9.12.2009

O perfil do mercado da Industria farmacêutica

A opção de analisar a indústria farmacêutica deve se
ao fato de ser um setor extremamente dinâmico e
altamente competitivo, exemplar da estrutura produtiva
da base material capitalista, cujo processo de
transformação, engendrado pelo surgimento e exaustão
das inovações, possibilita as alternâncias entre as fases
de prosperidade e depressão do sistema econômico, que,
por sua vez, abre espaço para as crises, fruto do
desenvolvimento do próprio capital.

A lógica desse desenvolvimento capitalista é
baseada nas contradições de características orgânicas
da própria acumulação do capital, bem como na
exploração extensiva e intensiva dos recursos naturais,
que acentuam de forma cada vez mais expressiva o
desequilíbrio social e ecológico.

Para a avaliação do discurso elaborado pelas
empresas, foram selecionadas cinco empresas
multinacionais de melhor desempenho no período 1996-
2000 setor farmacêutico mundial.
Tal desempenho se baseou em suas participações no
mercado (market share), representadas por suas
vendas globais.

O domínio de mercado pelas empresas
multinacionais é explicado pelas vultosas vendas dos
medicamentos “megamarcas”, o que significa,
contabilmente, receitas que extrapolam US$ 1 bilhão.

De acordo com Dr. Mackillop (RECENT, 2000),
executivo-chefe da empresa farmacêutica
AstraZeneca, enquanto o crescimento do mercado
farmacêutico mundial, no período de 1994 a 1998, foi
de 24%, o crescimento dos 20 medicamentos mais
vendidos no mundo cresceu 42% no mesmo período,
representando o domínio do mercado pelas
“megamarcas”, enxugando o número de competidores,
pela seleção do próprio mercado, e contribuindo para
estrutura de oligopólio do setor farmacêutico.
Considerando que a dinâmica da indústria
farmacêutica é representada pelo grau de inovações e
que este advém da área de Pesquisa & Desenvolvimento,
que depende do faturamento de cada empresa,
torna-se, portanto, prudente optar pela análise das
empresas com os maiores faturamentos no plano
mundial. Ainda assim, é fato que a área de P&D,
considerada a de maior importância e a de maior destino
dos investimentos da indústria farmacêutica, está
concentrada nas sedes ou nas matrizes das empresas.
Ainda segundo o IMS Health, o mais importante
órgão privado fornecedor de informações sobre
pesquisas de mercado, de análise de negócios e de
projeções da indústria farmacêutica, a taxa de
crescimento deste setor está na faixa dos 12%,
projetando-se uma média de crescimento anual de 8,1%
nas vendas para os próximos cinco anos, o que
representará um aumento no faturamento da setor
farmacêutico para US$ 506 bilhões em 2004.


A alta lucratividade da indústria farmacêutica se
deve à baixa elasticidade dos preços associada ao
aumento dos preços.
A margem de lucro (vendas líquidas
menos o custo dos produtos vendidos) das principais
empresas farmacêuticas tem sido de entre 70% a 80%.

Os lucros excepcionais são revertidos para a própria
empresa para financiar ainda mais as pesquisas e o
desenvolvimento de futuros produtos, o que justificaria
os preços altos praticados pelos laboratórios
farmacêuticos, conforme HOLCBERG (2000):
As empresas farmacêuticas compreendem que não
existe recompensa para as inovações.
Pesquisa e desenvolvimento de medicamentos consomem imensa
quantidade de tempo, esforço e dinheiro, e muitas
vezes, sem sucesso.
As empresas farmacêuticas apenas comprometeriam os enormes riscos e
investimentos necessários para criar medicamentos singulares se eles pudessem realizar lucros suficientes para justificar os riscos. Essa é a razão pela qual os
novos medicamentos são habitualmente muito caros
ao serem lançados no mercado.

Devido à acirrada competição, a indústria
farmacêutica tem experimentado, nos últimos anos,
ondas de inovações, principalmente nas áreas do
genoma e da química combinada, bem como investido
para os avanços tecnológicos seja na robótica seja na
automação de processos.

Esses crescentes saltos tecnológicos têm
transformado a descoberta de novos medicamentos de
processo “arte” em um processo de produção em
massa, como exige o sistema capitalista. Contudo, não
apenas o aspecto produtivo torna-se relevante, mas
também a considerável “indústria mercadológica” que
emerge juntamente com as inovações de produtos. Não
basta apenas criar um novo produto, mas se portar
estrategicamente no mercado.

Para que uma empresa farmacêutica tenha um
medicamento conceitualmente mercadológico, ou seja,
que seja aceito pelos consumidores, e que isso se
traduza em receita para a empresa, são necessários
uma estrutura muito bem organizada e eficiente de
vendas e um colossal esforço de marketing na sua
divulgação, a fim de capitalizar a descoberta.

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