esclarecimentos
em audiência na Câmara nesta terça-feira 25
O jornalista Glenn Greenwald prestou depoimento
em uma audiência pública na Comissão de
Direitos Humanos da Câmara, nesta terça-feira 25. Parlamentares convidaram o editor-chefe do site
The Intercept Brasil, apósa veiculação de mensagens privadas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro,
e o procurador Deltan Dallagnol, durante a
condução da Operação Lava Jato. O requerimento
da sessãoteve autoria dos deputados federais Camilo piberibe (PSB-AP), Carlos Veras
(PT-PE), Márcio Jerry (PCdoB – MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE).Greenwald apresentou suas considerações durante 20 minutos. Inicialmente,
defendeu a veracidade do conteúdo noticiado e
rebateu o sataques feitos, segundo ele, pelo partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Estou um
pouco desapontado que o partido do governo
ficou, nas últimas semanas, fazendo acusações
feias e falsas.
Parece que eles não estão aqui, eu queria muito
discutir frente a frente. É mais fácil difamar se
escondendo atrás de um computador do que fazer
isso cara a cara”.
Em seguida, o jornalista dedicou parcela de seu
discurso para contrapor insinuações de que
seria um “estrangeiro”, como se houvesse chegado recentemente no Brasil. Contou, então,
sua trajetória: seus quinze anos de moradia no país,
seu casamento com o deputado David
seu casamento com o deputado David
Miranda (PSOL-RJ), a adoção de duas crianças,
a fundação do The Intercept Brasil em
a fundação do The Intercept Brasil em
2016 e a criação de uma organização
não-governamental que tem como foco,
segundo ele, o acolhimento de animais abandonados
e a inclusão de pessoas em situação de rua no
não-governamental que tem como foco,
segundo ele, o acolhimento de animais abandonados
e a inclusão de pessoas em situação de rua no
mercado de trabalho.
Sobre abalho no portal, relembrou a criação do
veículo em 2003, após sua passagem no
veículo em 2003, após sua passagem no
jornal britânico The Guardian. Além disso,
ressaltou a participação de jornalistas brasileiros
ressaltou a participação de jornalistas brasileiros
na investigação dos fatos divulgados. A etapa
posterior de sua defesa foi explicar como
posterior de sua defesa foi explicar como
recebeu o conteúdo vazado, de que forma checou
sua autenticidade e por que as mensagens
sua autenticidade e por que as mensagens
configuram desvio de conduta do então juiz Sergio
Moro.
Moro.
“Eu fiquei chocado ao ver que um juiz colaborava,
não às vezes, não em casos isolados,
não às vezes, não em casos isolados,
mas o tempo todo, em segredo, sem conhecimento
do outro lado”, comentou. “É impensável
do outro lado”, comentou. “É impensável
que um juiz possa fazer isso. Em todos os países
que conheço no mundo democrático, se um
que conheço no mundo democrático, se um
juiz fizesse uma vez o que Moro fez por cinco anos,
sofreria muitas punições e perderia seu cargo.”
sofreria muitas punições e perderia seu cargo.”
Greenwald alegou que os métodos de checagem
foram atestados pelo jornal Folha de S. Paulo,
foram atestados pelo jornal Folha de S. Paulo,
de acordo com editorial publicado no domingo 23.
Segundo informou, esses procedimentos
Segundo informou, esses procedimentos
incluíram a confirmação de diálogos contidos nos
vazamentos, que envolviam jornalistas e
vazamentos, que envolviam jornalistas e
fontes envolvidas na Operação. A equipe teria
recorrido a figuras constadas no material e
recorrido a figuras constadas no material e
comparado o conteúdo para verificar sua
fidedignidade.
fidedignidade.
Por fim, disse que Moro não tem evidências de
alteração no conteúdo e reduziu a versão
alteração no conteúdo e reduziu a versão
do ministro a especulações. Contra as críticas
sobre a questão ética do vazamento de
sobre a questão ética do vazamento de
mensagens privadas, Greenwald defendeu que a
conduta foi praxe em contextos que
conduta foi praxe em contextos que
precederam o caso. “O jornalismo mais importante
nas últimas décadas foi baseado em
nas últimas décadas foi baseado em
informações roubadas por fontes”, considerou.
Moro cumpre agenda nos EUA
Protagonista do principal escândalo do noticiário
político atual, Sergio Moro viajou aos
político atual, Sergio Moro viajou aos
Estados Unidos no sábado 22 para cumprir uma
intensa agenda em órgãos de segurança
intensa agenda em órgãos de segurança
e inteligência do país, até quarta-feira 26. Segundo
o Ministério da Justiça, o objetivo seria
o Ministério da Justiça, o objetivo seria
“reunir experiências e boas práticas para fortalecer
as operações integradas no Brasil”.
as operações integradas no Brasil”.
O encontro com agentes americanos serviu de
justificativa para o ministro adiar sua audiência
justificativa para o ministro adiar sua audiência
na Câmara, que estava marcada para esta semana.
A viagem de Moro aos Estados Unidos causou reação
na oposição. A deputada federal e
na oposição. A deputada federal e
presidente nacional do Partido dos Trabalhadores,
Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que
Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que
o ministro da Justiça está “fugindo”. “Fugiu?!
O que teme Moro? A convocação foi
O que teme Moro? A convocação foi
transformada em convite e ele tinha marcado sua
ida.
Agora voltará a ser convocação.
ida.
Agora voltará a ser convocação.
Moro tem muitas explicações para dar ao Brasil”,
publicou em sua conta no Twitter no domingo 23.
publicou em sua conta no Twitter no domingo 23.
O líder do PT na Câmara seguiu na mesma linha.
Em sua rede social, duvidou dos reais
Em sua rede social, duvidou dos reais
objetivos da agenda. “Que baita coincidência Moro
e Dallagnol ao mesmo tempo nos
e Dallagnol ao mesmo tempo nos
Estados Unidos num momento em que eles não
podem se encontrar no Brasil”, postou em
podem se encontrar no Brasil”, postou em
sua rede social. Na semana passada, terça-feira 18, o parlamentar foi a Bruxelas, na Bélgica,
para entregar um relatório ao Parlamento Europeu
sobre a “participação secreta e ilegal”
sobre a “participação secreta e ilegal”
dos Estados Unidos na Operação Lava Jato. Em nota,
o Partido afirma existir um conluio
o Partido afirma existir um conluio
entre a Lava Jato e o governo americano, “com
objetivos geopolíticos a fim de tirar o
objetivos geopolíticos a fim de tirar o
protagonismo internacional do Brasil”.No Senado,
Moro se disse vítima de “sensacionalismo” do
Intercept. Os vazamentos noticiados
Moro se disse vítima de “sensacionalismo” do
Intercept. Os vazamentos noticiados
contribuem com a acusação de que Moro extrapolou
sua condição de juiz ao colaborar nas
sua condição de juiz ao colaborar nas
investigações da Operação Lava Jato, principalmente
no processo do tríplex do Guarujá,
no processo do tríplex do Guarujá,
que resultou na prisão de Lula. Reportagens anteriores do Intercept mostram que Moro teria
aconselhado os procuradores, sugerido fontes,
interferido na composição da bancada acusatória
interferido na composição da bancada acusatória
do processo e zombado da defesa do réu
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