10.01.2014

Hábitos saudáveis podem cortar risco de diabetes gestacional pela metade

Boa alimentação e prática de exercícios físicos são alguns dos fatores capazes de evitar mais de 50% dos casos da doença

Gravidez: diabetes gestacional afeta entre 1% e 3% das mulheres
Gravidez: diabetes gestacional afeta entre 1% e 3% das mulheres (Thinkstock/VEJA)
Quase metade dos casos de diabetes gestacional pode ser evitada com a adoção de um estilo de vida saudável antes e durante a gravidez, incluindo uma boa alimentação, prática de exercícios físicos e, no caso das fumantes, o fim do tabagismo. É o que aponta uma pesquisa feita nos Estados Unidos e divulgada nesta terça-feira no site do periódico BMJ.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Adherence to healthy lifestyle and risk of gestational diabetes mellitus: prospective cohort study​

Onde foi divulgada: BMJ.com

Quem fez: Cuilin Zhang, Deirdre Tobias, Jorge E Chavarro, Wei Bao postdoctoral, Dong Wang, Sylvia Ley e Frank Hu

Instituição: Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e Faculdade de Saúde Pública de Harvard

Recomendação: Manter quatro hábitos saudáveis antes de engravidar — manter peso sob controle e boa alimentação, exercitar-se com frequência e não fumar — pode reduzir pela metade o risco de diabetes gestacional.
O diabetes gestacional acomete entre 1% e 3% das grávidas e é mais comum em mulheres obesas. A maioria das gestantes com a doença desenvolve o problema por não conseguir produzir insulina suficiente para regular sua taxa de glicose. Entre as possíveis complicações decorrentes estão problemas respiratórios no bebê e hipertensão na mãe. Após o parto, os sintomas costumam desaparecer, mas muitas mulheres que tiveram a doença acabam desenvolvendo diabetes tipo 2 nos anos seguintes.
As conclusões do novo estudo se basearam nos dados de cerca de 14 000 mulheres que fizeram parte de um levantamento nacional nos Estados Unidos entre 1989 e 2001.
Os pesquisadores utilizaram uma fórmula matemática para calcular a proporção de casos de diabetes gestacional que não teriam ocorrido caso as mulheres tivessem uma gravidez de baixo risco – ou seja, caso não fumassem, seguissem uma alimentação correta, se exercitassem e mantivessem um peso saudável.
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Segundo a pesquisa, o fator de risco mais fortemente associado à doença foi obesidade ou sobrepeso antes da gravidez. Mulheres que tinham um índice de massa corporal (IMC) maior do que 33 antes de engravidar, por exemplo, apresentaram um risco quatro vezes maior de desenvolver diabetes gestacional do que mulheres com IMC normal, isto é, de até 25. Considera-se como obesidade um IMC acima de 30.
Vida saudável — Os autores concluíram que seguir os quatro fatores ligados a uma gravidez saudável pode evitar 48% dos casos de diabetes gestacional. Segundo eles, mudar o estilo de vida antes de engravidar pode influenciar positivamente o andamento da gestação e no desenvolvimento do bebê. "A próxima questão que precisa ser respondida é se nós, médicos, devemos recomendar a adoção de um estilo de vida saudável a todas as mulheres que pretendem engravidar ou apenas àquelas com um alto risco de desenvolver diabetes gestacional", escreveu Sara Meltzer, professora da Universidade McGill, no Canadá, em um editorial que acompanhou o estudo.

Fatores importantes para uma gravidez saudável

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Medicamentos

"Qualquer remédio, mesmo aqueles que parecem inofensivos, como anti-inflamatórios, devem passar pela análise do obstetra", diz Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein. Confira os medicamentos que merecem mais atenção:
Antidepressivos: O uso desse tipo de medicamento durante e, principalmente, na reta final da gravidez duplica as chances de gerar filhos com problemas de hipertensão pulmonar persistente, uma doença rara que eleva a pressão no pulmão e provoca dificuldades na respiração, cansaço e tosse. Essa foi a constatação de um estudo desenvolvido pelo Centro de Farmacoepidemiologia do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia. 
Anti-inflamatórios: Uma pesquisa publicada no periódico "Canadian Medical Association Journal" relacionou o uso de anti-inflamatórios como naproxeno e ibuprofeno no início da gravidez a 2,4 maiores riscos de aborto espontâneo. O perigo não foi associado ao uso da aspirina. A explicação seria a de que esses anti-inflamatórios afetam a produção de prostaglandina, um ácido graxo que tem sua produção declinada no útero no início da gravidez. Assim, eles alterariam os níveis normais do ácido nessa fase. O maior problema é utilizá-los durante o terceiro trimestre de gestação, quando termina a formação do feto. "Os anti-inflamatórios podem ter um impacto negativo no fechamento de canais do sistema cardiorrespiratório fetal. Isto é, eles podem causar problemas cardiológicos no bebê ", diz d'Auria.

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