1.29.2010

Mudanças no Clima nos EUA e no Mundo





O frio extremo no norte dos Estados Unidos mostra que a mudança climática pode ter efeitos graves

Frio extremo nos EUA é indício de mudança climática, diz estudo

Algumas partes do país terão nevascas mais intensas.


O frio extremo no norte dos Estados Unidos mostra que a mudança climática pode ter efeitos graves, mesmo quando não causa aquecimento, disse um relatório divulgado na quinta-feira (28).

Nova York registra a segunda maior nevasca da história


Climatologia
Dados de satélite comprovam recorde de frio no hemisfério norte

A cidade de Nova York, EUA, registrou neste domingo a segunda maior nevasca da sua história.

De acordo com o NWS, o serviço meteorológico norte-americano, foram precipitados sobre a cidade 660 milímetros de neve.

Em 1947 a precipitação foi de 671 milímetros.

A tempestade de neve atingiu a maior parte da costa leste dos Estados Unidos e em Nova York quase uma dezena de aeroportos tiveram de ser fechados e milhares de pessoas ficaram sem eletricidade.

A frente polar entrou no estado da Virgínia na noite de sábado e conforme avançava pela costa leste, cobria um a um todos os Estados.

À intensa nevasca se uniu o vento, que em alguns lugares ultrapassou os 60km/h, o que contribuí para deixar sem eletricidade 120 mil moradores de Washington e 70 mil em Maryland.

Na tarde de domingo a camada de neve no Central Park chegou a medir 650 milímetros. Em Boston a neve chegou a 330 milímetros e em Baltimore, no Estado de Maryland, foram precipitados pelo menos 380 milímetros.

Vastas partes da Europa estão enfrentando uma intensa onda de frio, que veio junto com nevascas.

De acordo com a agência de notícias France Presse, pelo menos duas pessoas morreram em decorrência das baixas temperaturas na França.

Em geral, a mudança climática deve trazer invernos mais curtos e brandos, mas algumas áreas dos EUA terão nevascas mais intensas, com mais transtornos a atividades como esqui e pesca no gelo, que dependem de condições previsíveis, disse o relatório da Federação Nacional da Vida Selvagem.

Mulheres caminham durante nevasca nos EUA na manhã desta quinta (28).

Relatório mostra que, em alguns locais, mudanças climáticas trazem mais gelo.
Nevascas

No norte dos EUA, a primavera agora chega 10 a 14 dias antes do que há 20 anos.

Mas algumas áreas devem ter nevascas mais fortes, conforme a rota das tempestades invernais se deslocar para o norte.

A redução da cobertura de gelo nos Grandes Lagos também pode resultar em nevascas espessas, decorrentes do contato dos ventos frios com a água mais quente.

A atual estação já apresenta repentinas oscilações de temperatura que, entre outras coisas, isolou um bando de pelicanos que não conseguiu migrar para o sul durante um período de clima ameno no final do outono.

Reduzir as emissões de gases-estufa é "um primeiro passo essencial", o que no entanto não significa que a mudança climática não terá de ser confrontada.

"Está claro que já estamos vendo alguns impactos e precisamos começar a nos preparar para as novas realidades climáticas. Não podemos continuar a nos planejar com base no que têm sido as tendências históricas".

A imprevisibilidade do clima pode afetar orçamentos públicos, já que os invernos mais brandos podem ser interrompidos por fortes e repentinas nevascas que exigem remoção da neve e manutenção de estradas. A variabilidade extrema de uma temporada para outra torna qualquer planejamento de manutenção difícil.

Os níveis de água nos Grandes Lagos estão em queda. O Lago Ontário, por exemplo, está cerca de 18 cm abaixo de sua marca do ano passado. E, para cada cm de água perdido, os navios que transportam materiais a granel pelas vias aquáticas precisam reduzir em cerca de 100 t a sua carga, para não correrem o risco de encalhar, de acordo com a Associação das Transportadoras dos Lagos, uma associação setorial dos armadores norte-americanos que operam na região.

O porto de Oswego recebe resíduos de alumínio do Canadá, e o material passa por laminação em uma usina local e é enviado a montadoras de automóveis; recebe soja, que é usada no processamento de biocombustível em uma usina na vizinha Fulton; e peças de moinhos de vento usados para gerar energia eólica em uma fazenda ao sul do Lago Canandaigua, perto de Rochester, diz L. Michael Treadwell, diretor da Operação Oswego County, uma agência de desenvolvimento econômico sem fins lucrativos.

O nível de água nos cinco Grandes Lagos - Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário -está abaixo das médias de longo prazo para a região, e a probabilidade é de que o problema permaneça até março, de acordo com o Corpo de Engenharia do Exército. (O mesmo pode ser dito sobre o Lago St. Clair, que fica na fronteira entre o Estado de Michigan, nos Estados Unidos, e a província canadense de Ontário, e não é considerado como um dos Grandes Lagos, ainda que esteja integrado ao sistema de navegação dos Grandes Lagos.)

A maioria dos pesquisadores ambientais acredita que o baixo índice de precipitação pluvial, os invernos não muito intensos e o índice elevado de evaporação, causado em larga medida pela falta de coberturas espessas de gelo para impedir que as águas geladas do lago fiquem em contato com o ar mais quente que as recobre, estejam causando a queda no nível de água dos lagos.

Os Grandes Lagos seguem um ciclo natural, com seu nível de água subindo durante a primavera até atingir um pico no verão, quando elas começam a baixar até que chegam ao seu ponto mais baixo durante o inverno, com a elevação no índice de evaporação.

Nos últimos dois anos, a evaporação vem sendo superior à média histórica, e não vem acontecendo chuvas e nevascas em volume suficiente na região dos lagos mais setentrionais - Superior, Michigan e Huron -, que servem como fonte de água para os lagos mais meridionais. Por isso, o sistema não vem sendo restaurado e a água não está retornando aos seus níveis normais, um meteorologista do Corpo de Engenharia do Exército norte-americano, em Detroit, cuja missão é monitorar o nível de água nos lagos.

"A Mãe Natureza é, em larga medida, a força que determina o nível de água nos lagos, e desempenha um papel muito importante nas projeções que desenvolvemos quanto aos níveis de água".

A Comissão Internacional Conjunta, uma agência bilateral que assessora o Canadá e os Estados Unidos quanto a questões de recursos hídricos, está conduzindo um estudo com prazo de cinco anos e orçamento de US$ 17 milhões a fim de determinar se a redução no nível de água e na área dos Grandes Lagos se relaciona aos ciclos sazonais de elevação e queda do nível de água ou se resulta das alterações no clima mundial.

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