4.16.2010

‘Método Canguru’ substitui a incubadora


Calor materno que salva vidas
No ‘Método Canguru’ de recuperação de prematuros, bebê fica 24 horas junto ao seio da mãe, e não em incubadora

Rio - Quando o prematuro nasce, o que a mãe mais quer é expressar o seu amor estando junto dele. Por muitos anos isso não foi possível. O pequeno recém-nascido era levado diretamente para uma UTI neonatal, onde se recuperava em uma incubadora isolado da família e manipulado por mãos experientes, mas desconhecidas.

entretanto, esse destino de exílio familiar e solidão está mudando. O Ministério da Saúde orienta que maternidades adotem o ‘Método Canguru’: livre acesso da mãe na UTI pelo tempo que ela quiser e contato pele a pele com o bebê 24 horas por dia, se ele pesar mais de 1,25 kg.

“Quando o prematuro nasce, estimulamos o livre acesso dos pais na UTI. Eles podem passar a noite, e sempre que possível devem pegar o bebê no colo, para ele sentir a presença da família. Quando o neném está estável e a mãe, confiante, adota-se a ‘posição canguru’: o bebê é colocado sem roupa na altura dos seios maternos, na posição vertical, onde pode ser amamentado a hora que quiser”, explica a técnica da Saúde da Criança do ministério, Fernanda Córdova.

Segundo o médico-pediatra do Hospital dos Plantadores de Cana de Campos dos Goytacazes, Luís Alberto Mussa, a posição permite que a mãe produza leite com mais facilidade, cria sensação de confiança, reduz o tempo de internação e diminui o risco de infecções.

“Não existe bebê sozinho. Ele deve estar o tempo todo com a mãe, isso é fundamental para o desenvolvimento. É preciso ressaltar que o método não é só a posição, é também a presença da família no hospital”, explicou Mussa.

Segundo a assessora de Neonatologia da Secretaria Municipal de Saúde, Nicole Gianini, seis maternidades públicas do Rio têm a metodologia ‘Canguru’ implantada. Em todo o estado, são 18 unidades. No País, cerca de 100 adotam o método.

Gêmeas nasceram com cerca de 400g

Nem sempre é possível adotar o método Canguru como primeiro tratamento. É o caso das gêmeas Sara e Sofia, filhas da arquiteta Renata Emilião, do Rio. A primeira nasceu com 375g e a segunda, 480g. O parto foi na 23ª semana de gravidez.

“No caso delas, é preciso ter muito cuidado. A pele é frágil, as intervenções devem ser as menores possíveis. O bebê deve ficar em uma incubadora umidificada e ventilada, e eles devem ser monitorados o tempo todo”, explica a diretora clínica da UTI Neonatal da Perinatal do Hospital do Amparo, Cristiana Cabral. Segundo a médica, Sofia, hoje pesando 1,49kg, já está experimentando a posição canguru. Sara ainda vai esperar um pouco, pois ainda pesa 840g.

“Elas estão evoluindo bem, com saúde, isso é o que importa”, comemora Cristiana.

Luís Alberto Mussa lembra que o ‘canguru’ também pode ser feito por outros familiares, como pai, irmãos e avós. É o caso de Sidinei Andrade. Ele perdeu a esposa e mãe de seu filho dois dias depois do parto, por complicações na gestação de sete meses. Por isso, quem faz as vezes de canguru é o próprio Sidinei. “Preciso mais do meu filho do que ele de mim”, emociona-se o pai.
O Dia

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