5.28.2009

O PERFIL DA LONGEVIDADE

Estudo americano identifica traços de personalidade que podem ampliar a quantidade de anos de vida. Conhecer os segredos do envelhecimento saudável e aplicá- los para levar a próxima geração a ultrapassar os 100 anos de vida - e com boa disposição - é uma das prioridades da medicina.
Nos Estados Unidos, por exemplo, onde há cerca de 100 mil centenários, os institutos de saúde governamentais têm financiado centenas de pesquisas com essa finalidade. Um dos estudos mais recentes investigou as características de 246 de s c endent e s de pessoas centenárias. Os participantes tinham idade de até 75 anos. Resultados parciais do trabalho, intitulado New England Centenarian Study, revelaram uma dimensão inédita da questão: os especialistas descobriram traços de personalidade similares na maioria dos descendentes de centenários.
Ainda que sejam naturalmente favorecidos pela herança genética que os predispõe a viver mais, a exemplo de seus antepassados, os membros desse grupo teriam também características de temperamento que favoreceriam a vida mais longa. O traço compartilhado com mais frequência entre a prole dos centenários americanos é o temperamento menos ansioso, tenso e preocupado em comparação a outros da mesma geração. Ou seja, são aquelas pessoas que enfrentam as contrariedades da vida de um jeito mais tranquilo. "Ser pouco neurastênico e bastante extrovertido parece influenciar a longevidade", disse Thomas Perls, da Universidade de Boston.
Por neurastênico entenda-se o indivíduo que alimenta uma disposição irritadiça, que se enraivece com facilidade. As conclusões do trabalho foram tiradas a partir das respostas dadas pelos voluntários do estudo a um complexo teste de personalidade. De acordo com a pesquisa, as mulheres com perspectiva de vida mais longa tiveram uma pontuação ainda mais acentuada do que os homens no que se refere à capacidade de serem agradáveis e de se sociabilizar. Essa é uma regra que faz parte da vida de Amabilis Pereira, 66 anos, médica, de São Paulo, especialista no atendimento a queimados. Ativa, ela faz ginástica, pratica corrida e atende pacientes todos os dias. "A vida é para ser vivida com alegria, trabalho e saúde. Tenho muitos amigos e grande energia", diz. Seus avós passaram dos 90 anos. Mesmo intuitivamente, Amabilis se enquadra no padrão que favorece a longevidade, segundo o pesquisador Perls. "Ser mais afável e ter uma boa rede social faz diferença no tempo de vida." Os cientistas também se surpreenderam com as condições de saúde de alguns dos voluntários, que apresentaram menores índices de diabetes, infarto e pressão alta em relação a outras pessoas nascidas no mesmo período. Outra curiosidade apontada pelos cientistas é que abraçar novas ideias e ser atualizado não se apresentou como uma condição relevante entre os que vivem mais. Este estudo se destaca por vários motivos. Pela primeira vez, a medicina conseguiu monitorar os descendentes dos centenários e daí extrair novos fatores implicados na longevidade. "Ele indica o peso da personalidade no aumento ou redução dos anos de vida. Mostra, por exemplo, que ao lado de uma dieta saudável pode ser uma boa providência ampliar a rede de amigos para ter mais saúde e longevidade", diz o geriatra e clínico geral Fábio Nasri, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A lição é clara: a chave para envelhecer com saúde e quem sabe chegar aos 100 anos é levar a vida menos a sério, ser mais agradável e gentil. Não é tentador? - Mônica Tarantino -
Fonte: ISTO É - Portal Médico

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