3.24.2014

G7 diz que pode aumentar sanções à Rússia e exclui país de reunião

Mandatários afastam a Rússia do grupo; país participava desde 1998.
Atitude é retaliação a anexação da região ucraniana da Crimeia.

Rússia vai pagar muito caro, por ter invadido a Crimeia

Obama adverte que Rússia vai pagar pela anexação da Crimeia

Por iniciativa do presidente dos EUA, os líderes do G7 se reúnem na noite desta segunda-feira, à margem de uma cúpula sobre segurança nuclear, para tratar da crise da Ucrânia

AFP

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O presidente americano, Barack Obama, advertiu nesta segunda-feira que Washington e a Europa farão a Rússia pagar pela anexação da Crimeia, antes de uma reunião do G7 na Holanda sobre a situação na Ucrânia.
"Europa e Estados Unidos estão unidos em seu apoio ao governo e ao povo da Ucrânia, e estão unidos para fazer a Rússia pagar pelo custo de suas ações neste país", declarou Obama à imprensa em Amsterdã, depois de se reunir com Mark Rutte, o primeiro-ministro holandês.

Rutte declarou, por sua vez, que ambos consideram "a tentativa da Rússia de tomar o controle da Crimeia como uma violação evidente do direito internacional".

"Condenamos estes atos nos termos mais enérgicos", acrescentou.

Por iniciativa de Barack Obama, os líderes do G7 se reúnem na noite desta segunda-feira em Haia à margem de uma cúpula sobre segurança nuclear que prosseguirá na terça-feira.Nos últimos dias, as forças russas e pró-russas tomaram sem confrontos quase todas as bases militares ucranianas na península, a última delas a de Feodosia, na madrugada desta segunda-feira.

Pouco depois, as autoridades de Kiev ordenaram a retirada de suas tropas da Crimeia e o vice-primeiro-ministro da península, Rustam Temirgaliev, não demorou em proclamar que a Ucrânia não tem mais tropas leais no território.

Com os últimos movimentos, Moscou conclui a tomada de controle da península, que integrou a Rússia até 1954. Em uma visita muito significativa, o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, viajou nesta segunda-feira à Crimeia, onde o rublo já começou a circular.

Agora, alguns temem que o presidente Vladimir Putin queira somar à Rússia outros territórios de língua russa do leste da Ucrânia.

Segundo a Otan, Moscou mobilizou forças muito significativas perto da fronteira oriental da Ucrânia, e Kiev disse no domingo que teme uma invasão.

A pior crise entre Ocidente e Rússia desde a desintegração da União Soviética, em 1991, ofuscará provavelmente a cúpula sobre segurança nuclear prevista em Haia nesta segunda e terça-feira.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, e o secretário americano de Estado, John Kerry, devem se reunir nesta segunda-feira. Este será o primeiro desde que Washington impôs na semana passada sanções contra personalidades próximas a Putin, em represália pela incorporação da Crimeia à Rússia.

John Kerry advertiu antes de vaiajar para Haia que Moscou, com sua atitude na Crimeia, pode perder a vaga no seleto clube do G8, no qual entrou em 1998.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou na última quarta-feira que Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, que se reunirão sem a Rússia, atual presidente rotativo do G8, devem falar da possível exclusão definitiva de Moscou.

E a chanceler alemã, Angela Merkel, garantiu na quinta-feira, referindo-se à cúpula do G8 prevista para junho em Sochi, que "enquanto as condições políticas não se reunirem (...) não haverá G8, nem cúpula, nem este formato como tal".

O encontro de Haia não contará com a presença do primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, que ficará em Kiev para concluir negociações com uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um programa de ajuda à Ucrânia.

Outros países do antigo bloco soviético temem por sua integridade territorial, diante das ambições expansionistas de Moscou.

Obama respondeu ao temores nesta segunda-feira, reiterando os compromissos de defesa recíproca da Otan.

"Nossos aliados da Otan são nossos sócios mais próximos no cenário internacional. A Europa é a pedra angular das relações entre os Estados Unidos e o mundo", declarou depois de se reunir com Rutte.

O chefe de Governo holandês assegurou no domingo que a realização do G7 não perturbará a cúpula sobre segurança nuclear em Haia, na qual estarão presentes dirigentes de mais de 50 países.

Os líderes falarão sobre como evitar que grupos terroristas tomem posse de materiais nucleares.
Da Reuters
Os líderes dos países do G7 se encontraram nesta segunda-feira (24) em Haia para discutir uma resposta à Rússia por sua anexação da Crimeia, onde as últimas tropas ucranianas começaram a se retirar da península e o rublo começou a circular.
Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos decidiram se reunir em junho, em Bruxelas, para substituir a cúpula do G8 em Sochi, que foi cancelada após as últimas ações da Rússia na Ucrânia. Os líderes das potências disseram em um comunicado que estão prontos para intensificar as sanções à Rússia, caso o país cause mais instabilidade na Ucrânia.
"Estamos preparados para intensificar as respostas, incluindo sanções setoriais coordenadas que terão um impacto cada vez mais significativo na economia russa, se a Rússia continuar alimentando a escalada", indicou o comunicado após a reunião na cidade holandesa.
"Os líderes do G7 se reunirão novamente em junho em Bruxelas. Não estarão em Sochi", indicou no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que participou da reunião em Haia convocada pelo presidente americano Barack Obama.
Mais cedo, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, já havia antecipado que a expulsão do G8 "não seria uma grande tragédia" para seu país. "Se nossos parceiros ocidentais pensam que este formato é ultrapassado, que seja assim", afirmou o chefe da diplomacia russa durante uma coletiva de imprensa.
"O G8 é um clube informal (...), para nós não seria uma grande tragédia se o G8 não se reunisse", acrescentou Lavrov após o primeiro encontro com seu colega interino ucraniano, Andrii Deshchytsia.
Desta forma, os chefes de Estado e de governo dos países mais industrializados afastam a Rússia do clube do qual participava desde 1998. A medida é uma punição pelo fato de o governo russo ter concluído o processo de anexação da Crimeia na semana passada.
EUA 'muito preocupados'
Lavrov se reuniu nesta segunda-feira com o secretário de Estado americano, John Kerry, segundo a porta-voz do departamento de Estado, Marie Harf.

Durante a reunião, Kerry teria reiterado a preocupação dos Estados Unidos com a presença em massa de tropas russas na fronteira da Ucrânia, assim como o tratamento dado aos militares ucranianos.
Kerry recordou a Lavrov que Obama assinou uma ordem executiva que 'outorga flexibilidade para sancionar empresas específicas, caso a Rússia prossiga dando passos em direção a uma escalada' no conflito.
Em sua chegada a Holanda nesta segunda-feira, o presidente americano advertiu que Washington e a Europa fariam a Rússia pagar pela anexação da Crimeia.
'Europa e Estados Unidos estão unidos em seu apoio ao governo e ao povo da Ucrânia, e estão unidos para fazer a Rússia pagar pelo custo de suas ações neste país', declarou Obama à imprensa em Amsterdã depois de se reunir com Mark Rutte, o primeiro-ministro holandês.
À tarde, Obama se reuniu com seus colegas do G7 em uma cidade sob forte esquema de segurança.
Estados Unidos e a União Europeia (UE) já aprovaram sanções contra personalidades russas e ucranianas pró-russas por fomentar e organizar o referendo que decidiu a anexação da Crimeia à Federação da Rússia.
O objetivo é dissuadir as autoridades de Moscou de avançar em outros territórios e puni-las pela 'desestabilização' da Ucrânia.
Mas a consolidação da presença militar russa na Crimeia, assim como o envio de tropas para as fronteiras, preocupam Washington.
'Estamos muito preocupados com a potencial escalada no leste e no sul da Ucrânia', disse o conselheiro de segurança nacional de Obama, Ben Rhodes, acrescentando que Washington 'acompanhada de perto' a situação.
De acordo com a Otan, Moscou enviou forças significativas para perto da fronteira leste da Ucrânia, e Kiev informou no domingo que temia uma invasão.
Em Haia, o ministro interino ucraniano Andrii Deshchytsia disse que a posição do governo de Kiev 'é a utilização de todos os meios pacíficos para resolver este conflito de forma pacífica'.
Kiev retira suas tropas
Nos últimos dias, as forças russas e pró-russas tomaram sem confrontos quase todas as bases militares ucranianas na península, a última delas a de Feodosia, na madrugada desta segunda-feira.

Durante a madrugada, entre 60 e 80 fuzileiros navais ucranianos foram capturados e seus comandantes levados de helicóptero durante um ataque a uma unidade de infantaria da Marinha em Feodosia, segundo o ministério ucraniano da Defesa.
A base foi ocupada com blindados e helicópteros, e durante a operação foram ouvidos tiros. Ao fim da operação, que teve duração de duas horas, os soldados ucranianos foram retirados da base em três caminhões
Pouco depois, as autoridades de Kiev ordenaram a retirada de suas tropas da Crimeia e o vice primeiro ministro da península, Rustam Temirgaliev, não demorou em proclamar que a Ucrânia não tem mais tropas leais no território.
À tarde, forças russas atacaram o navio Konstantin Olchanski, uma das últimas embarcações ucranianas que ainda não havia sido tomada pelas forças russas e pró russas.
Com os últimos movimentos, Moscou concluiu nos últimos dias a tomada de controle da península da Crimeia, que integrou a Rússia até 1954. As autoridades ucranianas temam agora uma invasão iminente no leste de língua russa.

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