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11.30.2009
Mal de Parkinson
Implante de eletrodo no cérebro reduz os sintomas e dá qualidade de vida ao paciente
Com a ajuda de dois aparelhos, implantados no cérebro e no peito, pacientes que sofrem do Mal de Parkinson retomam a habilidade motora e a qualidade de vida.
Método revolucionário no Brasil, a Cirurgia de Estímulo Cerebral Profundo ameniza sintomas como tremores, rigidez nos membros e lentidão. Há 16 anos com a doença, o ator Paulo José, 72, foi submetido ao procedimento, como O DIA mostrou ontem.
Médico responsável pela operação do ator, o chefe de neurocirurgia da Clínica São Vicente, Paulo Niemeyer, explica que o procedimento é recomendado para casos avançados, “quando remédios não apresentam mais resultado satisfatório”.
Com o paciente acordado, um eletrodo, com fio de 15 cm, é introduzido no cérebro por um orifício no crânio, e acoplado ao local da lesão. Depois, sob anestesia geral, médicos fazem um corte superficial na pele para implantar bateria próximo ao peito.
“O eletrodo do cérebro fica conectado a bateria semelhante a marcapasso cardíaco. O paciente fica acordado para relatar os efeitos do eletrodo sobre os movimentos prejudicados”, explica o especialista.
REDE PÚBLICA SEM MATERIAL
Na rede privada, o procedimento é de altíssimo custo. Somente os aparelhos são avaliados em R$ 100 mil. O Hospital do Fundão é a única unidade pública do Rio credenciada pelo Ministério da Saúde para realizar a cirurgia. Apesar disso, porém, nunca recebeu o aparelho estimulador (eletrodo e bateria) para fazer de fato as operações, segundo o chefe da neurologia da unidade, Jorge Marcondes. Até hoje, o Fundão só fez três procedimentos, em que os pacientes entraram na Justiça para que o ministério enviasse o material. Marcondes afirma que a obtenção do equipamento é uma das lutas do hospital. O Ministério da Saúde não comentou o caso.
Parkinson é uma doença causada pela falta de dopamina, substância produzida pelos neurônios, que atua nos movimentos. A causa ainda é desconhecida, mas pode ser genética ou por intoxicação. Em geral a doença afeta pessoas com mais de 60 anos.
Fonte:O Dia
Técnica é ainda principal procedimento para inibir efeitos como tremores, rigidez muscular, cansaço e fraqueza
A técnica consiste na localização de ponto do cérebro onde será posicionado um eletrodoUma cirurgia pode melhorar a qualidade de vida daqueles que sofrem mal de Parkinson. A doença, que afeta 0,16% da população em geral e 1% daqueles com idade superior a 65 anos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), geralmente surge a partir dos 50 anos e revela-se atualmente um dos grandes desafios da Medicina, fato que tem ampliado a rede de pesquisas científicas e debates nos principais centros de conhecimento do mundo.
Apesar da existência de tratamento clínico, que inclui prescrição de remédios, é possível realizar intervenção cirúrgica para amenizar o desconforto do doente. O neurocirurgião Osvaldo Vilela Filho, membro do corpo diretor da Sociedade Mundial de Neurocirurgia Funcional e Estereotáxica, afirma que a cirurgia é uma alternativa que pode dar certo, mas ressalta que ela não oferece a solução final para combater esta doença degenerativa do sistema nervoso central. “A cirurgia apenas ameniza o sofrimento do paciente, pois a doença ainda não tem cura”, esclarece o médico e doutor em Neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina. Osvaldo Vilela informa que o ideal seria fazer com que o cérebro voltasse a produzir substâncias essenciais para o controle dos movimentos e ações humanas. Recentes pesquisas com células-tronco embrionárias testam a hipótese de que é possível substituir os neurônios afetados pela doença.
Enquanto este procedimento não é confirmado pelos cientistas como método realmente eficaz, resta aos médicos procurarem outras soluções para diminuir o sofrimento de pessoas afetadas pela doença. A falta do neurotransmissor dopamina produz diversos sintomas no corpo humano que caracterizam o mal de Parkinson. A imagem que mais marca a doença é o tremor, mas o mal provoca também cansaço, fraqueza, rigidez muscular, dificuldade para se movimentar e falar – além de um desconcertante desequilíbrio.
Apesar do diagnóstico preciso de seus sintomas, ainda não se chegou a um motivo para explicar o que provoca a falta deste modulador químico.
A técnica cirúrgica adotada por Osvaldo consiste na localização de um ponto exato do cérebro. Em seguida, o médico posiciona um eletrodo que inibe estruturas cerebrais tornadas hiperativas em decorrência da deficiência de dopamina. Como é a hiperatividade dessas estruturas a responsável pelos sintomas da doença, o eletrodo nelas implantado, ativado por uma espécie de marca-passo (marca-passo cerebral), as inibe, revertendo os sintomas do mal de Parkinson.
Os eletrodos implantados no cérebro não substituem a função da dopamina, mas podem diminuir sensivelmente os efeitos negativos de sua ausência. A estimulação elétrica da área afetada pela doença e a consequente inibição dos sintomas são alternativas para o paciente, que pode optar por permanecer apenas com a prescrição de remédios.
A grande vantagem dessa intervenção cirúrgica é que ela é reversível. Para isso, basta que os eletrodos sejam desligados. Além disso, evidências recentes apontam para o fato de que o implante de eletrodo no núcleo subtalâmico, uma das estruturas cerebrais que se encontra hiperativa nesta doença, parece ter efeito neuroprotetor, isto é, reduz sua progressão. O médico faz todo procedimento através de computadores, fator que amplia resultados da cirurgia. O mais interessante é que o procedimento de aplicação do eletrodo é bastante semelhante ao tratamento de depressão e síndrome de Tourette. A diferença de uma técnica para a outra é o local do cérebro onde serão realizados os estímulos elétricos. O médico informa ao DM que cerca de 40 neurocirurgiões realizam este procedimento no Brasil. Osvaldo explica que, após a cirurgia, o paciente continua a usar medicamentos, mas eles podem ser reduzidos em até 50%.
Os resultados são eficazes e melhoram a qualidade de vida da pessoa. Segundo dados estatísticos, o tremor pode ser reduzido em 90%. É possível também diminuir em até 35% os distúrbios de fala, 65% das dificuldades de equilíbrio e 85% do volume de reclamações referentes à rigidez.
Reposição
O tratamento convencional consiste principalmente de prescrição de medicamentos. Não se indica a cirurgia imediatamente ao diagnóstico. O primeiro passo é a reposição da dopamina, ou de substâncias cujos efeitos se assemelham ao da dopamina no organismo através de remédios.
Ocorre que a progressão da doença pode tornar ineficaz o tratamento medicamentoso. Osvaldo explica que, após cinco anos de uso dos comprimidos, cerca de 60% dos pacientes apresentam efeitos colaterais. Nestes casos, a cirurgia pode ser indicada. Ele enfatiza que as chances de rejeição do equipamento ou infecção chegam a 4%. A intervenção é realizada com anestesia local em paciente acordado. O cérebro não dói. Osso, pele e meninge sofrem levemente com a perfuração de 1 cm.
Doença causa limitações e paralisa movimentos
O mal de Parkinson ocasiona limitações e paralisia de movimentos. É uma doença que tende a incidir ainda mais na população na medida em que aumenta a expectativa de vida. Tremor nas mãos, boca e pés, rigidez das juntas (o que dificulta a movimentação) e limitações da fala (tanto na emissão de sons quanto articulação das palavras) são comuns nas pessoas que sofrem do mal. Personalidades como o ator Michael J. Fox (foto), Muhammad Ali e o papa João Paulo II desenvolveram a doença.
Para que o paciente seja cuidado com dignidade, é necessário um tratamento multiprofissional que pode incluir médicos, fisioterapeutas e psicólogos. “É difícil o paciente aceitar a doença”, explica o neurocirurgião Osvaldo Vilela Filho. “Os familiares dos portadores deste mal tendem a superprotegê-lo, imaginando que estão fazendo o melhor por ele. Na verdade, estão equivocados.
De fato, os pacientes devem ser estimulados a realizar suas atividades corriqueiras sozinhos, como amarrar o sapato, tomar banho, abotoar a camisa. As atividades físicas, a fisioterapia, o acompanhamento psicológico e fonoaudiológico (para melhorar a fala e a deglutição) são importantes complementos ao tratamento medicamentoso e devem ser encorajados”, explica o médico.
As promessas de cura por meio das células-tronco embrionárias ainda não chegaram a conclusões otimistas. Recente estudo realizado nos Estados Unidos afirma que a manipulação com as células conseguiu reverter os sintomas do mal de Parkinson em ratos, mas logo em seguida elas originaram severos tumores nos animais.
O estudo publicado pela Escola de Medicina da Universidade Cornell, em Nova York, afirma que as células nervosas produtoras de dopamina para reverter os sintomas de Parkinson foram conseguidas satisfatoriamente, mas não sabem o que gera o câncer – fato que inviabiliza os testes em humanos.
Mais qualidade de vida
A cirurgia pode diminuir sintomas da doença de Parkinson, tornando mais fácil o dia-a-dia das vítimas
Ressonância magnética
As imagens da tomografia e da ressonância são exportadas para uma estação de trabalho onde procede-se à fusão das imagens (tomografia e ressonância) e superpõe-se mapas cerebrais, permitindo identificar e determinar as coordenadas das estruturas onde serão implantados os eletrodos.
Sistema estereotáxico
Coordenadas x, y e z obtidas no computador são transpostas para o sistema estereotáxico, o qual permite, após a realização de uma pequena incisão na pele e orifício no crânio (trepanação), sob anestesia local, implantar o eletrodo precisamente na estrutura desejada.
Pós-operação
Ressonância magnética pós-operatória mostra os eletrodos implantados bilateralmente no cérebro em uma estrutura denominada globo pálido. Na parte inferior do cérebro, pode-se verificar que cada eletrodo tem quatro polos.
Neuroestimulação
Representação do sistema de neuroestimulação, constituído pelo eletrodo implantado no cérebro; marca-passo implantado sob a pele abaixo da clavícula; e extensão, que, passando sob a pele, conecta o eletrodo ao marca-passo. O marca-passo é o responsável pela ativação do eletrodo.
Programador
O programador contém uma antena que é colocada na pele sobre o marca-passo, o qual, por telemetria, permite ligar e/ou desligar o marca-passo e alterar os parâmetros de estimulação (escolha do polo do eletrodo, voltagem, frequência e largura do pulso da onda de estimulação).
Paralisia agitante
A doença de Parkinson ou mal de Parkinson é assim chamada em homenagem ao médico inglês James Parkinson. Ele descreveu, em 1817, os sintomas da doença em sua principal obra. No ensaio, o médico descreve os sintomas como uma “paralisia agitante”.
O que é a doença
O mal de Parkinson se caracteriza por tremores, cansaço, fraqueza, rigidez muscular, dificuldade para se movimentar e falar. A doença afeta 0,16% da população em geral e 1% daqueles com idade superior a 65 anos. Seus efeitos estão relacionados com a diminuição do neurotransmissor dopamina.
Para que serve a dopamina
A dopamina é um dos neurotransmissores produzidos em nosso cérebro. Trata-se de substância química responsável pela transmissão de sinais nervosos.
Tratamento
Em seu estágio inicial, o mal de Parkinson pode ser tratado com medicamentos. A cirurgia é uma alternativa para reduzir os efeitos da doença em estado mais avançado.
Cirurgia
No procedimento, o médico posiciona um eletrodo que inibe estruturas cerebrais tornadas hiperativas em decorrência da deficiência de dopamina. Como a hiperatividade dessas estruturas é responsável pelos sintomas da doença, o eletrodo nelas implantado, ativado por um marca-passo cerebral, as inibe. A cirurgia tem a função de reverter os sintomas do mal de Parkinson, mas não substitui a função da dopamina.
Estatística
Após a cirurgia, o tremor pode ser reduzido em 90%. Também ocorre a diminuição em até 35% dos distúrbios da fala.
Por:Osvaldo Vilela Filho
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