© Foto : Robert O'Neill
O ministro da Justiça, Sergio Moro, vai perder seu cargo e será severamente punido, previu nesta terça-feira o jornalista Glenn Greenwald, que nas últimas semanas revelou informações sobre a Operação Lava Jato que mostram viés do ex-juiz no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Ele vai ser severamente punido, perdeu claramente a posição e, provavelmente, não pode praticar a lei", previu Greenwald em uma audiência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em Brasília.
O jornalista norte-americano lidera a equipe do The Intercept Brasil, que está revelando conversas privadas mantidas via Telegram entre Moro e promotores da Operação Lava Jato, apontando uma possível perseguição judicial contra o petista.
Greenwald notou que o conteúdo é verdadeiro, que todas as verificações possíveis foram feitas e que ele foi obtido através de uma fonte secreta, e não através de um grupo organizado de hackers, como sugeriu recentemente Moro e outros membros do governo.
A este respeito, o jornalista, que já revelou o escândalo de escutas ilegais pela Agência de Segurança Nacional (NSA, por sua sigla em Inglês), lamentou que Moro optou por uma estratégia de defesa "cínica", tentando "enganar" os cidadãos para que pensem que o material não é autêntico.
© REUTERS / ADRIANO MACHADO
Ministro Sérgio Moro chega ao lado do presidente Jair Bolsonaro a um evento militar em Brasília
Além disso, ele ressaltou que o ministro nunca negou de forma clara que as conversações são reais, mas sugeriu que "elas poderiam ter sido alteradas".
Greenwald também argumentou que, ao contrário do que dizem seus detratores, seu objetivo é fortalecer a luta contra a corrupção: "É impossível combater a corrupção mantendo um comportamento corrupto".
Moro apareceu na semana passada no Senado para dar explicações sobre o conteúdodas mensagens e salientou que não deve ser levado em conta porque elas foram obtidas ilegalmente, mas em qualquer caso, não se observa qualquer irregularidade neles. Ele era esperado na Câmara, mas adiou a sua ida para falar com os deputados.
No momento, o presidente Jair Bolsonaro mostrou seu apoio a Moro e não há indicação de que ele pretenda demiti-lo no curto prazo.
Os advogados do ex-presidente Lula usaram as informações reveladas pelo The Intercept Brasil para reforçar uma petição perante o Supremo Tribunal Federal (STF) que exige que Lula seja libertado.
Eles argumentam que sua sentença deveria ser anulada porque ele foi julgado e condenado em primeira instância por Moro, que em sua opinião nunca teve um comportamento imparcial.
Entretanto, pedidos da defesa do petista foram negados também nesta terça-feira.
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