3.24.2014

NO MOBILE FOBIA

Alguém já reclamou do tempo que você gasta olhando o seu celular?

Com batom azul, foliã do Sargento Pimenta olha o celular durante desfile do bloco no Rio

Observe uma praça de alimentação de qualquer shopping, por exemplo. Veja  a quantidade de celulares em cima das mesas. As pessoas conversam umas com as outras mas a cada toque, piscada ou vibração interrompem a conversa e pegam o celular. E não é difícil reparar que muitos, principalmente os jovens,  estão com outras pessoas à mesa, mas imersos em seu próprio mundo, digitando nos seus aparelhinhos. Não conversam com quem está à sua frente.

Muitas vezes não percebemos como  estamos “ligados” no próprio celular. Amigos e família são os primeiros que nos emitem o sinal de que podemos estar ultrapassando o limite do tolerável. Existe atualmente um termo que procura definir essa dependência exagerada do celular: nomofobia, abreviação do que seria, em inglês,  NO MOBILE FOBIA. Pesquisas apontam que aproximadamente 35% dos brasileiros relataram consultar o celular a cada 10 minutos ou menos. E muitos efetivamente ficam ansiosos, angustiados ou  com irritabilidade excessiva se estão sem o celular à disposição.

E o problema é que esta forma de dependência de celulares  pode começar muito cedo na vida. Pais os utilizam com frequência como recurso para “acalmar” os filhos, desde os primeiros anos de vida. Jogos, filmes, música e cores absorvem a atenção dos pequenos, deixando-os quase que paralisados, absortos numa telinha que cria novas emoções a cada segundo.

Claro que estar conectado o tempo todo é uma vantagem para mães, que ficam muito mais tranquilas ao saber que podem ser localizadas em qualquer segundo do dia caso seus filhos precisem delas, para pacientes aflitos que têm seus médicos à disposição 24 horas por dia ou para empresas que entram em contato com os seus funcionários onde quer que estejam graças ao celular corporativo que recebem no primeiro dia de trabalho, só para citar alguns exemplos. O problema, porém, não é o celular. É a forma como nos relacionamos com ele. 

Fique atento aos sinais de dependência excessiva do celular. Você fica nervoso se a bateria acaba? Sente angústia quando descobre que esqueceu o celular em casa? Sai de onde estiver para buscá-lo? Consulta o celular para e-mails ou internet em festas ou reuniões com amigos? Prefere ficar ao celular do que conversar? Usa o celular com frequência durante refeições com amigos ou família? Atende o celular, independentemente de quem seja, em situações como uma consulta médica? Não consegue desligar o celular no cinema? Leva sempre seu celular na mão, e não no bolso ou bolsa? Dorme com o celular ao seu lado, ou na sua própria cama?

A dependência excessiva dos celulares pode levar ao isolamento social das pessoas, “trancando-as” em um mundo próprio em que as relações sociais e presenciais têm cada vez menos espaço. Por isso, ao invés de abrir as janelas para o mundo que aí está, com todas suas novidades e cores, o uso “patológico” do celular pode ter o efeito inverso de fechar as pessoas para o contato humano, tão necessário e vital para o nosso crescimento enquanto pessoas.

Ligue-se nas suas atitudes. Lembre-se sempre de que o convívio presencial com amigos e família, o contato "olho no olho", é o que mais nos faz crescer.
 

Medo de não ter o celular à disposição cria uma nova fobia

Pessoas sentem incômodo em pensar em ficar sem o aparelho Foto: Getty Images
Pessoas sentem incômodo em pensar em ficar sem o aparelho
Foto: Getty Images
Sentir-se muito angustiado com a ideia de perder seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por mais de um dia é a origem da chamada "nomofobia", contração de "no mobile phobia", doença que afeta principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados.
Em fevereiro, um estudo feito com cerca de 1 mil pessoas no Reino Unido - país onde a palavra "nomofobia" surgiu em 2008 - mostrou que 66% das pessoas se sentem "muito angustiadas" com a ideia de perder o celular.
A proporção chega a 76% nos jovens de 18 a 24 anos, segundo uma pesquisa realizada pela empresa de soluções de segurança SecurEnvoy. Cerca de 40% das pessoas consultadas afirmaram possuir mais de um aparelho.
"O fenômeno aumentou com a chegada dos smartphones e de planos ilimitados. Cada um pode ter acesso a uma infinidade de serviços: saber onde está, se existem restaurantes nas proximidades, comprar passagem para o fim de semana, planejar a noitada, etc", resume à AFP Damien Douani, especialista em novas tecnologias da agência FaDa.
"Há alguns anos, o SMS já era uma forma de nomofobia. Falávamos até da "geração de polegadas" para descrever quem enviava mensagens sem parar. Contudo, a internet móvel via smartphone, é o SMS 10 mil vezes mais poderoso", explicou.
"O reflexo do Google foi transferido para o mobile: se preciso de uma informação e encontro resposta para tudo, isso é a facilidade encarnada", ressalta Damien Douani.

Vício
Aproximadamente 22% dos franceses admitem ser "impossível" ficar por mais de um dia sem celular, segundo uma pesquisa realizada em março pela empresa Mingle com 1.500 utilizadores. Esta porcentagem chega a 34% entre os jovens de 15-19 anos.

Entre as pessoas consultadas, 29% afirmaram que conseguem ficar sem o telefone por mais de 24 horas, "mas dificilmente", contra 49% que acreditam conseguir "sem problema".
"Podemos compreender que as pessoas sejam viciadas em seus smartphones, pois elas têm toda a vida programada ali, e se, por acaso, perderem o aparelho ou ele quebrar vão ficar isoladas do mundo", ressalta o escritor Phil Marso, organizador do Dia Mundial sem Celular, que acontece nos dias 6, 7 e 8 de fevereiro todos os anos.
"É uma ferramenta que desumaniza. Um dia na rua, uma pessoa que procurava um caminho me mostrou seu smartphone com o mapa da área na tela ao invés de me perguntar onde era a rua que procurava", conta.
"Paralelamente a isso tudo, as redes sociais estão criando laços com as comunidades e há uma necessidade de constante atualização e consulta em todos os momentos. Se houvesse um pequeno contador em cada telefone contabilizando o número de vezes que cada pessoa acessa as redes, ficaríamos surpresos", acrescenta Damien Douani.
Este especialista fala de uma "real extensão do campo de vício": "Existe nessa síndrome "eu estou o tempo todo conectado", "eu verifico meu telefone sempre que posso".
"Estamos em uma sociedade robótica em que devemos fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Uma parte da população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos alguma coisa, ou se não podemos responder imediatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo. As pessoas têm menos paciência", segundo Phil Marso, autor em 2004 do primeiro livro escrito inteiramente em SMS.







 

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