9.07.2013

No Dia da Pátria, só vândalos aparecem nas manifestações

Sete de Setembro

Mais uma vez, a cena se repetiu nas principais capitais do país: o protesto como desculpa para um pequeno grupo de arruaceiros realizar o quebra-quebra

Os protestos já viraram rotina no calendário das principais cidades brasileiras. Como também passou a ser comum o quebra-quebra do patrimônio público. Neste sábado, 7 de setembro, Dia da Independência, as manifestações convocavam milhões de pessoas para sair às ruas. Mas apenas uma pequena parcela compareceu para, claro, provocar confusão. Foram os seguidores da tática black bloc, que pretendiam chamar mais atenção do que os desfiles cívicos.
As maiores manifestações ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. As três capitais registraram, mais uma vez, cenas de confronto entre pequenos grupos e policiais. Também ocorreram passeatas em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e cinco capitais. Ao todo, 40 cidades registraram algum tipo de protesto.
Pelo balanço das polícias militares de todo o país, menos de 20.000 pessoas foram às ruas neste sábado e pouco mais de 500 pessoas foram detidas. Até às 22 horas, 50 manifestantes foram levados para a delegacia em Brasília. No Rio, 77 foram detidos. Em São Paulo, 39 pessoas foram presas. Em Curitiba, 27 e em Fortaleza, 30. Cerca de 20 manifestantes ficaram feridos.
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O temor de confusão esvaziou as paradas militares. Em Brasília, pela manhã, o forte esquema de segurança impediu que o público acompanhasse o desfile do gramado da Esplanada dos Ministérios, como já é tradição. Apenas quem foi para as arquibancadas pode assistir à marcha. A Polícia Militar colocou 4.000 homens a mais para garantir a segurança e revistar bolsas e mochilas. No Rio, cerca de 300 manifestantes contornaram a barreira policial montada para evitar a chegada à área do desfile e conseguiram alcançar a pista lateral. Houve lançamento de bombas de gás, prisão de manifestantes e tumulto generalizado nos arredores da Avenida Presidente Vargas, nos arredores do desfile. Assustados, os espectadores se refugiaram nas estações do metrô - o prefeito Eduardo Campos e o governador Sérgio Cabral não estavam presentes. Em São Paulo, não houve incidentes durante a parada, que neste ano não teve a presença da cavalaria e da Tropa de Choque da PM, que foram deslocados para outros pontos da cidade. 
A presidente Dilma chegou às 9 horas - quinze minutos depois do previsto na agenda oficial - para acompanhar o desfile na capital federal. Estiveram presentes na tribuna de honra o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha; o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz; e o presidente do STF, Joaquim Barbosa. As ausências notadas foram as dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves.
Apesar de o número de manifestantes ter sido bem menor do que os 40.000 esperados pelo governo local, um grupo de cerca de 500 pessoas deu trabalho para a polícia em Brasília. Trinta e nove foram detidas. Logo após o fim do desfile, parte dos militantes tentou forçar a entrada no Congresso Nacional. Depois de serem repelidos pelos policiais, eles se dirigiram ao estádio Mané Garrincha. Houve novos confrontos e o grupo não conseguiu se aproximar da arena. Ele atacaram uma concessionária, onde danificaram cinco carros, tentaram invadir a sede da TV Globo e fecharam algumas das principais vias da capital. Os comerciantes da rodoviária do Plano Piloto e de um shopping no centro de Brasília fecharam as portas. Alguns militantes, com o rosto coberto, arremessaram rojões nos policiais. 
O desfile militar em São Paulo começou às 9h15 com um protesto nas arquibancadas do Sambódromo do Anhembi, zona norte da capital paulista.  Um pequeno grupo de policiais civis e militares levou faixas e bradou contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB).  O ato ocorreu em frente à tribuna de honra, onde Alckmin acompanha o desfile ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT), do comando das Forças Armadas e também das polícias Civil e Militar. 
Em São Paulo, cerca de 1.000 manifestantes fecham os dois sentidos da Avenida Paulista na altura do vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Dois grupos diferentes se concentraram no local: um ligado a movimentos contra a corrupção e o outro, aos black blocs. Caracterizados pelas roupas pretas e máscaras, o grupo anarquista tinha um carro de som e de uma TV de plasma para propagar suas ideias de guerrilha urbana. Em frente ao prédio da TV Gazeta, os mascarados quebraram as vidraças de uma banca de jornal e de uma agência bancária do Bradesco. Também depredaram cavaletes e guarda-sóis colocados na ciclofaixa da Paulista. 
Os black blocs entraram em confronto com a Polícia Militar em frente à Câmara Municipal, no centro de São Paulo. O grupo de mascarados apedrejou o prédio público e a Tropa de Choque da PM respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Em seguida, os vândalos cercaram um efetivo da Polícia Militar e atacaram fogos de artifício, pedras e paus nos policiais. A Tropa de Choque avançou para cima dos manifestantes. O edifício da Procuradoria Geral do Município também teve as vidraças quebradas por pedras atiradas de estilingues. 

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