 
mensagens privadas, Greenwald defendeu que a
 conduta foi praxe em contextos que 
precederam o caso. “O jornalismo mais importante
 nas últimas décadas foi baseado em
 informações roubadas por fontes”, considerou.

Moro cumpre agenda nos EUA

Protagonista do principal escândalo do noticiário 
político atual, Sergio Moro viajou aos
 Estados Unidos no sábado 22 para cumprir uma 
intensa agenda em órgãos de segurança
 e inteligência do país, até quarta-feira 26. Segundo
 o Ministério da Justiça, o objetivo seria 
“reunir experiências e boas práticas para fortalecer
 as operações integradas no Brasil”.
 O encontro com agentes americanos serviu de 
justificativa para o ministro adiar sua audiência
 na Câmara, que estava marcada para esta semana.
A viagem de Moro aos Estados Unidos causou reação
 na oposição. A deputada federal e
 presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, 
Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que
 o ministro da Justiça está “fugindo”. “Fugiu?! 
O que teme Moro? A convocação foi
 transformada em convite e ele tinha marcado sua
 ida.
 Agora voltará a ser convocação. 
Moro tem muitas explicações para dar ao Brasil”,
 publicou em sua conta no Twitter no domingo 23.
O líder do PT na Câmara seguiu na mesma linha.
 Em sua rede social, duvidou dos reais 
objetivos da agenda. “Que baita coincidência Moro
 e Dallagnol ao mesmo tempo nos
 Estados Unidos num momento em que eles não
 podem se encontrar no Brasil”, postou em 
sua rede social. Na semana passada, terça-feira 18, o parlamentar foi a Bruxelas, na Bélgica,
 para entregar um relatório ao Parlamento Europeu
 sobre a “participação secreta e ilegal” 
dos Estados Unidos na Operação Lava Jato. Em nota, 
o Partido afirma existir um conluio 
entre a Lava Jato e o governo americano, “com 
objetivos geopolíticos a fim de tirar o
 protagonismo internacional do Brasil”.No Senado, 
Moro se disse vítima de “sensacionalismo” do
 Intercept. Os vazamentos noticiados
 contribuem com a acusação de que Moro extrapolou 
sua condição de juiz ao colaborar nas
 investigações da Operação Lava Jato, principalmente 
no processo do tríplex do Guarujá,
 que resultou na prisão de Lula. Reportagens anteriores do Intercept mostram que Moro teria
 aconselhado os procuradores, sugerido fontes,
 interferido na composição da bancada acusatória
 do processo e zombado da defesa do réu

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