3.08.2009

Pílula do Dia Seguinte vira moda perigosa entre garotas


Pílula do Dia Seguinte vira moda perigosa entre garotas

Menino de 15 anos não gastou mais de 5 minutos para comprar o medicamento, de tarja vermelha.

Em apenas cinco minutos um garoto de 15 anos entra na farmácia, em Campo Grande, e sai com uma caixa da Pílula do Dia Seguinte. Ele conta que a compra foi muito fácil, na loja da esquina da rua Bahia com a avenida Mato Grosso, sem qualquer pergunta por parte do atendente. "A mulher nem perguntou nada. Só entregou, paguei R$ 16,35 e sai", resume com o cupom fiscal na mão.

Apesar da tarja vermelha, o medicamento é vendido livremente, e já virou moda entre os adolescentes que transformaram o produto em método contraceptivo, bem longe do conhecimento dos pais. Na quarta-feira passada, um outro garoto, de 16 anos, também foi até a mesma farmácia para comprar o medicamento, com o nome genérico "Dia D".

Ao lado da namorada, ele agora conta que não enfrentou qualquer barreira. "Todo mundo vende, todo mundo compra", diz. A menina garante que foi dela a idéia e que pediu para o adolescente comprar. "Tenho 3 amigas que tomaram. É baratinho", revela a garota.

Na cabeça da menina, de 14 anos, o medicamento serviria para dar segurança ao dia em que decidisse perder a virgindade. "A gente quer que o dia seja mágico, que nada atrapalhe", fantasia a garota.

Uma rápida conversa com um grupo de garotas entre 13 e 15 anos reforça a banalização do uso da pílula, criada para socorro em casos de estupro ou de gravidez indesejada com risco de morte à mãe.

"A minha irmã tomou quando tinha 13 e deu tudo certo. Eu tomei mais tarde, mas foi só uma vez", diz uma garota de 15 anos, estudante de classe média alta, que há um ano namora o mesmo menino. Ela diz que nunca foi ao ginecologista, e não contou à mãe por medo. "Li a bula antes e lá tá tudo explicadinho", comenta.

"Toda a farmácia vende, já comprei até no meu bairro, lá na Coophasul e paguei mais barato: R$ 11,00", reforça o namorado, que teve a primeira relação sexual acompanhado pela Pílula Dia D.

A mãe de um dos garotos entrevistados diz estar assustada. "Eu sei que um dia eles vão transar, mas nunca imaginei que usam esse abortivo. As farmácias não vendem cerveja para menor, mas abortivo pode?", reclama. Ela soube do caso pela mãe da namorada do filho, que encontrou o medicamento entre as coisas da menina.

"Pense no susto e na sorte dela de ter visto antes da menina usar, porque as outras estão tomando isso como se fosse anticoncepcional, o que é muito sério, sem dar a oportunidade da família acompanhar, esclarecer", lembra a mãe do adolescente.

Apesar de muitos acharem que a pílula é abortiva, especialistas defendem que ela age antes que a gravidez ocorra. Se a fecundação ainda não aconteceu, o medicamento impede o encontro do espermatozóide com o óvulo. Mas se fecundação já tiver ocorrido, provoca uma descamação do útero, impedindo a implantação do ovo fecundado. Caso o ovo já esteja implantado, ou seja, já tenha iniciado a gravidez, a pílula não tem efeito algum.

"A pílula é para o uso esporádico, não é um contraceptivo. A menina que tem vida sexual ativa tem de adotar outro método. O anticoncepcional, por exemplo, só não é recomendado nos dois anos seguintes a menstruação",

O medicamento só pode ser vendido sob prescrição médica, até para maiores de idade, por se tratar de uma carga muito grande de hormônios. A caixa com 2 comprimidos, que são necessários tomar em um mesmo dia, equivale a meia cartela de um anticoncepcional de dosagem média.

O uso frequente dessa quantidade de hormônio pode provocar pequenos coágulos no sangue que obstruem os vasos. Além de apresentar efeitos colaterais muito mais severos que a pílula comum e, o principal, não proteger de doenças sexualmente transmissíveis.

O presidente do CRF informa que, a partir de uma denúncia formal, o Conselho pode instaurar um processo de ética contra o farmacêutico responsável pela farmácia que vendeu o medicamento ao adolescente. "Essa prática pode lesar a saúde das meninas e cabe ao profissional coibir essa prática dentro da farmácia onde atua".
Já uma punição à farmácia depende da ação da Vigilância Sanitária, que responde pelo comércio de medicamentos.

Fonte: Campo Grande News

2 comentários:

Fuxicos da Zuka. disse...

Gostaria de lembrar que segundo a Organização Mundial de Saúde OMS, a Contracepção de Emergencia NÃO é abortiva, sendo que atua antes do processo de nidação do óvulo.É muito importante lembrar que a informação e a quebra de tabus é o principal meio para evitar o uso indevido deste método.
Sou estudante do curso de farmácia e estou realizando um estudo sobre atenção farmaceutica na dispensação do CE, se desejar saber mais sobre o assunto entre em contato, larissa.altava@bol.com.br

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

"boaspraticasfarmaceuticas" alerta para a observação mais importante da matéria:

"A pílula é para o uso esporádico, não é um contraceptivo. A menina que tem vida sexual ativa tem de adotar outro método. O anticoncepcional, por exemplo, só não é recomendado nos dois anos seguintes a menstruação",