A semana passada foi marcada pela volta do protagonismo das ruas, com manifestações contra e a favor do governo Bolsonaro, e as tentativas de articulação de um pacto dos poderes para aplicar a agenda antipopular e de destruição do país.
O cenário político permanece atravessado por uma quadro de polarização, desmonte social e institucional. A economia derrete e a pobreza avança novamente no país.
No andar de cima, cresce a desconfiança na capacidade de Bolsonaro conduzir a agenda de reformas neoliberais e de mudanças constitucionais, uma transição de uma democracia limitada, oriunda da Carta de 1988, para um estado com tutela militar e do aparato policial lavajatista.
A disputa entre as classes dominantes tradicionais e a força política de extrema-direita, representada por Bolsonaro, tende a continuar e expressa divergências táticas e de luta por espaços na condução da agenda e dos negócios do Estado. Porém, estão unificados na necessidade de execução do programa de contrarreformas em curso.
A extrema-direita bolsonarista tem um projeto claro e definido: abrir espaço para mudar o regime político e liquidar a esquerda política e social. Daí a necessidade do bolsonarismo tensionar e provocar a disputa também no terreno ideológico.
Por sua vez, as forças políticas tradicionais da burguesia operam no sentido de aplicar o programa sem maiores traumas e reduzindo a intensidade dos confrontos. Esse é o esforço de representantes políticos como Rodrigo Maia (DEM-RJ) e da mídia corporativa (Globo, Folha, etc), que criticam os excessos e os maus modos de Bolsonaro.
O esforço político para a construção de um pacto das elites, encenado no café da manhã do Palácio da Alvorada, na terça-feira da semana passada, entre Bolsonaro, Maia, Alcolumbre e Dias Toffoli busca aparar as arestas e conter o “radicalismo” do presidente. Trata-se de um pacto para garantir as reformas do governo Bolsonaro – com prioridade para a reforma da Previdência – as medidas de austeridade fiscal com o desmonte de direitos sociais, o projeto policial de Sérgio Moro e a perseguição ideológica aos educadores, artistas e jornalistas.
É um pacto dos poderes com o aval do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos generais. Um pacto dos “podres poderes” contra o povo. As entrevistas de Rodrigo Maia nesta segunda-feira (3) aos jornais Folha de São Paulo e o Globo apontam nessa direção.
O protagonismo das ruas, com uma ligeira vantagem do campo popular e democrático nas últimas manifestações, é animador e abre a perspectiva de uma resistência ativa e de massas contra o pacto dos podres poderes e as contrarreformas. Para o PT e o conjunto da esquerda, somente a generalização dos protestos políticos e sociais será capaz de aprofundar as rachaduras no casco do governo da extrema-direita e afundar o seu nefasto projeto.
Uma grande paralisação nacional no dia 14 de junho, principalmente da classe trabalhadora, pode significar um reforço essencial na batalha das ruas por um novo rumo ao país.
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