247 - Jair Bolsonaro fez uma calorosa saudação John R. Bolton, Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, o "senhor da guerra" do governo Trump, líder dos "falcões", a ala dura do governo norte-americano. Bolton chegará ao Brasil na próxima quinta-feira (29) e o presidente eleito fez questão de espalhar a notícia do encontro e registrar sua felicidade num tweet na manhã desta sexta.
Ele passará pelo o Brasil para reunir-se com Bolsonaro e parte na sequência para Buenos Aires, onde participará ao lado de Trump da reunião do G-20. O chefe do Conselho de Segurança Nacional dos EUA tem um discurso que parece saído da década de 1950, no padrão Guerra Fria. Vê comunismo em todo canto e só pensa em guerra.
Estará com Bolsonaro para costurar adesão do futuro governo de extrema-direita do Brasil ao projeto de derrubada do governo venezuelano do presidente Nicolás Maduro e um alinhamento do país à política de confrontos na América Lartina. Os alvos de Bolton no momento, além da Venezuela, são Cuba e Nicarágua na região. Em discurso no início destemes, John Bolton chamou os três países de "Troica da Tirania", e acrescentou, em tom belicoso: "Esse triângulo de terror que se estende de Havana a Caracas e Manágua é a causa de imenso sofrimento, ímpeto de enorme instabilidade regional e a gênese de um berço sórdido do comunismo no hemisfério ocidental. Os Estados Unidos esperam que cada um dos lados do triângulo caiam, a Troica vai se esfacelar" (aqui).
O "falcão" americano foi o principal proponente das novas sanções contra Cuba, que foram impostas pelo govenro Trump há uma semana, e é grande crítico da aproximação dos EUA com a ilha, implementada durante o governo Obama.
É longa a biografia de Bolton como "senhor" da guerra. Participou dos governos de Ronald Reagan, George Bush e George W. Bush. Foi um dos articuladores da Guerra do Iraque em 2003, durante o governo de George W. Bush, e recentemente defendeu o uso da força contra o Irã e a Coreia do Norte.
No último governo Bush, ele ajudou a "vender" para a comunidade internacional a teoria de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa no Iraque. Posteriormente foi comprovado que o regime do então líder iraquiano não tinha esse tipo de armamento.
No afã para invadir o Iraque, Bolton pressionou pela demissão do brasileiro José Bustani, que era presidente da agência das Nações Unidas responsável por monitorar a existência de armas químicas. Na época, o novo conselheiro de Trump era subsecretário de Estado do governo George W. Bush.
José Bustani queria enviar especialistas ao Iraque antes da invasão dos EUA para verificar se, de fato, Saddam possuía armas de destruição em massa, como alegavam os americanos.
O brasileiro afirma que recebeu um telefonema "ameaçador" de Bolton, na ocasião. Pouco depois, Bustani foi demitido do cargo com o voto de um terço dos países-membros da ONU.
A entusiasmada saudação de Bolsonaro à visita do "senhor da guerra" é um tenebroso prenúncio do que pode vir.
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