1.08.2017

Folha abraça discurso reacionário do ultraliberalismo


Quem diria: a retirada de direitos dos trabalhadores virou uma oportunidade para nosso aprimoramento moral. Vamos aprender a "poupar para a velhice".
Na contramão da ideia de bem-estar social, estamos desresponsabilizando o Estado e a sociedade em relação aos idosos. Uma velhice digna será o prêmio para aquele que foi o jovem "prudente", que economizou se abstendo de consumir. É o discurso moral reacionário do ultraliberalismo. O discurso da "responsabilidade individual", em que cada um "colhe o que plantou", sem que se olhe para as circunstâncias, e qualquer solidariedade é banida, porque atrapalha essa pedagogia.
A estupidez e a crueldade dessa posição - que ajuda a explicar porque os Estados Unidos, por exemplo, são uma sociedade tão violenta e tolerante à miséria - são patentes. Aplicada ao Brasil, é um escárnio. A conta do nosso "aprimoramento moral" será, uma vez mais, paga pelos mais vulneráveis. As mulheres que perdem a compensação pela jornada efetivamente maior, os trabalhadores rurais que voltam a ficar sem qualquer proteção.
Enquanto isso, as formiguinhas cautelosas, que aprenderam que não podem ser cigarras (como se o trabalhador brasileiro pudesse ser a cigarra da fábula), devem cortar até no essencial para dar às operadoras de previdência privada. Que retribuirão com um benefício irrisório, isso quando não sumirem com o dinheiro dos "segurados", como no Chile.
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