Após a lua de mel, e devidamente paramentados, noivos se jogam em cenários insólitos, num novo conceito de fotos de casamento
Suzane G. Frutuoso
Assista aos ensaios fotográficos em que noivos se aventuram em busca de uma recordação surpreendente:
Após a lua de mel, e devidamente paramentados, noivos se jogam em cenários insólitos, num novo conceito de fotos de casamento
Karina enfrentou a cachoeira gelada, aonde chegou vestida de noiva e de tênis
Macular o branco do vestido de noiva, um dos
mais reverenciados símbolos da cerimônia de casamento, parece
impensável para a maioria das mulheres. Mas muitas delas, em nome de uma
recordação surpreendente, estão arrastando metros e metros de caudas,
véus e rendas em cenários cheios de barro, água, pedras e tudo o que a
natureza oferece em estado bruto. E ainda convencem os maridos a
participarem da brincadeira. Esses casais corajosos toparam ser
fotografados para um Trash The Dress, nova tendência em ensaio
fotográfico para álbuns de casamento que já encanta noivos pelo País.
Criado nos Estados Unidos três anos atrás, o conceito chegou ao Brasil
há cerca de um ano. O álbum, com as imagens inusitadas, custa entre R$
1,2 mil e R$ 6 mil, dependendo do tamanho. O nome assusta. A tradução dá
a entender que o vestido é destruído, vira um lixo. Mas não é bem
assim. “A ideia não é rasgar”, diz o fotógrafo Anderson Miranda, de
Florianópolis, Santa Catarina. “Mas tem que se ir a lugares exóticos sem
medo de estragar”, afirma. O profissional já realizou 12 ensaios Trash e
tem mais dez marcados. É um desafio. A assessora de marketing Schayane
Pieri, 27 anos, não nega que sentiu pena da roupa quando chegou à
cachoeira em que seriam tiradas as fotos e viu um monte de pedras cheias
de limo. “Achei que o vestido acabaria ali”, lembra. Ela seguiu em
frente – e não se arrepende. Quando o álbum ficou pronto, Schayane e o
marido, o empresário Julio César, 29 anos, choraram de emoção ao
constatarem o resultado. “Minhas amigas ficaram apaixonadas com o
trabalho. Agora, todo mundo quer fazer”, diz ela, que fez seu Trash em
agosto de 2008.
Schayane Pieri, 27 anos, assessora de marketing
E como ficou o vestido? Sujo. Mas depois de
lavado, nem sinal de ter passado por tamanha aventura. Foi o que
aconteceu também com o traje de gala da dentista Marilin Sens, 26 anos.
Junto com o marido, o engenheiro civil Luiz Guilherme Figueiredo, 27
anos, ela se rendeu a um ensaio Trash em abril, com direito a barco,
mar, lagoa, areia e muito vento, num canto paradisíaco de Florianópolis.
“Ainda consegui vender o vestido depois de lavar”, conta. Marilin e
Luiz fizeram a sessão de fotos cinco meses após a união. “Nos Estados
Unidos é comum o casal ser fotografado antes do casamento”, diz o
fotógrafo Evandro Rocha, de São José do Rio Preto, interior de São
Paulo. “Aqui é depois, por causa da tradição de o noivo não ver a noiva
pronta antes da cerimônia para não dar azar.” A data do ensaio é marcada
de acordo com a disponibilidade dos noivos. Pode ser no dia seguinte,
semanas ou até meses mais tarde. Em média, o ensaio dura três horas. E o
resultado depende bastante da descontração da dupla. O mais difícil é
convencê-la de que as roupas não serão sacrificadas – o noivo deve usar o
mesmo smoking do dia do casamento. Os fotógrafos garantem que, no
momento em que os casais se rendem ao clima, as imagens refletem
exatamente os sentimentos de quem inicia uma vida a dois.
Marilin Sens, 26 anos, dentista
Acaba sendo outro dia tão especial quanto o
da cerimônia. Nada é muito posado ou conduzido. E quanto mais atípico o
cenário escolhido, daqueles aonde nunca um vestido de noiva chegaria,
melhor. A funcionária pública Karina Castilho, 31 anos, entrou destemida
em um canavial e mergulhou numa cachoeira gelada. No começo, o marido,
Daniel, consultor de imagem, 30 anos, relutou um pouco. Depois, se
divertiu. Hoje, os dois têm até um quadro na sala como lembrança da
aventura. O único porém de Karina para aceitar fazer o Trash era o fato
de o vestido ser alugado. “Fui na loja e expliquei o que pretendia”,
lembra. Para sua surpresa, a dona do estabelecimento concordou que o
traje fosse usado na sessão em troca de fotos do ensaio para divulgação
da loja. Acordo firmado, lá foi Karina de vestido de babados e tênis
(apenas para chegar ao destino) para um lugar completamente sem
estrutura. Adorou. “Não imaginei que ficaria tão bonito.” A sujeira do
vestido não foi pior do que o encardido na barra arrastada pelo salão no
dia da festa do casamento. E o ar de contentamento e o sorriso
incontido dos noivos foram praticamente iguais.
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