6.30.2010

Especialistas criam clínica para 'chupadores de dedo'


Apesar de ter como alvo, em primeiro lugar, as crianças e adolescentes (entre 8 e 18 anos), a clínica também trata adultos que têm o hábito de chupar o dedo
Na última semana, dois ortodontistas britânicos, Mowla-Copley e Neil Counihan, inauguraram uma clínica curiosa em Londres. Chamada de Metamorphosis, a clínica é especializada em atender pessoas que têm mania de chupar o dedo e tem como alvo, em primeiro lugar, as crianças e adolescentes (entre 8 e 18 anos) cujos dentes estão desalinhados por esse motivo.

Mas, por incrível que possa parecer, este hábito também é encontrado em adultos, geralmente de forma privada. Em adultos, a mania de chupar o dedo tende a provocar uma misturava de diversão e reprovação - embora mais adultos do imaginamos mantenham hábitos de "conforto" da infância.

Em reportagem publicada na versão online do jornal britânico The Times, Neil Counihan afirma que o problema com a sucção do polegar é que ele exerce grande pressão na boca, provocando ou agravando problemas dentários. Segundo ele, as características de um atual ou 'ex-chupador' de polegar é que ele tem "dentes salientes" e problemas de mordida, pois os dentes são empurrados para frente e as arcadas superior e inferior não se atendem como deveriam.

"Os ossos das crianças são maleáveis, para facilitar o desenvolvimento do esqueleto da boca e por isso podem ser seriamente afetados", diz Counihan. Além disso, dentes da frente muito salientes são também mais propensos a quebrar.

Mas, segundo os especialistas, os pais não devem se preocupar muito cedo. "Abaixo de 6 anos não há necessidade de fazer nada, pois a maioria das crianças para de chupar o polegar antes de começar a escola, sem prejuízo de seus dentes", diz Mowla-Copley. "O hábito se torna um problema uma vez que os dentes do adulto vêm. Nós não consideramos fazer um tratamento até então", afirma. Adultos que persistem no hábito de sugar o polegar, no entanto, têm pouca probabilidade de escapar de danificar os dentes.
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Meu filho chupa dedo - Do livro “Seu filho no dia-a-dia”
“Menino, tira o dedo da boca!”, “Você vai acabar com a boca torta de tanto chupar dedo.” Advertências que são ouvidas a toda hora que, em vez de melhorar, costumam complicar a situação.

Mães consultam os pediatras porque estão preocupadas com seus bebês que chupam prazerosamente os dedos, principalmente o polegar, quando estão com fome, com sono, inquietos, desconfortáveis, chateados, infelizes, com os dentinhos nascendo ou mesmo sem nenhum motivo especial. Querem saber o que deve ser feito, antes que eles fiquem dentuços ou tenham algum problema mais sério.

Quase todas as crianças pequenas chupam o dedo. Elas têm uma necessidade imperiosa de sugar. Infelizmente, alguém, um dia, chegou à conclusão de que o hábito era prejudicial e que deveria ser combatido. Tal raciocínio, que poderia ser aceitável quando se tratasse de crianças acima de dois ou três anos, generalizou-se.

Felizmente, ninguém fez correlações entre os alegres bebezinhos chupadores de dedos e o adulto “dedo duro”, o que, aí sim, tornaria a situação bem mais séria. O bebê, como já foi dito, está na fase oral, período em que a boca é fonte de prazer. Para ele, é gratificante, reconfortante, agradável, divertido e gostoso chupar o dedo. Ele se sente mais calmo, tranqüilo e relaxado.

A vantagem do dedo sobre a chupeta é que ele poderá sugá-lo à vontade, sem necessitar do auxílio de outras pessoas. Enquanto a chupeta é utilizada com freqüência para manter a criança ocupada, deixando de aborrecer os adultos, ou, ainda, para diminuir a ansiedade materna, o dedo é usado pelo bebê como fonte de aprendizado.

Nos primeiros dias, quando suga, ele fecha os olhos, pois não é capaz de desenvolver mais de uma atividade de cada vez. Se ele olha ou ouve alguma coisa, para de sugar. Ficando tranqüilo, diminui a sucção e utiliza sua energia para explorar o ambiente. Com algumas semanas, quando esvazia gulosamente o seio e não consegue satisfazer o seu instinto de sucção, sente vontade de colocar algo na boca – o dedo, a chupeta, o travesseirinho, a fralda.

Como o seio é mais difícil de ser esvaziado, a turma que mama no peito leva mais tempo sugando. Assim, chupa menos os dedos do que a turma das mamadeiras, principalmente se essas tiverem bicos com furos grandes.

Em resumo, o hábito de chupar os dedos é considerado normal até um ano, ou até o fim da fase oral (dezoito meses), quando a maioria o deixou para trás. Alguns bebês começam a abandoná-lo já a partir do cinco meses. Mas o ato de chupar os dedos não deve ser motivo de preocupação, aceitando-se como limite máximo os quatro anos.

E o que fazer para que um bebê não chupe dedo? Nada! Deixe-o à vontade. Sozinho, ele saberá abandonar o companheiro no momento oportuno. Caso contrário, vamos ajudá-lo quando estiver maior. Mas se você quer que ele mantenha o hábito por muito tempo, é fácil: diga-lhe para não por o dedo na boca, tire o dedo toda vez que ele voltar a chupá-lo, castigue-o, demonstre por todas as formas que você não gosta de vê-lo fazendo isso. Diga que é feio, é sujo, que seus dentinhos vão apodrecer e assim por diante. Dessa maneira, você estará reforçando o hábito e atormentando-o, prejudicando o seu desenvolvimento emocional.

Apesar de muitos acharem que esse hábito e normal até os cinco anos, em minha opinião, as crianças com mais de três anos tem-no por outros motivos, como insegurança. O dedo é o ponto de apoio por meio do qual descarregam todas as suas angústias e preocupações, a falta de carinho ou de atenção, o abandono, o desamor, a injustiça, os maus-tratos, a raiva, conseqüências de conflitos emocionais com os pais, os familiares ou as pessoas que a rodeiam.

Não há como justificar os meios utilizados para que a criança deixe o dedo, como colocar pimenta, quinino ou outros preparados azedos ou picantes; e engessar, colocar esparadrapo no dedo, bater, castigar, amarrar braços, ofendê-la, chamando-a de boba e feia. Ainda mais quando os pais são fumantes, comedores de canetas ou lápis, roedores de unhas e, em outras palavras, não conseguiram sair completamente da fase oral.

Temos que conhecer os problemas das crianças e tentar ajudá-la a resolvê-los, o que será mais trabalhoso, porém mais resolutivo e gratificante. O que devemos fazer se quisermos que a criança deixe o dedo? Oferecer, sempre que esteja com ele na boca, um brinquedo, um objeto ou qualquer outra coisa que a obrigue a usar as mãos e lhe dê prazer. Sentindo-se satisfeita, alegre, alvo de nossa atenção e carinho, a criança tende a esquecer o hábito.

Como diria o saudoso médico do Rio de Janeiro, Prof. Silva Mello, a respeito da atuação dos pais na repressão ao uso do dedo ou da chupeta: “A interferência direta dos pais é quase sempre prejudicial, sobretudo porque eles também necessitam de conselhos psicológicos”. E eu acrescentaria: ainda mais se tiverem tido dificuldades em superar a fase oral e continuarem necessitando de algum estímulo para superar suas angústias, tensões ou mesmo para se sentirem felizes, como um cigarrinho. Por último, dedo não constitui um problema. A criança acima de quatro anos que ainda recorre a ele é que deve ser ajudada.

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