O boletim epidemiológico
divulgado pelo Ministério da Saúde revela que, somente nos quatro
primeiros meses deste ano, mais de um milhão de pessoas foram
diagnosticadas com uma das três doenças causadas pelo Aedes aegypti:
Dengue, Chikungunya e Zika vírus. Apesar deste cenário desafiador, o
Brasil conta hoje com um importante instrumento de combate ao vetor
dessas patologias. Trata-se do DengueTech, biolarvicida desenvolvido
pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), capaz
de eliminar as larvas do mosquito em menos de 24 horas sem causar nenhum
risco à saúde humana nem ao meio ambiente. Esta importante arma contra
as larvas do Aedes está sendo apresentada aos secretários de saúde de
todo o Brasil, que estão reunidos até 4 de junho em Fortaleza, durante o
32º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
O biolarvicida foi criado a partir do isolamento da bactéria Bacillus thuringiensis (BTi),
encontrada em solo nacional. Totalmente desenvolvida por
Farmanguinhos/Fiocruz, a tecnologia foi transferida para a BR3, empresa
100% nacional, que venceu o edital público para produção e
comercialização do produto. Devido à ausência de toxicidade, o que
confere segurança aos aplicadores e à população de um modo geral, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o uso de biolarvicidas à
base de BTi como o mecanismo mais eficaz de ação contra o inseto.
Segundo a Coordenação de Gestão
Tecnológica da Fiocruz (Gestec), a preocupação maior da Fundação é a
saúde pública. Portanto, o ciclo de transferência tecnológica só estará
completo quando o produto estiver disponível para a sociedade, a fim de
eliminar o vetor dessas doenças que vêm fazendo cada vez mais vítimas no
país. “O objetivo agora é negociar com o Ministério da Saúde, e as
secretarias de saúde, a recomendação de uso de produtos à base de BTi, bem como a substituição de inseticidas químicos pelo DengueTech”, ressalta o presidente da BR3, Rodrigo Perez.
De acordo com a engenheira bioquímica
Elizabeth Sanches, que liderou a equipe de pesquisadores que desenvolveu
o biolarvicida, dentro de duas a quatro horas após a ingestão do
DengueTech, as larvas do Aedes aegypti sofrem uma paralisação dos
músculos bucais e não conseguem mais se alimentar. “Em seguida, já
debilitadas, elas sofrem uma infecção interna provocada por esporos
(formas de resistência produzidas pelas bactérias), e finalmente são
eliminadas. Outro diferencial do produto é o uso de protetor solar na
sua fórmula, para que não haja degradação em locais expostos ao sol, o
que assegura uma persistência por 60 dias”, explica Elizabeth.
Até 23 de abril, foram registrados
1.054.127 casos prováveis de dengue no Brasil. Somente a região Nordeste
notificou 205.423 casos, o que c
orresponde a 19,5% do total. De 1º de
janeiro até 23 de abril deste ano, foram também diagnosticados mais de
64 mil casos prováveis de Chikungunya no país, quase o dobro de
notificações em relação a 2015. Neste caso, especificamente, a região
Nordeste apresentou a maior taxa de incidência: 96,8 casos/100 mil hab.
Em relação à febre pelo Zika vírus, no período informado, foram
calculados 120.161 casos prováveis em todo o Brasil.
Diante desses números alarmantes,
Elizabeth Sanches explica que a OMS vem cobrando uma posição do governo
brasileiro sobre as ações de controle do vetor. “Neste sentido, nosso
objetivo é mostrar aos secretários de saúde de todo o Brasil que temos
uma resolução rápida, que é o DengueTech, um produto eficaz, e cuja
tecnologia é 100% nacional”, frisa a pesquisadora. Ela será acompanhada
por pesquisadores da BR3 S/A durante o encontro com secretários de saúde
em Fortaleza.
Assessoria de Comunicação
Ter, 31 de Maio de 2016 08:58
Alexandre Matos - Ascom
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