10.05.2015

Atitudes que vão além dos ganhos ambientais

Reciclar produtos e reduzir conta de energia podem trazer ainda outros benefícios em tempos de crise

O DIA
Rio - Atitudes conscientes no dia a dia podem trazer não apenas ganhos ambientais, como também benefícios econômicos. Muitas empresas já estão incentivando consumidores a combater o desperdício e reaproveitar materiais recicláveis, em troca de ‘mimos’ que podem variar de produtos de limpeza a eletrodomésticos, ou mesmo abatimentos na conta de luz. Uma boa notícia em tempos de crise que pode dar um “empurrãozinho” a mais ao meio ambiente. De acordo com Edson Freitas, da Abrepet (Associação Brasileira das Empresas Recicladoras de Pet), o país gasta cerca de R$ 60 bilhões com matéria-prima que poderia ser reutilizada. “Apenas 52% das embalagens PET são recicladas, um desperdício de R$ 1,5 bilhão”, exemplifica. 

Ação premiada: caixas de remédios e garrafas viram brinquedos para crianças internadas no Hospital da Posse
Foto: Divulgação

No projeto Ecoampla, a concessionária de energia elétrica que abastece 61 municípios do estado já arrecadou mais de cinco mil toneladas de resíduos recicláveis e concedeu mais de R$ 920 mil em bônus para os clientes. De janeiro a agosto de 2015, foram 549 toneladas de material arrecadado. A dona de casa Maria Antônia dos Santos, que mora em São Gonçalo, já reduziu em quase metade o gasto com luz. “Vale a pena. Você reduz sua conta e ainda ajudo o meio ambiente”, diz. O projeto Luz Solidária, da Ampla, estimula o uso de eletrodomésticos eficientes. Os clientes adimplentes que adquirirem equipamentos novos, como geladeira, freezer e ar-condicionado, entregam o equipamento antigo ineficiente, que será 100% reciclado, e podem receber até 50% de desconto.
Nas cidades de Jundiaí, Curitiba e Porto Alegre, por exemplo, o material reciclável pode ser trocado por livros ou alimentos hortifrutigranjeiros. O óleo de cozinha também pode ser reciclado. A auxiliar de enfermagem, de 39 anos,há quase um ano participa da campanha de recolhimento de óleo da Prefeitura de Queimados, na Baixada Fluminense,e agora ganhou um motivo a mais. Em parceria com a empresa Grande Rio Reciclagem Ambiental, a prefeitura está trocando o material por itens de limpeza. 
“Fico muito feliz em ajudar a preservar o meio ambiente, e ainda ganhei um brinde”, conta, se referindo ao desinfetante. Com dois litros de óleo usado, o morador ganha um detergente ou um sabão; com dez litros, um sabão pastoso e dois sabões com amaciantes e com 50 litros, um kit de limpeza.
As boas práticas ambientais podem estar em qualquer lugar. No Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, o projeto ReciclaArte reaproveita garrafas e papelão para produção de brinquedos para as crianças internadas. A iniciativa já rendeu prêmios, o mais recente este ano, concedido pela ONG mundial Hospitais Verdes e Saudáveis.

Setor reclama de alta tributação
Helcio Maia, presidente da Associação de Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil do Rio de Janeiro (Assaerj), revela que o entulho também pode ser reciclado. “O custo é praticamente o mesmo de beneficiar a matéria-prima após ser extraída do meio ambiente no processo natural”, afirma.Maia reclama da alta tributação do setor que, segundo ele, é ‘injusta e desanimadora’.
“No preço de um produto já estão embutidos todos os impostos. Quando esse produto é reciclado, são pagos os mesmos impostos mais uma vez, como se o produto fosse vendido ainda virgem”. Segundo ele, para se vender um produto de ‘agregado natural’, ou seja, aquele que teve sua matéria-prima extraída da rocha, por exemplo, paga-se 6% de ICMS. “Já para se vender um produto reciclado, cobra-se 19% de ICMS”, explica.
Edson Freitas, presidente da Abrepet, cobra do prefeito Eduardo Paes que a mesma isenção de IPTU dada à indústria audiovisual no Rio seja estendida ao setor da reciclagem. Segundo ele, a minuta de um decreto que prevê benefícios ao setor, elaborada em maio de 2012, aguarda até hoje aprovação. “Este é o setor que mais promove sustentabilidade com inclusão social, preservação do meio ambiente e geração de renda para milhares de pessoas em nossa cidade”, disse, em carta enviada ao prefeito.

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