Medicina estética e hábitos de vida mais saudáveis permitem que mulheres adiem a chegada dos sinais da velhice
"A gente percebe que na cultura atual o binômio que define beleza é juventude e magreza”, afirma pesquisadora
Em paz com a idade
Essa idolatria da juventude traz problemas quando os recursos e tempo investidos para esse fim são superdimensionados. “De um lado, a infância está erotizada. Meninas desde cedo ingressam no ritual de beleza, que estavam no âmbito da brincadeira e viraram parte do consumo. Por outro, no quesito vestuário, os manequins diminuem acintosamente e a moda se torna muito jovem, decotada, curta, feita para lolitas”, diz a pesquisadora.
De quebra, com a possibilidade de controlar o momento da maternidade, a imagem da mulher se dissocia da de mãe. “Isso altera a relação com o envelhecimento. Ser mãe não justifica mais a aceitação do envelhecimento, já que as marcas podem ser apagadas”, afirma. Joana cita o exemplo da gravidez das celebridades, que voltam a exibir um corpo malhado e em forma pouquíssimo tempo após o parto.
O desafio é estabelecer uma relação em paz com o envelhecimento, que permita desfrutar melhor cada década sem autotortura desde cedo. “A sociedade é muito mais condescendente com a feiúra e o desleixo masculino”, afirma Joana. “A mulher desleixada é vista como alguém que tem um problema de caráter, considerada menos mulher. Homem é avaliado sob outras insígnias, como poder e sucesso profissional.” A pesquisadora comemora o fato de que, por outro lado, a mulher não passa mais por uma morte simbólica para a sociedade ao ser mãe, como se já tivesse cumprido sua função. “Tem coisas positivas no culto ao corpo, como essa grande autoestima. Cada momento histórico tem seu paradigma social: o nosso é esse.”
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