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1.21.2010
Antiinflamatórios
Os antiinflamatórios estão presentes no dia-a-dia, mas a automedicação é alarmante
Os antiinflamatórios estão presentes no dia-a-dia de todos nós, talvez pela sua eficácia em combater dores, inflamações lombares, trazendo alívio imediato. Segundo pesquisa, os antiinflamatórios são os campeões de venda no quesito automedicação.
Aquela dorzinha incômoda, tensões musculares pelas sessões na academia, um simples tombo, são fatores que nos levam a correr vorazes à farmácia a caça de um antiinflamatório. O medicamento é vendido sem prescrição médica ou qualquer tipo de controle. Existe uma grande variedade disponível no mercado, em forma de comprimidos, cremes, pomadas, gotas, injetáveis - seu uso na maioria das vezes é oral.
Morton Sheinberg, clínico reumatologista e pesquisador imunologista do Hospital Albert Einstein, acrescenta que "os novos antiinflamatórios conhecidos como inibidores da ciclooxigenase 2 possuem comprovada eficácia na redução de úlceras gástricas. Já usar aspirina ao mesmo tempo neutraliza o efeito benéfico dos novos antinflamatórios no sistema digestivo."
Segundo o especialista "temos três produtos por via oral e um por via parenteral: etoricoxib, lumiracoxib e celecoxib por via oral e parecoxib por via parenteral com os nomes comerciais de arcoxia, prexige, celebra e bextra. Os problemas cardiovasculares dos novos antiinflamatórios são discretamente maiores dos que os convencionais tipo Voltaren, Cataflan, etc. Efeitos colaterais, que requerem hospitalização, por sua vez, estão cada vez menos freqüentes."
Sheinberg diz ainda que a obtenção desses medicamentos no Brasil sem receita é um problema grave. "Nas farmácias, o balconista desconhece o uso do medicamento que, em idosos, representa um risco de interações e efeitos adversos. Os cuidados com os antiinflamatórios são maiores quando se faz uso dos mesmos por tempo prolongado em enfermidades crônicas como é o caso das artrites inflamatórias."
Já o clínico geral do Hospital Sírio Libanês, Alfredo Salim Helito, declara que "o medicamento é eficaz se bem ministrado com acompanhamento médico". O médico alerta: "Não confundir inflamação com infecção. Quando o processo inflamatório tem como origem um verme (bactéria, fungo, vírus ou parasitas) em geral isso passa a ser infecção. Inflamação é o processo de reação do organismo a uma agressão que pode ter várias causas como traumas, doenças reumatológicas, que causam dor, vermelhidão, inchaço e aumento da temperatura na região."
"A descoberta da substância revolucionou a medicina no tratamento da dor no pós-operatório. O efeito é mágico como analgésico", diz Helito, ressaltando que, "infelizmente em grande parte dos casos existe a automedicação, e o uso diário sem orientação médica pode causar danos a saúde".
As causas para o uso desordenado do medicamento são alarmantes e podem provocar riscos a saúde do paciente. Estudos comprovam casos de insuficiência renal, problemas hepáticos (hepatite),cardiológicos, alteração da mucosa gástrica, úlcera e hemorragias pulmonares. "Usado sem orientação médica ou fiscalização pode ser fatal", alerta Helito.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vem fiscalizando com maior atenção a comercialização do COX-2, novo antiinflamatório mais conhecido como coxibe ou ainda inibidor seletivo. Alguns medicamentos foram retirados do mercado sob suspeita de causarem efeitos no sistema cardiovascular. Em função desses alertas, a Anvisa, juntamente com a Cateme (Câmara Técnica de Medicamento), organiza debates, discussões sobre os efeitos colaterais desses antiinflamatórios.
As informações quanto a problemas cardíacos não foram comprovados, existe somente uma suspeita. No entanto, a Cateme recomendou às empresas que fosse indicado na bula dos coxibes advertências e restrições quanto ao uso do medicamento.
O médico e professor da Unicamp Gilberto Nucci, especialista em farmacologia, explica que o medicamento, "promove alívio das dores e redução do quadro de inflamação. Entretanto, no tratamento de patologias inflamatórias crônicas, seu benefício é discreto, visto não influenciar a progressão da doença." Nucci também alerta quanto a automedicação.
Moisés Cohen, professor do departamento de Ortopedia e traumatologia da Universidade Federal de São Paulo, diretor do Instituto Cohen, clínica médica especializada na reabilitação do corpo em esforço físicos em esportistas e tratamentos de ortopedia, se utiliza de antiinflamatórios na recuperação dos seus pacientes. "É preciso utilizar o medicamento com precaução. O tratamento varia para cada paciente", diz. Cohen evita prescrever antiinflamatórios para pacientes idosos ou que apresentem um quadro clínico com problemas gástricos, ou renais.
A discussão sobre os possíveis riscos que os antiinflamatórios causam a saúde do paciente está em pauta desde a sua descoberta. A maioria dos especialistas concorda com a gravidade da automedicação e o uso contínuo do medicamento sem orientação de um profissional especializado.
Por isso, lembre-se de que os antiinflamatórios devem ser usados com cautela, com prescrição e acompanhamento médico. Leia atentamente a bula do medicamento e siga corretamente as orientações médicas. Observe os efeitos colaterais durante o tratamento e informe imediatamente seu médico.
(Gazeta Mercantil - Márcia Maria da Silva)
Os processos inflamatórios são, sem dúvida, problemas bastante comuns em nosso dia a dia. E, por essa ocorrência frequente, medicamentos anti-inflamatórios são muito utilizados. Mas fique atento, pois eles podem agredir o seu estômago. Saiba como se proteger, para não fazer do seu anti-inflamatório um inimigo de sua saúde.
Um dado alarmante
Os números não mentem e destacam o crescimento do consumo de anti-inflamatórios, sem prescrição médica, não somente para doenças específicas, como artrite reumatóide ou osteoartrite, mas também para muitas outras, como fenômenos dolorosos em geral, incluindo as dores de cabeça, gripes e cólicas menstruais. É certo que os anti-inflamatórios chamados de não esteróides (AINEs), são muito utilizados por grande parte da população, principalmente por apresentarem boa resposta contra e a febre. Em todo mundo, o consumo anual já chega a 40 bilhões de comprimidos à base de ácido acetilsalicílico (Aspirina). Somente nos Estados Unidos são consumidos por dia cerca de 80 milhões de comprimidos de aspirina (45 toneladas). Aproximadamente 20% dos usuários de anti-inflamatórios tem algum tipo de sintoma gástrico, como por exemplo, dor de estômago ou azia e em 10% estes sintomas são tão intensos que levam a interrupção do tratamento.
O que um anti-inflamatório (AINEs) pode causar de mal no organismo?
O uso desses medicamentos pode proporcionar no aparelho digestivo o aparecimento de dor epigástrica, azia, desconforto abdominal, além de complicações como gastrite e úlcera.
As ações lesivas dos AINEs ao organismo atingem outros órgãos?
Infelizmente, as ações lesivas dos AINEs sobre o trato gastrointestinal não se limitam apenas ao estomago e ao duodeno, mas incluem, também, o esôfago, intestino delgado e cólon. Além do mais podem causar problemas renais e cardíacos.
O uso de anti-inflamatórios (AINEs) aumenta as chances de complicações de doenças?
Sim, no caso da úlcera péptica pode haver um aumento significativo de 3 a 5 vezes na sua incidência com o uso de AINEs. Cerca de 50% das complicações da doença ocorre silenciosamente, sendo frequente o aparecimento de hemorragia ou perfuração, como primeiro sinal.
O risco de possíveis complicações é maior se a pessoa tiver mais de 65 anos de idade ou se já teve uma úlcera no passado.
Quais os anti-inflamatórios não esteróides mais comuns?
Alguns exemplos de anti-inflamatórios não esteróides mais comuns: ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina), diclofenaco, nimesulida, meloxicam, piroxicam, celecoxib e ibuprafen. Anti-inflamatórios como o celecoxib e o lumiracoxib são bem menos agressivos para o aparelho digestivo, mas podem causar complicações renais e cardíacas.
Por que os AINEs agridem o tubo digestivo?
Porque há uma diminuição de substâncias que participam da defesa da mucosa do estomago e duodeno contra agentes agressivos, denominados prostaglandinas. São as prostaglandinas que favorecem a produção de muco e bicarbonato na mucosa gastroduodenal. Com as defesas diminuídas, o tubo digestivo fica vulnerável à ação do ácido clorídrico e da pepsina (substâncias produzidas pelo estomago para auxiliar na digestão dos alimentos), que agem agressivamente, provocando lesões como gastrite e úlcera.
Como tratar de pacientes que têm úlcera e também uma inflamação?
O ideal seria interromper o uso de AINEs para o tratamento da úlcera, mas nem sempre isso é possível. Na prática, se o uso deste tipo de medicamento for indispensável, pode-se continuar utilizando anti-inflamatórios, associados a medicamentos que diminuem a acidez gástrica, capazes de proteger o estomago da agressão.
Para pacientes com úlceras que necessitem utilizar anti-inflamatórios continuamente, é preciso tomar o máximo cuidado na avaliação do processo inflamatório. Assim, conclui-se que, utilizados de maneira incorreta, os anti-inflamatórios podem tornar-se inimigos de seu estomago e duodeno. Uma vez mais é preciso lembrar que se você tem mais de 65 anos ou se já teve (ou tem) uma úlcera, não utilize anti-inflamatórios sem consultar um médico.
Fonte:desconstruindo.com.br/.../
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