5.09.2009

Brasil é o país do presente, e o futuro pertence aos idosos.



Pessoas que praticam atividades físicas sofrem menos seqüelas após um AVC (acidente vascular cerebral) e se recuperam melhor em comparação às sedentárias, revela um estudo publicado ontem na revista científica “Neurology”, da Academia Americana de Neurologia.
O trabalho avaliou prontuários médicos de 265 pessoas, com idade média de 68 anos, que sofreram um derrame cerebral. As pessoas que já se exercitavam antes do derrame tiveram 2,5 vezes mais chances de sofrer um evento menos severo em relação ao outro grupo.
“Exercício é um fator de risco para derrame possível de ser controlado. Estar em forma não significa estar em uma academia de ginástica. Para as pessoas que participaram desse estudo, exercícios incluíam trabalho em casa, caminhadas na rua, jardinagem ou participação em alguma atividade esportiva”, explica o autor do estudo, o neurologista Lars-Henrik Krarup, da Universidade de Copenhague (Dinarmarca).
Segundo a neurologista Sônia Bruck, da Academia Brasileira de Neurologia, a conclusão do estudo reforça o que os neurologistas já percebiam na prática clínica.
“Os exercícios propiciam um fortalecimento osteomuscular. Também levam os idosos a terem uma noção corporal mais apurada, ou um domínio melhor sobre o corpo. Isso, sem dúvida, tem impacto na recuperação e na reabilitação após um derrame”, afirma a neurologista.


População nesta faixa etária está cada vez mais vulnerável à Aids e governo ainda não percebeu que o futuro será dos idosos

O Brasil ainda entendeu pouco sobre sua transição demográfica. Há algum tempo, já venho falando da magnitude dessa transição sem precedentes em nossa história. E, o que é mais significativo, é bem provável que território verde-amarelo jamais passe novamente por essa transição de forma tão veemente. A questão é que estamos envelhecendo bastante rápido. Por exemplo, é bem possível que jamais tenhamos o número de crianças que tivemos nos anos 90.

De fato, durante essa última semana, três notícias chamaram a atenção: população com mais de 50 anos está, cada vez mais, vulnerável à AIDS; em 16 anos, a longevidade do brasileiro aumentou cinco anos; e o governo terá um gasto maior com inativos do que ativos já a partir de 2009. Ou seja, com o envelhecimento da população, as conseqüências já podem ser notadas hoje.
O Brasil não é mais o país do futuro e nem o futuro pertence às nossas crianças. Na contramão desse pensamento, na realidade, o Brasil é o país do presente, e o futuro pertence aos idosos.

Há muitas organizações sociais no Brasil que já perceberam essa mudança e vêm trabalhando com afinco para minimizar as conseqüências sociais e econômicas de nossa transição demográfica. No entanto, o governo continua esperando a onda vir para remediar. O único problema é que o custo de uma intervenção tardia será o aumento significativo dos investimentos necessários para o bem-estar da população.

O Ministério da Saúde, com base em novos dados epidemiológicos, compreendeu que a população acima de 50 anos deve ser priorizada no combate à transmissão do HIV, já que houve aumento de pessoas com o vírus nesta faixa etária. Outra iniciativa importante é a imunização contra a gripe entre idosos. Este é um bom começo, mas precisamos de políticas públicas integradas que façam repercutir estas iniciativas também a outras causas de mortalidade e pouca produtividade de indivíduos na maior idade.
Programas de alfabetização também devem priorizar esses segmentos, pois preparar para o futuro é também fazer com que os idosos se sintam cada vez mais saudáveis e produtivos.

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População vive mais 5,57 anos se comparada a 16 anos atrás

Os brasileiros estão vivendo mais. A constatação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou hoje (1º) dados sobre a expectativa de vida dos brasileiros. A população vive mais 5,57 anos, se comparada a 16 anos atrás.

Em 1991, a expectativa de vida de um brasileiro era de 67 anos. Em 2007, o número aumentou para 72,57 anos. A mortalidade infantil diminuiu em 46% em todo o país no período. Todos os estados nordestinos tiveram um declínio considerável, principalmente Alagoas, com 58, 23%.

Segundo a pesquisa, entre 20 e 24 anos marca a grande diferença entre a expectativa de vida de homens e mulheres. Os mais expressivos diferenciais por sexo são encontrados nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, certamente fruto da combinação de efeitos como a maior longevidade feminina e as mortes por causas externas, como a violência entre a população masculina jovem. Caso não houvesse esse aumento na quantidade de mortes entre homens jovens, a esperança de vida ao nascer de um brasileiro poderia ser de dois ou três anos a mais.

Em 2000, havia mais de um milhão de mulheres em comparação à população masculina nessa faixa etária. A quantidade de homens e mulheres, de acordo com a pesquisa, deve se equilibrar a partir de 2040, quando haverá uma diminuição da população jovem.

A pesquisa mostra também que os homens das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste vivem mais do que os das Regiões Norte e Nordeste. Em alguns estados, essa diferença pode ser de quase 10 anos. Em 2007, um homem em Santa Catarina, por exemplo, tinha a expectativa de vida de 72, 09 anos, enquanto em Alagoas a esperança de vida era de 62,86 anos.

Mesmo assim, entre 1991 e 2007, a expectativa de vida dos homens destas regiões cresceu, principalmente no Nordeste com 6,61%, o maior aumento do Brasil.

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O envelhecimento da população tem que entrar na pauta do desenvolvimento. Essa é a diretriz dada pelo médico, doutor em Saúde Pública pela Universidade de Oxford e um dos maiores estudiosos em políticas públicas voltadas para idoso, Alexandre Kalache, em sua apresentação no HSM Health Care Summit, nessa segunda-feira, 10.

O motivo para o alerta é a rápida inversão da pirâmide etária da população. A projeção dado pelo especialista é que em 2050, quando a população mundial for de 8,9 bilhões, haverá 2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos em todo o mundo, sendo que 1,6 bilhão estarão em países menos desenvolvidos. “O mundo está envelhecendo numa velocidade nunca antes observada, e será necessário o envolvimento de todas as esferas da sociedade para que os idosos tenham uma melhor qualidade de vida”, assinala o especialista, que, por 13 anos, coordenou o Programa de Envelhecimento da Organização Mundial de Saúde. No Brasil, o número de idosos irá dobrar dentro de 17 anos, passando de 10% da população para 20%. “A França levou 115 anos para ter essa transição”, compara.

O grande desafio, de acordo com o especialista, é lidar com as desigualdades sociais existentes. A qualidade de vida na terceira idade está atrelada às condições e ao curso de vida de cada indivíduo, ao capital social e à sociedade em que ele vive. “As estatísticas podem ser enganadoras. Quando se analisa a média não se atenta para a realidade dos fatos”, explica. “Numa cidade como São Paulo, por exemplo, o nascer e viver em uma comunidade pobre significa 17 anos a menos de vida de quem nasce numa região nobre”.

De acordo com Kalache, o cuidado individual é apenas um dos aspectos que podem contribuir com a melhor qualidade de vida na velhice. Atentando-se a quatro fatores, sendo eles sedentarismo, má alimentação, tabagismo e ingestão de bebida alcoólica, já é o suficiente para a se prevenir o aparecimento de doenças crônicas. No entanto, a questão é muito mais ampla que o auto cuidado. “É necessário desenvolver políticas sociais, é necessário o envolvimento da sociedade nesse cuidado e nessa discussão, do envolvimento de empresas, de organizações de saúde, para que haja um melhor cuidado com a questão do idoso no mundo”, enfatiza.

A Organização Mundial de Saúde desenvolveu um programa para garantir uma melhor qualidade de vida para os idosos. A iniciativa contempla aspectos econômicos, sociais, de saúde, de educação, culturais e de conscientização para que haja um maior avanço no cuidado com o idoso. “Os países desenvolvidos enriqueceram antes de envelhecer, os subdesenvolvidos estão envelhecendo antes de enriquecer. O desafio é grande e requer, sobretudo, além de atenção, solidariedade”, conclui.
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“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo,a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais!”

(Mário Quintana)

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