6.13.2014

ARENA DE SÃO PAULO E O PADRÃO FIFA

RIO - O clima foi de festa, a torcida aprovou o placar, mas o Itaquerão apresentou vários problemas (mesmo que pontuais) no grande teste. Além da vitória brasileira, aplausos para o gramado, o transporte público e o bloqueio para conferir os ingressos. Na lista de falhas, destaque para um apagão em parte dos refletores, a falta de comida nos bares, que não foram testados em nenhum dos eventos da Fifa. Até nas tendas dos patrocinadores, na área externa, houve problemas com a alimentação. Além disso, teve gente que driblou a proibição de entrar com faixas e pessoas vendo o jogo de pé. E o público circulava com cervejas em garrafa.
— Cheguei às 10h do Rio, peguei meu ingresso no Ibirapuera, e segui para o Itaquerão. Cheguei morrendo de fome e, mesmo sendo o primeiro da fila do bar, quando abriu, não tinha comida. O cara disse que houve um problema, mas não explicou porque não tinha comida — contou Henrique Bastos, que só conseguiu comprar um sanduíche frio às 18h30m.
Ele estava na arquibancada provisória Sul e lamentou que o serviço tenha sido ruim. Sua mulher, Marcele Ramos, disse que só conseguiu comprar um salgadinho porque uma atendente saiu correndo, pegou o pacotinho de um bar próximo que tinha acabado de ser reabastecido, e vendeu a ela.
— Fui várias vezes atrás de comida, e nada — reclamou Marcele, que pagou R$ 440 pelo ingresso.
Segundo funcionários, a comida que chegava ao estádio tinha de passar pelo controle de segurança, retardando a distribuição para os bares. Vários deles funcionaram abaixo da capacidade de funcionários e ofereceram apenas chocolates e refrigerantes.
A falta de comida foi um dos problemas graves. Mas também teve gente que ficou sem assento. Torcedores da fileira N do setor 423 se surpreenderam ao perceber que naquele degrau não havia cadeiras, apesar de integrar a “categoria 1", a mais cara das arquibancadas. Cada ingresso custou R$ 990. Sem cadeiras, teve gente que se sentou no chão.
De acordo com a Fifa, esses lugares não deveriam ser vendidos, e a organização conseguiu realocar os torcedores em outras cadeiras da mesma categoria ainda antes do início do jogo.
CERVEJA DE GARRAFA
A venda de cerveja em garrafa também fugiu às regras de qualquer estádio, onde só são permitidas latas. O problema nos refletores, já com o jogo iniciado e dia ainda claro, foi corrigido antes que anoitecesse. Outros setores do estádio também apresentaram oscilações no fornecimento de energia: os lounges e o setor destinado aos chefes de Estado tiveram rápidas quedas na iluminação. Além disso, a loja oficial da Fifa ficou fechada o tempo todo. O sinal wi-fi também deixou a desejar.
Na área para a imprensa, as lanchonetes também não deram conta. E os banheiros tinham cheiro ruim. Um grupo de 16 jornalistas ficou preso por mais de 15 minutos no elevador 8.
— Esses trancos são normais. Esse elevador está assim desde ontem. Mas não tinha parado — disse Giovana Paola Gomes, a ascensorista.
Os elevadores que atenderam setores VIP também apresentaram problemas. O maior deles foi não conseguir dar conta do fluxo de pessoas, formando imensas filas. Alguns convidados precisaram subir vários andares de escadas.
Desde a abertura dos portões, os 62.600 torcedores que chegaram encontraram muita confusão na distribuição de setores. Sem divisões claras, a área VIP, os lounges e a área de mídia apresentaram porblemas no campo da identificação, que, em muitos casos, permitiu o trânsito livre de torcedores pelos setores, com ocasionais checagens de credenciais por parte dos seguranças.
O acesso do público, no entanto, aconteceu sem tumultos, e as filas estavam organizadas. As arquibancadas provisórias, que ficam atrás dos gols, também funcionaram bem. O setor norte causava maior preocupação, já que foi o último a ser liberado pelos órgãos de segurança de São Paulo.
- Perto do que enfrentei no momento da abertura dos portões, até que agora está sendo fácil - afirmou o segurança Marcos Sacramento, que se esforçava para orientar a movimentação dos torcedores no estádio.
Na zona de exclusão comercial, cambistas agiam a poucos metros dos policiais.

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