Rio -  Timidez em excesso, agressividade fora do normal e até mesmo depressão. O comportamento dos pais na frente dos filhos pequenos pode causar grandes transtornos no futuro das crianças. De acordo com uma pesquisa da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, 72% das crianças atendidas pela unidade com problemas emocionais viram os pais discutindo.
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O estudo, feito pelo coordenador e chefe do setor de Neuropsiquiatria Infanto Juvenil da Santa Casa, Fábio Barbirato, avaliou, durante os últimos cinco anos, os pacientes que chegavam à unidade. Ao todo, foram cerca de 1,5 mil crianças analisadas.  “Notamos que a maioria das crianças que chegava à clínica para tratamento vinha de lares com estrutura conturbada”, conta Fábio Barbirato.
Não são só as discussões em voz alta que prejudicam o desenvolvimento das crianças. As brigas em tom menos explícito também podem ser percebidas pelos filhos.
Outro efeito, segundo a psicóloga Luciana de la Peña, é que as crianças tendem a copiar o comportamento que presenciam. “O exemplo é sempre mais forte que a palavra. Ela vai repetir ações, e não discursos”, afirma a psicóloga.
Luciana explica também que os pais não devem subestimar seus filhos. “Pais costumam não dar crédito à capacidade do filho. Mas criança entende tudo, explica ela.
Conversa franca ajuda os filhos a superar o trauma
A boa notícia é que é possível reduzir os problemas futuros com cautela e conversa. Fábio Barbirato afirma que o ideal é evitar a briga na frente dos filhos.
Mas, caso ela aconteça, os pais devem conversar com a criança. “Os dois juntos precisam separar uma hora do dia, sentar com o filho e explicar que a discussão não tem nada a ver com ele”, explica o médico.
Ainda segundo ele, assim pais conseguem tirar a sensação de culpa do filho e evitar danos no futuro.
Além das brigas, explica Fábio Barbirato, os pais devem evitar serem rígidos demais ou muito liberais. “Esses dois modelos de criação podem favorecer quadros depressivos ou melancólicos no futuro”, afirma.
O especialista assegura também que o acompanhamento psicológico de crianças com problemas decorrentes das discussões deve ser feito em conjunto. “Fazemos um trabalho de psicoeducação com os pais. Assim, conseguimos orientá-los melhor”, diz o médico.
OBSERVAÇÃO ATENTA AJUDA A IDENTIFICAR INÍCIO DE ALGUM PROBLEMA NO COMPORTAMENTO
As crianças costumam apresentar sinais de que estão com algum tipo de problema psicológico. Se até os dois anos ela costuma puxar os pais para fazer as coisas e não tenta se comunicar ou se aproximar de outras crianças, é possível que esteja com um início de algum distúrbio psicológico.
Fábio Barbirato destaca ainda outros sinais que podem ajudar os pais a identificar algum problema. “Se ela morde muito, pode significar que não lida bem com a frustração. Se ela volta a fazer xixi na cama ou não quer mais brincar também indica algum problema”, explica o especialista da Santa Casa
A psicóloga Luciana de la Peña destaca que os pais precisam estar sempre atentos ao comportamento dos filhos.  “Perceber se houve mudança no desempenho escolar e ficar atento a avisos de professores e amigos de turma sobre alguma diferença nos hábitos é essencial”, diz.
Mais agressividade ou isolamento podem também indicar algum problema.