Condenado a 41 anos de prisão na Lava Jato, o ex-ministro concedeu uma longa entrevista à BBC Brasil
© Lula Marques
José Dirceu deu uma longa entrevista à BBC Brasil,
publicada nesta quarta-feira (12). Condenado a 41 anos
de prisão no âmbito da Lava Jato, mas em liberdade
desde junho, quando a Segunda Turma do STF o
concedeu um habeas corpus, o ex-ministro da Casa
Civil no governo Lula (2003-2005) falou sobre diversos
temas, como por exemplo a rejeição ao PT e a
eleição de Jair Bolsonaro. Haddad para um candidato
com um alto índice de rejeição “não quer dizer nada”.
Além disso, Dirceu afirmou que Bolsonaro, os filhos
dele e o ex-juiz federal Sergio Moro “não têm autoridade”
para fazer sobre corrupção.
“Os dois tinham índice de rejeição parecido.
Ele perdeu por outras razões, não só por causa da
questão da corrupção. Aliás, em matéria de corrupção,
temos que esperar para ver o que vai acontecer com
o Bolsonaro e os filhos dele. Eles não têm mais
nenhuma autoridade para falar sobre isso.
Nem o (ex-juiz e futuro ministro da Justiça Sérgio)
Moro tem, da maneira que cobraram dos outros.
Não que sejam culpados, precisa investigar.
Mas o comportamento já revela algo quase inacreditável.
A vitória dele se explica também pela questão da
segurança, da violência, a questão religiosa,
das igrejas evangélicas, do kit gay, a questão do
antissistema”, disse o ex-ministro, que não parou por aí.
“Bolsonaro não é qualquer presidente. Ele é um presidente
de um governo militar. O que tem de novo no Brasil
é que a coalizão PSDB-DEM/PFL, que representava
os interesses das elites do país, foi afastada.
A coalizão que governará o Brasil é nitidamente
do capital financeiro-bancário, que o (futuro ministro
da economia, Paulo) Guedes representa, o setor militar,
o partido do Bolsonaro e a Lava Jato. Mas, como a cadeira
é quente, ele nem sentou ainda e já está esquentando
a cadeira, e começa a atenuar as posições”, afirmou.
José Dirceu aguarda em liberdade o julgamento de
seus recursos à condenação decretada pelo então
juiz Sérgio Moro e confirmada pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região no processo em que é acusado
de mediar contratos fraudulentos entre a Petrobras
e a empreiteira Engevix. Ele contesta todas as acusações
e diz ter sido condenado injustamente.
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