2.01.2010

Transtornos Alimentares

Ninguém se assusta quando ouve uma adolescente magricela recusar uma mordida no sanduíche da amiga dizendo estar de regime.

O uso indiscriminado de inibidores de apetite, geralmente anfetaminas, tampouco gera reprimendas mais intensas (Jornal do Brasil, 14 de outubro de 2001).

Esses comportamentos, porém, podem ser um sinal de alerta para um problema mundial que atinge 1% da população feminina entre 18 e 40 anos e pode levar à morte, mas que só agora começa a receber a atenção devida no Brasil.

Os Transtornos Alimentares constituem uma verdadeira "epidemia" que assola sociedades industrializadas e desenvolvidas acometendo, sobretudo, adolescentes e adultos jovens. Quais serão os sintomas dessa epidemia emocional?

De um modo geral, o pensamento falho e doentio das pessoas portadoras dessas patologias se caracteriza por uma obsessão pela perfeição do corpo. Na realidade, trata-se de uma "epidemia de culto ao corpo" que se multiplica em uma população patologicamente preocupada com a estética corporal e afetada por alterações psíquicas relacionadas ao esquema corporal.

É assim que os Transtornos Alimentares vêem aumentando sua incidência perigosamente e já começa a alarmar especialistas médicos, sociólogos, autoridades sanitárias.

A busca obsessiva da perfeição do corpo tem várias formas de se manifestar e algumas delas diferem notavelmente entre si. Existem os Transtornos Alimentares mais tradicionais, que são a Anorexia e Bulimia mas, não obstante, existem outros quadros que se estimulam e desenvolvem na denominada "cultura do esbelto".

Os portadores da doença também desenvolvem uma obsessão pela forma física e distorcem a auto-imagem a tal ponto que se sentem gordos mesmo estando com 38 kg. O resultado é a paulatina deterioração física e mental, inicialmente com sintomas leves, tais como queda dos cabelos, até complicações cardiovasculares, renais e endócrinas tão graves que podem levar a morte.

Vejamos alguns fatores de risco que devem nortear uma hipótese de diagnóstico :

- Meninas adolescentes e adultas jovens de classe média e média-alta;
- Meninas que aspiraram trabalhar em atividades que enfatizam o estado de magreza do corpo (atores, modelos, bailarinas e desportistas);
- Ex-gordas ou com excesso de peso que se tornam obsessivas por práticas freqüente de dietas;
- História familiar de transtorno obsessivo-compulsivo;
- Baixa Auto-estima;
- Expectativa de grandes desempenhos (feitos);
- Perfeccionismo, insegurança no relacionamento social;

- Dificuldade em identificar e expressar sentimentos.

Também podem ser traços característicos da personalidade inclinada à Anorexia Nervosa uma preocupação e cautela em excesso, medo de mudanças, hipersensibilidade e gosto pela ordem. Como se vê, são traços compatíveis com o Espectro Obsessivo-Compulsivo.

Para inclinação à Bulimia os traços característicos da personalidade seriam a impulsividade, desorganização, preferência pelo novo, fácil desmotivação, extroversão, preocupação com modismos.

Essa patologia, é significativamente agravada pela valorização desmedida que algumas culturas modernas emprestam à estética corporal, sugerindo à pessoas mais vulneráveis que seria praticamente impossível conciliar a felicidade com uma discreta "barriguinha".

Em países desenvolvidos, 93% das mulheres e 82 % dos homens entrevistados estão preocupados com sua aparência e trabalham para melhorá-la. De um modo geral, desejar ter uma imagem corporal melhor não implica sofrer de algum transtorno emocional, obviamente. Entretanto, desejar ardentemente ter uma imagem corporal perfeita aumenta muito as possibilidades de que apareça algum transtorno emocional.

Blog do Dr Carlos

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