7.02.2012

Brasileiro alerta para número de mortes por afogamento em todo o mundo


São 500 mil vítimas globais e sete mil só no Brasil; veja como prevenir acidentes


Treinamento de guarda-vidas em Rio das Ostras: vigilância é fundamental para diminuir número de vítimas de afogamento, aponta pesquisa
Foto: Guilherme Leporace
Treinamento de guarda-vidas em Rio das Ostras: vigilância é fundamental para diminuir número de vítimas de afogamento, aponta pesquisa Guilherme Leporace
RIO - Estudo publicado pelo médico brasileiro David Szpilman, chefe do CTI do Hospital Municipal Miguel Couto, no Rio, numa importante revista médica americana lança luz sobre o grande número de mortes em decorrência de afogamentos. Em todo o mundo, são 500 mil mortes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, são sete mil vidas que se perdem anualmente. O afogamento é a segunda causa de morte de crianças de 1 a 9 anos, atrás dos acidentes de trânsito. O principal causador desses acidentes é a falta de vigilância nas áreas de risco.
Oitenta e cinco por cento dessas vítimas, o trabalho destaca, poderiam ser poupadas com o aumento da supervisão. Se fosse considerada a frequência de exposição ao nado, em comparação com o tráfego, o risco de afogamento seria 200 vezes maior que o do trânsito. As principais áreas de risco são as de água doce, principalmente lagoas e rios, onde há casas próximas. A falta de conhecimento sobre os perigos causa o afogamento de muitas crianças que veem esses locais como áreas de recreação.
A pesquisa, publicada em maio no New England Journal of Medicine, traça os fatores de risco para afogamento: ser do sexo masculino, ter menos de 14 anos, consumo de álcool, baixo nível educacional, baixa renda e maior exposição à água no entorno de casa. O risco para um portador de epilepsia é de 15 a 19 vezes maior que o da população geral.
Os números podem ser ainda piores, já que registros de afogamento deixam de ser feitos por serem tratados como meros incidentes. E a quantidade global de mortes também é maior que a registrada, afirma o autor do estudo. Isso porque muitos países não registram os óbitos por afogamento, alguns corpos não chegam a ser resgatados e as estatísticas não contabilizam as vítimas de tsunamis, enchentes e acidentes de barco.
- Talvez só 40% de todo o mundo esteja contabilizando seus afogamentos - afirma Szpilman.
Ele destaca que, para diminuir os acidentes, o mais importante é identificar as populações de risco nas áreas de água doce para aumentar a conscientização das pessoas, a sinalização de riscos e a vigilância dos locais:
- O Brasil é um país rico em praias, rios, lagos, lagoas. Isso dificulta o enfrentamento do problema. As formas de prevenir na água doce são diferentes das da água salgada. Nas áreas de água doce, é importante educar a população ribeirinha.
O número de registros em piscinas também não é significativo, segundo o médico. Algumas regras, no entanto, valem para todos: não beber e não comer alimentos pesados antes de entrar na água são duas importantes dicas. O excesso de álcool e o estômago muito cheio diminuem a capacidade física e muscular dos indivíduos. E as crianças precisam ser vigiadas o tempo todo.
O Rio de Janeiro é um dos estados com menores índices de afogamento no país. As praias são locais mais supervisionados e, por isso, não concentram o maior número de problemas. As estatísticas mostram redução do número de acidentes no mar em todo o país: de todas as mortes registradas, apenas 20% ocorrem no mar. No entanto, os homens jovens são os que mais se afogam em água salgada, por acharem que sabem nadar e por resistirem em pedir ajuda. O número de afogados do sexo masculino é oito vezes maior que do sexo feminino.
Outro dado destacado no trabalho é a frequência com que pessoas que não sabem nadar morrem afogadas ao tentar ajudar alguém que está em situação de risco. Para estas pessoas, a melhor atitude é ativar o sistema de emergência para realizar o atendimento profissional pelo guarda-vidas.

Abaixo, dicas para evitar o afogamento em praias e piscinas:
PRAIAS
1. Nade sempre perto de um posto de guarda-vidas.
2. Pergunte ao guarda-vidas o melhor local para o banho.
3. Não superestime sua capacidade de nadar - 46.6% dos afogados acham que sabem nadar.
4. Tenha sempre atenção com as crianças.
5. Nade longe de pedras, estacas ou píeres.
6. Evite ingerir bebidas alcoólicas e alimentos pesados antes do banho de mar.
7. Crianças perdidas: leve-as ao posto de guarda-vidas.
8. Mais de 80% dos afogamentos ocorrem em valas: locais de maior correnteza, que aparentam uma falsa calmaria, e que levam para o alto mar. (Se entrar em uma vala, tenha calma, nade transversalmente a ela até conseguir escapar ou peça imediatamente socorro)
9. Nunca tente salvar alguém se não tiver condições de fazê-lo. Muitas pessoas morrem desta forma.
10. Ao pescar em pedras, observe antes, se a onda pode alcançá-lo.
11. Antes de mergulhar no mar - certifique-se da profundidade.
12. Afaste-se de animais marinhos como água-viva e caravelas.
13. Tome conhecimento e obedeça as sinalizações de perigo na praia.

PISCINAS
1. Crianças devem sempre estar sob a supervisão de um adulto. 89% dos afogamentos ocorrem por falta de supervisão, principalmente na hora do almoço ou logo após.
2. Leve sempre sua criança consigo, caso necessite afastar-se da piscina. Use sempre telefone sem fio.
3. Isole a piscina - tenha grades com altura de 1,50m e 12cm nas verticais. Elas reduzem o afogamento em 50 a 70%.
4. Boia de braço não é sinal de segurança.
5. Evite brinquedos próximos à piscina, isto atrai as crianças.
6. Desligue o filtro da piscina em caso de uso.
7. Não pratique hiperventilação para aumentar o fôlego sem supervisão confiável.
8. Cuidado ao mergulhar em local raso (coloque um aviso).

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