Técnicas novas, resultado rápido, preços mais baixos e facilidade para pagamento fazem com que mais adultos coloquem aparelho nos dentes
Roberta Salomone
O Globo
RIO- A vendedora de joias Fernanda Paulino tinha os dentes tortos e,
por isso, raramente sorria em fotos. Para superar o trauma, a jovem de
23 anos resolveu colocar aparelho fixo e agora acha que poderá tirar
proveito do novo visual também profissionalmente. Já o advogado
Gutemberg Pessoa, de 44 anos, ainda não se acostumou ao tratamento que
começou há sete meses, mas acredita que sua dicção vá melhorar em breve.
Fernanda e Gutemberg são representantes de uma nova geração que não
acha que aparelhos ortodônticos sirvam somente para adolescentes. Com
materiais novos, estão menos desconfortáveis e mais baratos do que anos
atrás. Além disso, está comprovado que a correção da arcada dentária
pode solucionar outros problemas relacionados à mordida errada, como
enxaqueca e distúrbios do sono.
- Até a década de 70 ou 80, a chamada idade ortodôntica ia dos 12 aos 15 anos. Agora, é comum termos pacientes bem novos, na faixa dos 5 anos de idade, até idosos, na casa dos 80 anos. E, com o aumento da renda do brasileiro e a queda nos custos dos tratamentos, encontramos pessoas de todas as classes sociais - afirma Ricardo Machado Cruz, presidente da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (Abor).
Estética ainda é o motivo número um que leva novos pacientes aos consultórios dentários. Um estudo divulgado pela Associação Americana de Ortodontistas (AAO) no fim do ano passado mostrou que mais de um terço dos americanos adultos está descontente com seu sorriso. Muitos acreditam que poderiam melhorar a vida social, amorosa e profissional se tivessem dentes bonitos, brancos e brilhantes.
- Este é um investimento pessoal que está relacionado com a autoestima. Nos últimos anos, vi a minha clientela mudar totalmente. Posso dizer que 50% das pessoas que atendo hoje e que usam aparelhos têm mais de 30 anos - diz a ortodontista e ortopedista facial Marina Matozinhos.
Em maio, 65 Centros de Especialidades Odontológicas em 19 estados brasileiros registraram a produção de aparelhos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - desde 2010, o governo cobre o tratamento após a avaliação de uma equipe de saúde bucal. Somente no primeiro trimestre, foram realizados 20.738 procedimentos ortodônticos no SUS, um aumento de 65,4% em relação ao mesmo período de 2012.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa da AAO relativa a 2011 mostrou que o número de pessoas com aparelhos aumentara em 103% desde os anos 80, e o número de adultos crescera 25% no mesmo período. Entre todas as pessoas que faziam tratamento ortodôntico, um quinto tinha mais de 25 anos.
Menores e mais discretos, os aparelhos podem ser colocados atrás dos dentes ou ter bráquetes (os quadradinhos de metal ou cerâmica presos aos dentes) transparentes. Alguns deles até dispensam o uso daqueles elásticos coloridos, apesar de ainda serem bastante populares entre uma grande parcela dos pacientes.
- Eu gosto e sempre que posso ao meu dentista para mudar a cor do elástico. Agora estou com o azul para combinar com os meus olhos - explica a vendedora Andréa Uliana, de 43 anos.
Os preços mais acessíveis e a facilidade para o pagamento também são fatores importantes para fazer com que adultos recorram aos ortodontistas. Colocar um aparelho fixo hoje custa de R$ 600 a R$ 4.000, que podem ser pagos parceladamente. A manutenção mensal, que antigamente era equiparada ao valor do salário mínimo, baixou bastante e varia entre R$ 140 e R$ 300, segundo dentistas. Mas alguns paciente relatam que pagam R$ 80 por mês e não arcam com o custo do aparelho, em uma espécie de contrato de fidelidade sem data marcada para terminar.
- A tecnologia trouxe grandes facilitadores em um momento em que as famílias valorizam a saúde bucal como prevenção de várias doenças. Tivemos um aumento na produção de 10% ao ano e percebemos uma evolução constante no setor - analisa José Damian Alic Fernandez, coordenador do departamento de marketing da Morelli Ortodontia, que produz 20 milhões de peças por mês, entre mais de 1.600 produtos ortodônticos.
Além dos preços, o tempo do tratamento também diminuiu. Hoje, a média fica entre 18 e 36 meses. Em alguns casos, pode levar mais tempo do que o previsto inicialmente, mas o resultado vai depender também de cada caso e da colaboração do paciente. Seguir as recomendações do dentista e voltar com periodicidade ao consultório são fundamentais.
- Ortodontia não é simplesmente colar bráquetes nos dentes e amarrar fios metálicos um atrás do outro. Muito mais importante do que isso é fazer um bom diagnóstico e executar um plano de tratamento que atenda as necessidades de cada um - diz o presidente da Abor, Ricardo Machado Cruz.
Os aparelhos de dentes podem ser usados por pessoas de todas as idades, mas é recomendado que o paciente tenha uma boa saúde bucal e os aspectos gerais de cada faixa etária sejam respeitados. Se, na infância, o resultado pode ser previsível, entre adultos pode ser mais lento e às vezes deve estar associado a uma cirurgia complementar. Novas técnicas podem ajudar ainda mais. Programas de computador conseguem simular o tratamento antes mesmo que ele seja iniciado, e os fios ortodônticos têm memória que faz com que não sejam necessários ajustes frequentes.
Antes da colocação do aparelho, é preciso fazer uma avaliação detalhada com um especialista, que deve solicitar radiografias, tomografia computadorizada da face e outros exames quando necessários. Um tratamento equivocado pode trazer problemas, como dores, movimentação para posição errada e até perda de dentes.
- O número de profissionais registrados no Conselho Federal de Odontologia está crescendo bastante, mas a qualidade esta caindo muito. É preciso cuidado na hora de escolher com quem fazer o tratamento - alerta Marco Antonio Schroeder, presidente da Sociedade Brasileira de Ortodontia.
- Até a década de 70 ou 80, a chamada idade ortodôntica ia dos 12 aos 15 anos. Agora, é comum termos pacientes bem novos, na faixa dos 5 anos de idade, até idosos, na casa dos 80 anos. E, com o aumento da renda do brasileiro e a queda nos custos dos tratamentos, encontramos pessoas de todas as classes sociais - afirma Ricardo Machado Cruz, presidente da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (Abor).
Estética ainda é o motivo número um que leva novos pacientes aos consultórios dentários. Um estudo divulgado pela Associação Americana de Ortodontistas (AAO) no fim do ano passado mostrou que mais de um terço dos americanos adultos está descontente com seu sorriso. Muitos acreditam que poderiam melhorar a vida social, amorosa e profissional se tivessem dentes bonitos, brancos e brilhantes.
- Este é um investimento pessoal que está relacionado com a autoestima. Nos últimos anos, vi a minha clientela mudar totalmente. Posso dizer que 50% das pessoas que atendo hoje e que usam aparelhos têm mais de 30 anos - diz a ortodontista e ortopedista facial Marina Matozinhos.
Em maio, 65 Centros de Especialidades Odontológicas em 19 estados brasileiros registraram a produção de aparelhos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - desde 2010, o governo cobre o tratamento após a avaliação de uma equipe de saúde bucal. Somente no primeiro trimestre, foram realizados 20.738 procedimentos ortodônticos no SUS, um aumento de 65,4% em relação ao mesmo período de 2012.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa da AAO relativa a 2011 mostrou que o número de pessoas com aparelhos aumentara em 103% desde os anos 80, e o número de adultos crescera 25% no mesmo período. Entre todas as pessoas que faziam tratamento ortodôntico, um quinto tinha mais de 25 anos.
Menores e mais discretos, os aparelhos podem ser colocados atrás dos dentes ou ter bráquetes (os quadradinhos de metal ou cerâmica presos aos dentes) transparentes. Alguns deles até dispensam o uso daqueles elásticos coloridos, apesar de ainda serem bastante populares entre uma grande parcela dos pacientes.
- Eu gosto e sempre que posso ao meu dentista para mudar a cor do elástico. Agora estou com o azul para combinar com os meus olhos - explica a vendedora Andréa Uliana, de 43 anos.
Os preços mais acessíveis e a facilidade para o pagamento também são fatores importantes para fazer com que adultos recorram aos ortodontistas. Colocar um aparelho fixo hoje custa de R$ 600 a R$ 4.000, que podem ser pagos parceladamente. A manutenção mensal, que antigamente era equiparada ao valor do salário mínimo, baixou bastante e varia entre R$ 140 e R$ 300, segundo dentistas. Mas alguns paciente relatam que pagam R$ 80 por mês e não arcam com o custo do aparelho, em uma espécie de contrato de fidelidade sem data marcada para terminar.
- A tecnologia trouxe grandes facilitadores em um momento em que as famílias valorizam a saúde bucal como prevenção de várias doenças. Tivemos um aumento na produção de 10% ao ano e percebemos uma evolução constante no setor - analisa José Damian Alic Fernandez, coordenador do departamento de marketing da Morelli Ortodontia, que produz 20 milhões de peças por mês, entre mais de 1.600 produtos ortodônticos.
Além dos preços, o tempo do tratamento também diminuiu. Hoje, a média fica entre 18 e 36 meses. Em alguns casos, pode levar mais tempo do que o previsto inicialmente, mas o resultado vai depender também de cada caso e da colaboração do paciente. Seguir as recomendações do dentista e voltar com periodicidade ao consultório são fundamentais.
- Ortodontia não é simplesmente colar bráquetes nos dentes e amarrar fios metálicos um atrás do outro. Muito mais importante do que isso é fazer um bom diagnóstico e executar um plano de tratamento que atenda as necessidades de cada um - diz o presidente da Abor, Ricardo Machado Cruz.
Os aparelhos de dentes podem ser usados por pessoas de todas as idades, mas é recomendado que o paciente tenha uma boa saúde bucal e os aspectos gerais de cada faixa etária sejam respeitados. Se, na infância, o resultado pode ser previsível, entre adultos pode ser mais lento e às vezes deve estar associado a uma cirurgia complementar. Novas técnicas podem ajudar ainda mais. Programas de computador conseguem simular o tratamento antes mesmo que ele seja iniciado, e os fios ortodônticos têm memória que faz com que não sejam necessários ajustes frequentes.
Antes da colocação do aparelho, é preciso fazer uma avaliação detalhada com um especialista, que deve solicitar radiografias, tomografia computadorizada da face e outros exames quando necessários. Um tratamento equivocado pode trazer problemas, como dores, movimentação para posição errada e até perda de dentes.
- O número de profissionais registrados no Conselho Federal de Odontologia está crescendo bastante, mas a qualidade esta caindo muito. É preciso cuidado na hora de escolher com quem fazer o tratamento - alerta Marco Antonio Schroeder, presidente da Sociedade Brasileira de Ortodontia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário