7.01.2010

A hora do Brasil espremer a laranja



Nas quartas de final, Seleção vai enfrentar um adversário que ataca muito e marca pouco. Contra-ataque será arma fundamental amanhã

Porto Elizabeth (África do Sul) - O Brasil enfrentará amanhã seu primeiro grande desafio na Copa do Mundo, diante da Holanda. A primeira grande diferença é básica: a Seleção será atacada. Se o sistema defensivo brasileiro será verdadeiramente testado, o esquema preferido de Dunga, também. O contra-ataque promete ser a grande arma do Brasil no duelo decisivo e a receita ideal para descascar a laranja.

O ímpeto ofensivo sempre foi a marca da Laranja Mecânica, que no entanto vem com um estilo diferente com esta nova geração e o comando do técnico Bert Van Marwijk. Não é um time com tantas variações táticas, e o esquema se baseia em dois jogadores habilidosos, mas com características completamente diferentes. Sneijder é o cérebro, responsável pelos lançamentos; Robben é dono das arrancadas em direção à área. A ligação direta entre os dois é um dos maiores perigos do time.

Segundo estatísticas da Fifa, o índice de passes completos é alto (74%), assim como o de lançamentos (54%). E roubar essa bola no meio-campo é a melhor alternativa para o time de Dunga surpreender o adversário. O combate não é o forte dos holandeses: foram apenas 17 desarmes em quatro partidas, sendo que em só sete deles houve recuperação da bola. O Brasil fez 33 desarmes e roubou 11 bolas. Amanhã, esse fundamento será ainda mais importante.

Uma equipe já conhecida dos brasileiros e que sempre faz jogo duro. Talvez ela seja a maior seleção entre as que nunca foram campeãs mundias. No total são nove confrontos na história entre as duas nações: três vitórias do Brasil, quatro empates e duas vitórias da Holanda em copas. É um equilíbrio muito grande. O último confronto foi em 1998 e o jogo foi para os pênaltis com uma exibição fantástica do Tafarel e vitória verde e amarela.

O Bom Dia acompanhou como a Holanda chegou até esse confronto contra o Brasil para as quartas de final, eles ganharam da Eslováquia.

A defesa da Holanda tem jogadores tecnicamente fracos, mas funciona, só levou dois gols até agora, ambos de pênalti. O gol da Eslováquia nem foi falta do goleiro. Vittek, habilmente, tropeçou de propósito. O goleiro Stekelenburg fez duas boas defesas quando os eslovacos esboçaram uma reação.

É do meio campo para frente que a Holanda tem mais qualidade com dois destaques. O gol de Robben já foi visto várias vezes como uma cópia de tantos outros da carreira dele, é como mágico que repete o mesmo truque e a plateia não descobre como ele faz.

Sneijder joga mais atrás, mas passa bem, chuta bem, organiza os ataques e se faz o mais difícil um gol simples não é problema. Robben elogiou o Brasil nas entrevistas como de sempre, nessa história tem muito respeito e muito equilíbrio.
Na copa de 74, deu Holanda. Na copa de 94, deu o Brasil. Em 98, deu empate, mas deu Brasil nos pênaltis. Essa laranja é casca grossa.


HOLANDA TREINA PÊNALTIS

A Holanda promete atacar, mas está se preparando para o caso de a partida não ser decidida com a bola rolando. Ontem, os jogadores treinaram cobranças de pênaltis, para evitar que se repita a eliminação para o Brasil na semifinal da Copa de 1998.

Depois de uma reunião fechada do técnico com os jogadores, pedindo união no momento decisivo, o atacante Van Persie foi a público se desculpar pelo incidente durante o jogo contra a Eslováquia, no qual foi flagrado por câmeras de TV queixando-se da sua substituição e sugerindo a saída de Sneijder, com quem não mantém boa relação há alguns anos. “Não foi um comportamento adequado”, disse o atacante.

MAPA DA MINA

VELOCIDADE
A Holanda não tem medo de atacar e oferece espaços aos adversários. Por isso, uma saída rápida após a retomada de bola e precisão nos passes são fundamentais. Pela primeira vez na Copa, Dunga poderá explorar mais a grande arma do time: o contra-ataque.

CINTURA DURA
Esse mal atinge tanto o volante Van Bommel quanto os zagueiros Heitinga e Mathijsen. A habilidade brasileira pode se dar bem aí, especialmente com Robinho.

LATERAL LENTO
Van Bronckhorst é experiente, líder do time e tem bom passe, mas já viveu dias melhores. A dupla Maicon e Daniel Alves pode aproveitar a fragilidade do veterano pelo setor.

AMBIENTE AZEDO
O atacante Van Persie e o meia Sneijder se estranharam mais uma vez e o técnico precisou intervir para apagar o incêndio. Sob pressão, os nervos dos holandeses podem ser afetados.

O Dia

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