Mark Griswold, físico e professor -
Antonio Scorza / Agência O Globo
.
“Para mim, a radiologia é o melhor trabalho do mundo.
Com ela podemos capturar imagens
de dentro das pessoas sem prejudicá-las. Trabalho
no desenvolvimento de novas técnicas
nessa área em um hospital e é muito gratificante ver
o que começou como uma ideia
da física ou da matemática salvar a vida de alguém”
Conte algo que não sei.
A ressonância magnética (RM) é o mais detalhado
exame de diagnóstico por imagem
que temos.
É como viajar por dentro do corpo. Mas o que muita
gente não sabe é que tudo em
torno dela hoje é qualitativo. Usamos palavras para
descrever os resultados. Dizemos,
por exemplo, que algo
é mais claro, ou mais escuro, do que deveria ser.
Tudo depende da nossa experiência e de
quais palavras escolhemos para descrever o que
vemos. É muito subjetivo, e não há outra
área da Medicina que seja assim.
exame de diagnóstico por imagem
que temos.
É como viajar por dentro do corpo. Mas o que muita
gente não sabe é que tudo em
torno dela hoje é qualitativo. Usamos palavras para
descrever os resultados. Dizemos,
por exemplo, que algo
é mais claro, ou mais escuro, do que deveria ser.
Tudo depende da nossa experiência e de
quais palavras escolhemos para descrever o que
vemos. É muito subjetivo, e não há outra
área da Medicina que seja assim.
E como a nova técnica desenvolvida em seu
laboratório muda isso?
laboratório muda isso?
O que estamos tentando fazer é que a RM seja
como o resto da Medicina, que possamos
associar números ao exame, como em nosso peso,
nossa pressão sanguínea ou nossa
frequência cardíaca, pois são eles que nos permitem
tomar decisões quanto a tratamentos.
Do jeito que a RM é feita hoje, já podemos ver
muitas coisas, mas queremos levar o
exame para o futuro. Assim, desenvolvemos um
método, chamado de “impressão digital”,
em que podemos obter estes dados quantitativos,
os números, num tempo de uso do
equipamento equivalente ao de um exame normal.
E agora que temos os números,
eles nos dizem muito sobre as doenças que vemos.
como o resto da Medicina, que possamos
associar números ao exame, como em nosso peso,
nossa pressão sanguínea ou nossa
frequência cardíaca, pois são eles que nos permitem
tomar decisões quanto a tratamentos.
Do jeito que a RM é feita hoje, já podemos ver
muitas coisas, mas queremos levar o
exame para o futuro. Assim, desenvolvemos um
método, chamado de “impressão digital”,
em que podemos obter estes dados quantitativos,
os números, num tempo de uso do
equipamento equivalente ao de um exame normal.
E agora que temos os números,
eles nos dizem muito sobre as doenças que vemos.
E quais são os exemplos de aplicação clínica disso?
Queremos ser capazes de dizer se uma lesão está
melhorando ou piorando, se um tumor
está crescendo ou morrendo. No caso do câncer,
se você tem um tumor, faz quimioterapia,
passa pelo tratamento e espera três meses para
fazer um exame a fim de saber se ele cresceu ou
se diminuiu. Perde-se muito tempo que poderia
ser usado em uma terapia eficaz, e isso pode
ser a diferença entre a vida e a morte.
melhorando ou piorando, se um tumor
está crescendo ou morrendo. No caso do câncer,
se você tem um tumor, faz quimioterapia,
passa pelo tratamento e espera três meses para
fazer um exame a fim de saber se ele cresceu ou
se diminuiu. Perde-se muito tempo que poderia
ser usado em uma terapia eficaz, e isso pode
ser a diferença entre a vida e a morte.
A ressonância magnética funcional (fMRI) tem
sido muito usada nas pesquisas
de neurociência em busca de melhor
compreensão do funcionamento da mente humana.
Chegará o dia em que poderemos “ler”
pensamentos com uma máquina?
sido muito usada nas pesquisas
de neurociência em busca de melhor
compreensão do funcionamento da mente humana.
Chegará o dia em que poderemos “ler”
pensamentos com uma máquina?
De certa forma já é possível “ler” a mente com
a fMRI hoje. Um pesquisador, Jack Gallant,
na Universidade da Califórnia em Berkeley, está
fazendo algo que é preciso ver para crer.
Durante muito tempo tive dúvidas e fui cético
quanto a essa possibilidade. Não achava
que um dia teríamos sensibilidade para ver esse
tipo de coisa, mas as pesquisas de Gallant
mudaram minha opinião. É incrível! Eles mostraram
às pessoas cenas de filmes e montaram
uma “biblioteca” de sua atividade cerebral enquanto
as assistiam. Então, pegaram essas pessoas e
mostraram a elas cenas diferentes, só gravando
o padrão de atividade de seus cérebros.
Eles adivinharam, só com os dados da fMRI, como
era a cena que estavam vendo no momento.
Não é perfeito, mas é muito bom.
a fMRI hoje. Um pesquisador, Jack Gallant,
na Universidade da Califórnia em Berkeley, está
fazendo algo que é preciso ver para crer.
Durante muito tempo tive dúvidas e fui cético
quanto a essa possibilidade. Não achava
que um dia teríamos sensibilidade para ver esse
tipo de coisa, mas as pesquisas de Gallant
mudaram minha opinião. É incrível! Eles mostraram
às pessoas cenas de filmes e montaram
uma “biblioteca” de sua atividade cerebral enquanto
as assistiam. Então, pegaram essas pessoas e
mostraram a elas cenas diferentes, só gravando
o padrão de atividade de seus cérebros.
Eles adivinharam, só com os dados da fMRI, como
era a cena que estavam vendo no momento.
Não é perfeito, mas é muito bom.
Mas também temos o caso de um estudo, na
verdade uma crítica, que demonstrou
que, do jeito que muitas dessas pesquisas são
feitas, é possível encontrar atividade
cerebral até em um salmão morto, o que lhe
valeu o Prêmio IgNobel de
Neurociência em 2012...
verdade uma crítica, que demonstrou
que, do jeito que muitas dessas pesquisas são
feitas, é possível encontrar atividade
cerebral até em um salmão morto, o que lhe
valeu o Prêmio IgNobel de
Neurociência em 2012...
Se seu experimento está mal modelado, você
sempre vai encontrar algo.
Não é difícil ver alguma coisa quando se está
procurando muito por ela, especialmente
quando se monta errado o experimento. A fMRI
é muito difícil de fazer, pois você
está detectando sinais muito tênues. Assim,
qualquer problema e você terá falsos
resultados. Por isso, quem usa a fMRI são
cientistas muito bons. E sei que
Gallant está sendo muito cuidadoso.
sempre vai encontrar algo.
Não é difícil ver alguma coisa quando se está
procurando muito por ela, especialmente
quando se monta errado o experimento. A fMRI
é muito difícil de fazer, pois você
está detectando sinais muito tênues. Assim,
qualquer problema e você terá falsos
resultados. Por isso, quem usa a fMRI são
cientistas muito bons. E sei que
Gallant está sendo muito cuidadoso.
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