Enio Verri*
A conjuntura política revela um Brasil envolto não apenas numa, mas num conjunto de farsas com as quais a elite imprime o cumprimento da agenda ultraliberal do Estado Mínimo, para bem poucos. E não há farsa sem personagens, cuja história se incumbirá de dar-lhes os devidos lugares. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores são as figuras icônicas de uma farsa que já se desnudou há muitas operações da Polícia Federal. Desde uma condução coercitiva ilegal e à escuta e divulgação de uma conversa da presidenta legítima, Dilma Rousseff. Contra o PT, a matéria da Folha de São Paulo, de domingo, revela um esquema de Fake News impulsionadas por robôs, a serviço de fraudar as eleições de 2018.
Por meio de uma insidiosa campanha de inoculação de ódio contra, a elite conseguiu com que a população odiasse o partido que mais fez pelo País. O que mais fez pela maioria da população, bem como para defender os interesses do Brasil, diante do mundo. O representante deste partido, à época, era, Lula. Sua prisão é um dos motivos pelos quais o Brasil está sendo alvo de chacota e/ou de sérias observações por parte de governos, instituições acadêmicas, econômicas e políticas e por personalidades reconhecidas internacionalmente. Para o mundo, Lula é vítima de uma perseguição política, mas, no Brasil, ele é representado, pela imprensa, como um corrupto que quebrou o País.
Quando o PT assumiu a Presidência, a reserva internacional do Brasil era de R$ 37 bilhões e o PIB de R$ 1,5 trilhão. Em 2015, quando Dilma nos representava, a reserva era de R$ 380 bilhões e o PIB de R$ 5,5 trilhões. Entre 2003 e 2014, o PT criou cerca de 20 milhões de empregos com carteira assinada, com as mesmas mais de 100 leis que Temer destruiu, com a reforma trabalhista. Em 2015, a Petrobras recebeu um grande prêmio internacional por desenvolvimento de tecnologia. Em 2003, ela valia R$ 50 bilhões. Já em 2015, valia R$ 214 bilhões. Temer e Bolsonaro atuam para que empresas estatais de outros países comprem a Petrobras. Querem, com certeza que as estatais estrangeiras tenham prejuízo com uma empresa quebrada.
É disso do que estamos falando, da soberania do Brasil e dos brasileiros. PT e Lula são as figuras com as quais a elite mantém a atenção ao ódio, inoculado diariamente por veículos de imprensa a serviço do patrão, o mercado financeiro. Enquanto a população é instada ao linchamento moral da política, mas, principalmente do PT, o Brasil é servilmente entregue aos interesses dos EUA. Até o momento, Temer já entregou mais de 30 bilhões de barris do pre-sal, para outros países. Todas as pessoas sérias do Judiciário e do Ministério Público sabem que as acusações contra Lula não se sustentam. Porém, se não o prendessem, ele estaria eleito no primeiro turno, como apontavam pesquisas de abril, quando o povo pobre já sentia as consequências do golpe de 2016.
A história é justa e já reservou a Lula e ao PT, bem como a todas as forças progressistas que se alinharam, nesses 13 anos, um lugar entre os que não se admitem subalternos e nem imperialistas de outras nações. O respeito e o destaque que o Brasil alcançou nos governos do PT se devem à política altiva e respeitosa que ele teve consigo e com o mundo. Quando Obama chamou o Brasil de global player, apenas constatava um fato. O que importa é como esse jogador se posta diante do mundo. Uma nação soberana e voltada para o seu desenvolvimento e para a solidariedade internacional, ou uma lacaia do mercado financeiro que governa este País, desde o último golpe.
Tão ou mais importante que combater a perseguição a Lula e ao PT, é enfrentar a liquidação do País, em uma espécie de Black Friday. Junto com a democracia, suprimida em 2016, vão-se todas as ferramentas necessárias para promover o desenvolvimento do País. Lula e o PT tornam-se menores perto do que está acontecendo. O novo governo criou a Secretaria da Privatização e colocou na sua Presidência, um ultraliberal, o dono da Localiza, uma empresa de locação de automóvel. Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, CEF, Correios e dezenas de empresas, construídas com o suor e o sangue dos brasileiros, serão entregues ao mercado privado, cujo único compromisso é com o lucro.
É preciso reagir, em casa, na vizinhança, no trabalho, na escola, no bar, no restaurante, na rua, enfim, contra esse estado de coisas que impõe uma lógica de mercado de país desenvolvido a um país recém-saído de uma escravidão sem reforma agrária, e considerado um dos campeões mundiais de desigualdade. É fundamental restituir o Estado Ampliado para se fazer a necessária e atrasada justiça social. Essas ferramentas são patrimônio da nação e não podem ser desfeitas pela transitoriedade de um governo. Enquanto o PT e o Lula protegeram o patrimônio brasileiro, Temer e Bolsonaro o entregam para outras nações.
Somente a informação é capaz de curar a cegueira que o ódio causou na população. Essa não é uma tarefa simples. A hegemonia da grande imprensa é quase o quanto é a baixa cognição geral brasileira competente para receber e assimilar criticamente as informações transbordadas de veículos de comunicação, cujos maiores anunciantes são os agentes financeiros. Será um trabalho árduo, mas não impossível para a militância de um partido que tem 13 de anos de serviços prestados ao País. Já temos os argumentos, que são os melhores índices sociais, políticos e econômicos da história deste País, produzidos durante os nossos governos. Fazer compreender a narrativa se dará no dia a dia, nas ruas, conversando com quem mais está perdendo, os pobres.
*Enio Verri é economista e professor licenciado da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do estado do Paraná.
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