2.01.2010

Transtorno da Ansiedade Social (Fobia Social)



A fobia social é a intensa ansiedade gerada quando o paciente é submetido à avaliação de outras pessoas. Essa ansiedade ainda que generalizada não se estende a todas as funções que uma pessoa possa desempenhar. Na maioria das vezes concentra-se sob tarefas ou circunstâncias bem definidas. É natural sentir-se acanhado quando se é observado: esse desconforto até certo ponto é normal e aceitável, muitas vezes vantajoso.

Passamos a considerar esta vergonha ou timidez como patológicas a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal por causa dela, como deixar de concluir um curso ou uma faculdade por causa de um exame final que exige uma apresentação pública ou diante de um avaliador(es).

Para fazer o diagnóstico é necessário que a pessoa com fobia social apresente uma forte sensação de ansiedade ou desconforto sempre que exposta a determinadas circunstâncias. A ocorrência eventual para as mesmas situações como, por exemplo, escrever sendo observado exclui o diagnóstico de fobia social.O fóbico social sente-se muito incomodado todas as vezes que alguém o observa escrevendo.

A intensidade desta reação de ansiedade é desproporcional ao nervosismo que esta situação exigiria das pessoas em geral, e isso é reconhecido pelo paciente. No momento em que a pessoa é exposta a situação fóbica, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que parece uma crise de pânico.

Por causa de todo o desconforto envolvido nessa situação a pessoa passa a apresentar um comportamento de evitação para estas situações. Casos específicos devem ser analisados individualmente, como, por exemplo, uma pessoa que tenha uma doença que deixe suas mãos com aspecto desagradável, poderá sentir-se mal ao ser observada quando assina um cheque, não por causa de uma possível fobia social, mas por causa do temor em que sua doença cause repulso em quem o observa.

Os limites entre a timidez normal e a patológica são muito tênues para quem não é especialista no assunto. Mesmo para o próprio paciente com fobia social não é fácil acreditar que sofra de um transtorno psiquiátrico.

Somente a difusão popular do quadro típico da fobia social na sociedade é capaz de levar os pacientes com fobia social ao psiquiatra, o que de fato vem acontecendo cada vez mais.
O uso de bebida alcoólica é freqüente e um bom indicativo de que o paciente pode responder bem à medicação.

Há o perigo do desenvolvimento de alcoolismo, o que pode ser revertido com o tratamento adequado da fobia social. O alcoolismo surge mais como uma tentativa equivocada de automedicação.

Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é iniciado após o casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece porque o cônjuge saudável estava acostumado à dominação e o fóbico à submissão Quando o tratamento permite que a submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem ser superados com a cooperação e compreensão do cônjuge saudável. Pode ser necessária a complementação do tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para superar essa fase.

Por fim um acontecimento comum principalmente no tratamento medicamentoso, que proporciona uma supressão mais rápida dos sintomas, é o surgimento de um comportamento hostil nos primeiros meses de tratamento, por parte do paciente. Isto se dá provavelmente devido a uma auto-afirmação que o paciente passa a adotar. Antes do tratamento, como todo fóbico social, os pacientes se submetiam a coisas com as quais não concordavam, mas o faziam por não resistirem à pressão.

Com o tratamento o paciente aprende a dizer não, inicialmente com certa dose de agressividade, depois mais amadurecidamente. Geralmente este comportamento faz a família crer que o parente em tratamento piorou e se queixa ao médico disto.

Estas brigas, agressões e hostilidades incomuns numa pessoa antes tão dócil são um sinal de eficácia do tratamento e essa fase de litígios é transitória não se recomendando a interrupção do tratamento por causa dela. Após três ou quatro meses o comportamento volta ao normal sem que o paciente volte a ficar fóbico novamente. Caso as brigas se prolonguem demais será necessária uma nova avaliação feita por psiquiatra.

Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade os sintomas são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que caracteriza a fobia social particularmente é o desencadeamento dos sintomas sempre que a pessoa é submetida à observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se dentre os fóbicos tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarréia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes.

A preocupação por antecipação com as situações onde estará sob apreciação alheia, desperta a ansiedade antecipatória, fazendo com que o paciente fique vários dias antes de uma apresentação sofrendo ao imaginar-se na situação.

Escrever ou assinar em público
Falar em público
Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado
Cantar ou tocar um instrumento musical
Comer ou beber
Ser fotografado ou filmado
Usar mictórios públicos (mais para homens)
Os pacientes com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um vendedor insistente, compram um produto de que não precisam, só para se verem livres daquele vendedor, mas também nunca mais voltam àquele lugar. Os namoros muitas vezes são aceitos por conveniência e não por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais freqüentemente têm uma auto-estima baixa e julgam que devem aceitar a primeira pessoa que surge porque acham que não despertarão os interesses em mais ninguém.

As pessoas mais afetadas pela fobia social são os homens, ao contrário da maioria dos transtornos de ansiedade que predominam sobre as mulheres. O início é indefinido, por ser muito gradual, impossibilitando os pacientes a identificarem até mesmo um ano em que este problema tenha começado. Na grande maioria das vezes o início é localizado na época em que começaram a se dar conta de que eram mais tímidos do que os outros, ou seja, na infância ou adolescência. Ainda não foram descritos casos na fobia social tendo iniciado após os trinta ou quarenta anos de idade. Isto não significa que não possa surgir nessa época, mas certamente só ocorre raramente. O mais tardar que a fobia social pode começar é no início da idade adulta, em torno de vinte anos; quando o paciente se dá conta percebe que é mais acanhado que a maioria das pessoas sob as mesmas condições.

O tratamento medicamentoso com o clonazepan ou os antidepressivos inibidores da rematação da serotonina está bem claro e definido. Essas medicações permitem uma recuperação entre setenta e noventa por cento. É pouco provável obter uma melhora de cem por cento embora algumas pessoas fiquem bem próximas disso. Talvez as pessoas com mais de cinqüenta anos de idade tenham uma certa resistência a melhora com medicação, este fato, contudo, ainda deve ser comprovado. A terapia cognitivo-comportamental vem apresentando bons resultados no tempo de um ou dois anos de duração. Não foi detectada recaída nos primeiros anos após a alta, mas acompanhamentos mais prolongados são necessários para se verificar o tempo que a terapia cognitivo-comportamental permite ao paciente estar livre dos sintomas: se definitivamente ou apenas alguns anos.Pode ser até que permita uma verdadeira cura caso os pacientes fiquem o resto da vida sem precisar de novas intervenções de qualquer natureza. Somente o tempo poderá verificar isso, ou seja, só as futuras gerações saberão desse fato.
Blog Dr Carlos

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Saiba Mais:

Transtorno da Ansiedade Social: O Que É, Os Sintomas de Crises de Ansiedade
Ruy Miranda
Vencer a Timidez e a Ansiedade Social

O que é Transtorno da Ansiedade Social / Fobia Social – O Transtorno da Ansiedade Social, também conhecido como Fobia Social e Transtorno da Fabia Social, é uma desordem mental que se expressa através de sintomas (e sinais) de crises de ansiedade em contatos sociais e situações de desempenho. A intensidade da ansiedade em tais situações e a ocorrência das crises durante meses apontam para o diagnóstico. Em alguns casos é difícil diferenciá-lo da Timidez intensa.


Os sintomas da ansiedade variam de súbitos e intensos sintomas de ansiedade a crises de pânico. Entre os dois extremos existe uma gradação. Eles também variam de situação circunscrita a situações generalizadas. A última é conhecida como Transtorno Generalizado da Ansiedade Social.

Ansiedade Súbita e Intensa (Crises de Ansiedade) – Neste extremo ocorrem sintomas fisiológicos de medo: taquicardia, respiração acelerada, opressão no peito, tremor nas extremidades, sudorese, boca seca. Paralelamente ocorrem sintomas psicológicos: dificuldade de pensar de modo ordenado e a expectativa de ser ofendido.

Ataque de Pânico – Neste extremo ocorrem sintomas agudos de medo, especialmente aqueles de natureza psicológica: total incapacidade de pensar, exceto na urgência de sair do local onde está, desorientação no tempo e no espaço, e perda temporária da noção do eu.

O aparecimento súbito e a curta duração justificam o nome de crise ou ataque. A percepção irracional de uma ameaça justifica o nome de fobia.

O termo "sintomas" é impróprio para o que está sendo descrito aqui, mas é consagrado pelo uso. A descrição de "sintomas" aqui inclue sinais, e eles são coisas distintas. Os sintomas são subjetivos (exemplos: dor, apreensão). Os sinais são objetivos e podem ser medidos (exemplos: febre, taquicardia). Portanto, ocorrem sinais e sintomas no chamado "sintomas de crises de ansiedade".


Causas das Crises de Ansiedade na Ansiedade Social

O nome Fobia Social/Ansiedade Social sugere que as causas aparentes das crises de ansiedade são encontradas nas situações sociais.

As principais são:
* estar em convívio com pessoas não-familiares;
* ser alvo, ou julgar-se alvo, de avaliação pelos outros.


Convívio com pessoas não-familiares – Esse convívio pode ser rápido, como os poucos minutos em que é apresentada a alguém, ou demorado, como participar de reunião social. O contato com estranhos é fator decisivo. Contudo, em certas situações ocorre também com pessoas conhecidas, como a exposição demorada numa festa.

O termo “exposição” é apropriado porque a pessoa se julga exposta e observada. O que ela julga passar na cabeça dos outros, ao ser apresentada a uma única pessoa ou participar de uma reunião social, é muito semelhante ao que acontece na Timidez: depreciação, crítica, rejeição.

A crise pode se desencadear também no contato com pessoas mais próximas: quando fazem alguma brincadeira ou “gozação”.

Por vezes a pessoa quer receber ajuda, toma a iniciativa de procurar um profissional, mas desliga o telefone ao ouvir a voz desconhecida do outro lado.

Ser alvo, ou julgar-se alvo de avaliação pelos outros – A crise de fobia pode ser desencadeada em qualquer situação de desempenho. Pode ser uma situação objetivamente simples, como preencher um formulário diante de alguém ou comer um sanduíche numa lanchonete. Ou situação mais complexa, como participar de reunião de trabalho e explicar um relatório. Ou entrar em contato direto com alguém hierarquicamente superior.

A crise pode desenvolver-se também na simples antecipação de qualquer dessas situações. “Só de pensar” em estar em alguma delas é o bastante para desencadear um ataque.

Você provavelmente já viu algumas manifestações de ansiedade em situações sociais ser descrito como Ansiedade Social ou como formas de Timidez. Essas manifestações são conhecidas como Medo de Falar em Público, Medo do Palco, e Ansiedade de Desempenho. Embora elas sejam consideradas formas leves de ansiedade, semelhante à Timidez, e não serem classificadas como transtornos mentais, elas podem assumir características debilitantes e influenciar no curso das vidas das pessoas.


Exemplos: um ator ou atriz sofre forte crise de ansiedade antes de entrar no palco e tem diarréia, dentre outras manifestações psicossomáticas. Mas tão logo ele ou ela começa a desempenhar, a ansiedade desaparece. Neste caso estamos falando de uma manifestação que está mais próxima da Timidez do que da Ansiedade Social. Em uma situação diferente, vamos imaginar que o ator ou atriz continua a sentir ansiedade durante o desempenho e que isso compromete sua habilidade de atuar e ele ou ela abandona a carreira. Neste caso estamos lidando com uma manifestação de Ansiedade Social, sub-tipo Medo do Palco.


Consequentemente, as manifestações de Medo de Falar em Público, Medo do Palco, e Ansiedade de Desempenho podem ser classificadas como Timidez e como Ansiedade Social – a diferença de uma para outra vai depender da intensidade e duração dos sintomas das crises de ansiedade, assim como na repercussão sobre a vida da pessoa.

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