3.07.2010

Relacionamento e felicidade




Como anda seu relacionamento com as pessoas? Se está bem é porque você tem o famoso “jogo de cintura”, sabe aceitar as diferenças, não pretende controlar os outros nem quer que elas façam do seu jeito.

Saber relacionar-se é uma conquista difícil mas necessária se quisermos desfrutar de um ambiente sereno que possibilite boas realizações no dia a dia.

Digo isso porque tenho recebido muitas queixas de pessoas que reclamam de situações que infernizam suas vidas e não sabem o que fazer para resolvê-las.

Geralmente se colocam como vítimas, alegando que fazem tudo para viver em paz sem conseguir. Há casos que se resolvem acabando com o relacionamento. Mas em família ou no trabalho nem sempre é possível e você tem de aprender a lidar.

Toda situação é resultado das suas atitudes e, se em seu caminho surge alguém com quem não se entende, é preciso saber como e por que você atraiu essa situação. Uma das causas mais comuns é o julgamento.

Ao notarmos algum ponto fraco em alguém, imaginamos que ela seja uma pessoa ruim. Esse julgamento apressado cria uma reserva e nos coloca em alerta contra tudo o que ela faz ou diz.

Para conhecermos alguém de fato, é preciso irmos mais fundo na análise de suas atitudes. É bom lembrar que todo ser humano possui qualidades e pontos fracos. Basear nosso relacionamento olhando apenas o que é ruim é partir de uma premissa falsa. No ambiente de trabalho costuma criar antagonismos e impedir que se estabeleça uma relação de cooperação que favoreça o crescimento e o sucesso.

As maiores dificuldades encontram-se no ambiente familiar, onde a convivência é obrigatória. Pais despreparados, que por temer o mal tornam-se controladores, não têm diálogos e não conseguem estabelecer com os filhos a cumplicidade necessária para que eles confiem e se abram nos momentos de dificuldade.

Por outro lado, os filhos que na primeira infância veem os pais como heróis, mais tarde, ao perceberem a limitação deles, reagem, rotulando-os de forma pejorativa. Quando os membros de uma família agem dessa forma, o relacionamento é precário. Todos estão fora da realidade.

O ser humano tem vários lados e mesmo quando se fechou para o melhor e habituou-se a expressar mais seu lado negativo, o lado oposto está lá esperando que alguém tenha a habilidade de fazer com que venha à tona.

Esqueça as mágoas e note as qualidades dos familiares. Traga à tona o que perceber de bom. Elogie. Respeite as diferenças, seja solidário. Tenha boa vontade em auxiliar. Expresse o que sente. Tudo mudará para melhor.

Comunicação nos relacionamentos afetivos
Com certeza a comunicação é o pilar do relacionamento longo e próspero. Inclusive é um assunto senso comum, pois todos sabem que isso é importante.

Mas é difícil gerar essa comunicação. Tem coisas que precisam ser verbalizadas, outras que só precisam ser sentidas e que nos paradigmas aos quais opero é uma forma de comunicação também.

Como é difícil falar: “eu gosto de você”, “eu quero ficar contigo”, “quero não fazer nada do seu lado só para ficar juntinho”. O que será que passa nas nossas cabeças nessas horas para que articular isso seja tão complicado, algo que a priori deveria ser tão simples.

Eu sou treinado para falar para 1 ou 1.000.000 de pessoas. Sinto-me plenamente a vontade de discursar em público e não sinto ansiedade. As vezes um tiquinho de nada que se dissolve assim que pego o microfone.

Contudo, tremo nas bases, me falta a palavra certa, o momento certo e a coragem para falar algo simples e verdadeiro para alguém que realmente importa.

Por que?
Ainda me é nebuloso o real motivo. O caminho fácil é dizer: medo, insegurança, dor de barriga, unha encravada… Por mais que todos esses motivos possam ser verdadeiros eles são só reflexo de algo que eu ainda não entendi.

Reações emocionais são fruto da nossa inabilidade de lidar com aquilo que está acontecendo. Assim como eu ficaria muito ansioso se não tivesse sido treinado para falar em público.

A pergunta que cabe é:

O que eu ainda não sei?
Eu não sei se vai dar certo, eu não sei se vou saber falar o que precisa ser dito, eu não sei se vou conseguir falar da forma que deve ser dita, eu não sei como alguém consegue comer pizza doce… er… enfim…

Como não tenho respostas então a solução é…

Definir o que desejo
Eu quero que de certo, eu quero poder compartilhar a vida, eu quero … (fala a verdade te deixei curioso com a reticência?)

Quando vou falar em público eu sei para quem, qual é o começo o meio e o fim da conversa a tal ponto que para o espectador pareça que foi informal, que foi de improviso. Mas nunca é.

Eu já sei o propósito. O ponto no horizonte. Agora só falta ensaiar o começo e por onde eu irei passar para então chegar.

Aissm cmoo nsoso créerbo csgoneue ler etsa fsrae ebhlamarada, só tdneo no laugr a pierimra e a úlmita ltera, nós tébmam só piarmecsos sbaer o pnoto de pdratia e o fainl, pios o mieo pdoe ser uma bgaçnua didervtia.

Níveis de importância

É quase óbvio que todos nós damos níveis de importância diferente para as coisas. O que se torna obscuro é nossa expectativa de que os outros respondam com o mesmo nível de importância.

O exemplo clássico disso é o casamento. O nível de importância da noiva sempre será diferente em comparação ao noivo. Mais ou menos. Não importa. Sempre será diferente.

É comum vermos noivas estressadas com todos os detalhes e estressadíssimas com o noivo, pois ele não “ajuda” ou mostrar pouco interesse na cor das toalhas da festa, se utilizam rosas ou flores do campo, se será melhor canapés ou brusquetas, etc.

Noivas em fúria seria um bom adjetivo neste cenário. É importante sim para o noivo, contudo em um escopo diferente. Todo enrrosco emocional se dá pela distância no grau de importância que cada nubente dá somado a expectativa que ambos geram em relação ao outro.

Para a noiva, ela espera do noivo um conjunto de atitudes que para ela representam o seu interesse pelo casamento. O noivo por sua vez demonstra seu interesse através de outras ações.

Simbolizando sentimentos

A importância não é uma coisa do plano físico denso. É uma idéia, um conceito traduzido em sentimentos que por sua vez são traduzidos em símbolos no plano mais denso da matéria.

A noiva simboliza o seu interesse através do carinho (emoção) nos detalhes da festa (físico denso). Isso funciona como um protocolo de comunicação no qual há uma mensagem enviada e aguarda-se a resposta.

A noiva enviou a “mensagem” de sua importância e aguarda o retorno na mesma sequência: importancia -> carinho -> detalhes.

A falha na comunicação está no fato do noivo (e qualquer pessoa normal) simboliza esta idéia de “importância” através de outros sentimentos traduzidos em outras ações.

Dia-a-dia

Não fazemos isso só no casamento, fazemos em todos os aspectos da vida. Em cada ação, em cada gesto, em cada ambiente nós simbolizamos idéias, pensamentos em emoções e elas em ações e atitudes.

A cara feia que seu colega de trabalho fez, o café que seu namorado lhe trouxe, o esquecimento de levar o lixo para fora, etc. São todas formas de simbolizar em nossos atos e ações nossos níveis de importância para as coisas.

Eu e minha parceira temos níveis de tolerância diferentes no quesito lixo seco (papeis, embalagens, etc). Eu acho um desperdício de sacolas plásticas jogar fora o lixo que fica ao lado de meu computador enquanto ele não estiver até o topo. Minha linda não compartilha da mesma opinião, para ela é antiestético.

Perceba como ambos simbolizamos conceitos diferentes sobre um simples cesto: estética e desperdício.

O erro de comunicação é ela me considerar um porquinho por eu deixar o cesto ficar até a boca de papeis e eu a considerar uma maníaca de limpeza já que ela fica tirando meu lixo toda hora. O exemplo é bem banal justamente para percebermos como fazemos isso em tudo ao nosso redor.

Invasão de território

Ao tirar o lixo toda hora ela está invadindo meu território. Estará fazendo algo que eu considero “errado” que é o desperdício. Ao deixar o lixo transbordar de papeis eu estou invadindo o território dela no conceito estética. Essa invasão é simbolizada pelo nosso emocional como uma irritação que se transforma em palavras ásperas. E logo teremos dois mamíferos brigando por território dando cabeçadas um no outro.

Uma querida amiga diria: “é bicho e não sabe!”. E eu sou forçado a concordar veementemente.

A expectativa

O cerne do problema é a expectativa. Eu já disse a frase que carência estraga tudo, pois bem, carência nada mais é do que expectativa em demasia depois de processada pelo nosso emocional.

Resolvendo o impasse

A solução deste xadrez é a comunicação verbal. É dizer ao outro o porquê faz ou deixa de fazer tal coisa e o outro respeitar, mas também colocar o seu ponto.

Para saciar o território de ambos, acordamos sobre o cesto ao lado do computador. Todos os lixos secos da casa serão tirados regularmente, o cesto que fica ao lado do meu computador fica lá até eu retirá-lo. Assim respeitamos o território de ambos e vivemos felizes

Uma pergunta inquietante me moveu durante as imensas horas de produção do trabalho sobre relacionamentos afetivos que faço: por que dentro dos relacionamentos monogâmicos existe a necessidade da exclusividade. Foi algo que martelou meu pensamento por semanas.

Em minha época de relacionamentos fechados, não me questionava sobre a natureza de tal necessidade. Afinal, era assim que todos faziam. Era o considerado “certo”. Quando vivenciei as variantes abertas piorou ainda mais, pois o mais notório é justamente o quão insignificante é a exclusividade.

Neste beco eu não tinha a menor idéia de onde olhar para conseguir entender a origem desta carência. Iniciei pela literatura, passei pela filosofia, mas o que realmente trouxe a luz foi uma conversa.

Ao expor esta minha jornada a uma pessoa que mora em meu coração ela me apontou uma direção muito interessante. Não na primeira conversa. Em outra, dias depois.

Existe uma frase que eu utilizo para designar o quanto amo a Sara: “não importa o que aconteça, no final nós sempre voltaremos para casa juntos”.

Aquela querida companheira me disse que detrás desta frase existe um substituto a exclusividade. “Um qualquer-coisa que entra no lugar”, ela disse.

E me parece que acertou em cheio. Conversando com outras pessoas, ficou claro. O que a exclusividade representa nos relacionamentos monogâmicos é o compromisso.

O símbolo para o comprometimento nos relacionamentos convencionais é a exclusividade. Por isso nos sentimos traídos quando descobrimos que nosso amor se engraçou com outrem. A ação de ficar com outra pessoa no nosso inconsciente é associado como um tipo de falta de comprometimento. Contudo o sexo não necessariamente está contido no amor, ou o amor contido no sexo.

Dentro de um relacionamento aberto, pelo empirismo, você aprende que o comprometimento não precisa ser representado pela exclusividade. É possível vivenciar o compromisso sem a necessidade de fechar-se emocionalmente e sexualmente a outras experiências.

Revendo meus relacionamentos abertos, notei que monto níveis diferentes de compromisso com as pessoas que me relaciono afetivamente. Não no sentido de maior ou menor importância, mas sim em áreas diferentes.

Com a Sara eu tenho um compromisso emocional, material e de futuro. Com outra pessoa eu tenho um compromisso emocional e com o bem estar dela, etc.

Já ouvi reclamações de algumas pessoas que estavam cansadas de quem não queria nada com nada. Isso denota a falta de compromisso ou cumplicidade.

A necessidade por compromisso é natural e está presente nos relacionamentos abertos ou fechados. Eu preciso sentir que a outra pessoa está comprometida comigo. Não exclusiva, mas cúmplice de minhas emoções, pensamentos, alegrias, tristezas, etc.

Isso nos remete novamente a questão do medo de perder e da posse como forma ilusória de prolongar a existência do relacionamento.

A exclusividade é uma forma de posse e em outras palavras é a tentativa de deixar mais duradouro o compromisso.

Metáfora

Imaginemos um passarinho em nossa mão. Se apertarmos com muita força para que ele não fuja irá sufocá-lo e certamente levar o pequeno animal a morte.

Se deixarmos a mão folgada, ele vai conseguir respirar. Mas será prisioneiro e terá que ser alimentado, fará cocô na sua mão, perderá a força e talvez nunca mais voe.

Alguém pode argumentar que se abrirmos a mão o passarinho voará e nunca mais volte. Contudo a idéia é justamente essa. Ele volta justamente porque quer e não porque não poder voar, exatamente como na arte da falcoaria.

Fonte:Método DeRose – Swásthya Yôga

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