Para cada homem com depressão no mundo, há duas mulheres, segundo estatísticas da ONU (Organização das Nações Unidas)
Verônica Mambrini, iG São Paulo
“Há dois principais tipos de depressão: a endógena,
causada por fatores internos, como falta de lítio ou disfunções
hormonais, e exógena, por fatores externos, como desemprego”, afirma
Maria das Mercês Cabral, pesquisadora da Universidade Federal de
Pernambuco. “Essa doença aumentou entre mulheres porque boa parte são
depressões provocadas pela vivência emocional dela e pelo ambiente. A
mulher leva uma vida muito dura, é muito maltratada como categoria
humana. Logo, sente mais infelicidade”, afirma.
Getty Images
Depressão é mais comum em mulheres do que em homens
Segundo a ONU, as estatísticas apontam para perfis diferentes de causas
para doenças psiquiátricas em homens e mulheres. O sofrimento psíquico
feminino é causado sobretudo por questões circunstanciais da vida das
mulheres, como dependência econômica, exaustão, medo, sobrecarga de
trabalho e violência doméstica e civil.
Autoestima feminina
“Mas o que mais pesa é o valor social do homem, que a mulher não tem.
Ela ainda é desvalorizada”, afirma. “Especialmente para as criadas com
uma dependência afetiva de um companheiro, a violência doméstica é um
grande fator de depressão da mulher. A violência psicológica é uma
desvalorização construída socialmente”, diz. Não precisa ir longe:
brincadeiras como “lugar de mulher é na cozinha” interferem na
autoestima feminina. Embora mulheres sejam mais abertas para falar de seus
sintomas e isso facilite diagnósticos, faltam treinamento e preparo aos
profissionais de saúde da mulher. “Ser bem tratada no parto, por
exemplo, faz toda a diferença”, afirma a pesquisadora. “É comum uma
depressão pós-parto ser ‘diagnosticada’ como uma má mãe, que não gosta
do seu filho”, diz. O esforço contra a depressão deve ser contínuo.
“Toda política pública que atenda a saúde da mulher de forma integral de
alguma forma ataca a depressão também.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário