4.05.2013

Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado.

A felicidade humana não tem preço de mercado e nem podem ser adquiridos em lojas como os prazeres da vida doméstica, a amizade e o amor. O lugar mais inadequado de se buscar a felicidade é justamente no mercado, pois este trabalha com a idéia de que esta busca nunca termine. “Numa sociedade de compradores e numa vida de compras, estamos felizes enquanto não perdemos a esperança de sermos felizes”, ou seja, de comprar mais. E este sentimento de “felicidade” está inevitavelmente relacionado ao momento que antecede as compras.
A sociedade de consumo que com suas infindáveis seduções trabalha com a idéia de tornar as pessoas felizes, atua num contexto orwelliano onde o “duplipensar” já não é mais visto como um problema, pois a cultura do sacrifício estaria definitivamente morta. Apenas para relembrar, “duplipensar” é a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e aceitá-las ambas. Na explicação de George Orwell, inventor da expressão, “duplipensar” é saber e não saber, ter consciência de completa veracidade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões opostas, sabendo-as contraditórias e ainda assim acreditando em ambas. O mercado que antes se caracterizava por discutir as relações de produção, agora se expandiu para abarcar todos os relacionamentos. “A famosa afirmação de Orwell, ‘quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado’, continua atual e extremamente plausível muito tempo depois de sua inspiração original”.
Na visão de Bauman o mundo líquido-moderno está num estado de revolução permanente, onde não se admite mais as revoluções de uma só vez, os eventos singulares que constituem lembranças dos tempos da modernidade “sólida”. O que se percebe é a banalização da idéia de revolução: “os redatores de comerciais usam e abusam dela, apresentando qualquer produto ‘novo e aperfeiçoado’ como ‘revolucionário’. Num mundo líquido-moderno, afinal de contas, nenhuma atividade válida mantém a validade por muito tempo”. A proliferação dos discursos de autoajuda é emblemática neste sentido. As falas e os escritos de autoajuda revelam a era da curta validade.

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