Uma noite e nada mais. Ok, talvez um repeteco um tempo depois, só que sem transformar isso em um evento marcado com antecedência e digno de preparativos especiais. Via de regra, é assim que o sexo casual funciona: ocasional e informalmente, sem compromisso. Muita gente curte o não-envolvimento e baseia a vida sexual nessa premissa sem problemas. Mas não é raro ouvir relatos de mulheres e homens para quem o sexo casual resultou em mágoa e até fim de amizade. Por que alguns casos dão certo e outros nem tanto?
“O sexo casual deve ser feito apenas por pessoas muito bem resolvidas por elas próprias, sem depender dos outros”, afirma Adriana Visioli, psicóloga, sexóloga e terapeuta de casais, para quem ambas as partes têm que estar cientes de que aquilo não vai virar um relacionamento, um vínculo afetivo. “Existem casos em que acontece de uma noite descompromissada virar algo a mais e até acabar em casamento, mas são exceções”, ressalta.
Para o psicólogo Edwin Karrer, uma atitude que facilita o sucesso do sexo casual é exercitar o foco no momento presente. “Deve-se buscar saborear plenamente o aqui e o agora, evitando especulações e exigências sobre o futuro”, diz.
Nem sempre é um mar de rosas
Tudo muito lindo, mas aspectos como expectativas diferentes, falta de honestidade de uma das partes e motivação equivocada podem transformar o sexo casual em algo muito ruim.
“O melhor é sempre conversar antes de o sexo rolar, estipular qual é o objetivo de cada um e, se não houver um alinhamento, não ir adiante”, recomenda Adriana. O problema é que isso não acontece como regra geral. Edwin explica: “Há quem finja envolvimento emocional apenas para conseguir sexo. Do lado oposto, há apaixonados que se submetem a transar com alguém que quer apenas sexo casual, na fantasia de que a pessoa mudará de intenção”. O resultado? Mágoa.
Outra potencial fonte de sentimentos negativos após uma transa que deveria ser descompromissada é a motivação errada. “Buscar sexo casual para se vingar de uma traição ou tentar conquistar autoestima pode resultar em sofrimento”, adverte Edwin.
Como lidar com o lado ruim do sexo casual
Reforçar o foco no presente (pontuado por Edwin anteriormente) e ter maturidade são as principais armas contra um possível estrago emocional causado pelo sexo casual.
“Se era sabido que a outra parte não queria compromisso, a pessoa que está magoada tem que assumir a responsabilidade pelo seu sofrimento. Nada de chamar de canalha e reclamar que não recebeu uma ligação no dia seguinte. Não se pode culpar o outro pela não-satisfação das próprias expectativas. Se for o caso, a ajuda profissional de um terapeuta pode ajudar a lidar com isso”, sugere Adriana.
Mas se o caso for a desonestidade alheia quanto ao objetivo do sexo, o melhor é respirar fundo e, como ensina Edwin, “buscar a aceitação de que nem todo mundo que passa pela sua vida permanecerá até o fim. É possível que alguém passe, bem de passagem mesmo, e isso seja bem aproveitado”.
Prevenção redobrada
Por fim, e não menos importante, há que se pensar nas consequências do ato sexual em si para evitar que o lado amargo do sexo casual seja ainda pior. Estamos falando de prevenção de gravidez e DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).
“Se com um parceiro com quem há envolvimento afetivo já é complicado lidar com uma gestação acidental ou com uma doença, imagine com alguém que é praticamente um desconhecido”, diz Adriana. Por isso, ela orienta: “Tanto o homem quanto a mulher devem se prevenir por conta própria. Nada de esperar ou confiar que o outro esteja cuidando disso”.
* Raquel Paulino, especial para o iG