5.27.2015

Operação prende José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa por corrupção

Preso nesta quarta-feira sob suspeita de integrar um esquema de corrupção da Fifa, José Maria Marín comandou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de março de 2012 a abril de 2015, após a saída de Ricardo Teixeira, que renunciara, supostamente, para escapar de investigações de fraudes no comando da entidade. Com longa carreira no esporte e na política, que correm em paralelo desde os anos 1960, Marin também foi presidente do Cômite Organizador Local da Copa de 2014. Hoje, ele se mantém como integrante do Comitê Executivo da Fifa. Filho de imigrantes espanhóis, ele completou 83 anos no dia 6 de maio.
Escolhido sucessor de Ricardo Teixeira por ser o mais velho dos vice-presidentes da CBF, como manda o estatuto da entidade, Marin manteve, no posto, o estilo do antecessor, que presidira a CBF por 23 anos. Marin iniciou sua gestão precisando dar explicações sobre a polêmica medalha "furtada" na premiação da Copa São Paulo de Juniores, três meses antes. Na ocasião, ele fora flagrado por câmeras de televisão colocando no bolso uma das medalhas destinadas aos jogadores do Corinthians, campeão do torneio.
Marin carrega ainda em seu prontuário de vida a acusação de ter sido o delator do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto em outubro de 1975, no DOI-Codi, em São Paulo, durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Na época, ele era deputado estadual, mandato que ocupou de 1971 a 1979.
Áudios divulgados pelo GLOBO em abril de 2013 revelam discursos de Marin na Assembleia Legislativa de São Paulo, cobrando providências sobre denúncias que envolviam o então diretor de Jornalismo da TV Cultura e elogiando o delegado Sérgio Paranhos Fleury, que trabalhava no órgão de repressão. Ele não respondeu às acusações.
O início da carreira política de Marin remonta a 1964, quando foi eleito vereador em São Paulo. Em 1971, foi eleito deputado estadual pela primeira vez e só deixou o mandato em 1979 para se tornar vice-governador do estado na gestão de Paulo Maluf, pela Arena, partido ligado à ditadura. Quando Maluf renunciou em 1982 para concorrer a uma vaga de deputado federal por São Paulo, Marin assumiu o governo do estado, que comandou até 1983.
Apesar de ter atuado como jogador pelo São Paulo em 20 partidas nos anos 1950, a carreira de dirigente esportivo decolou nos anos 1980. Marin presidiu a Federação Paulista de Futebol entre 1982 e 1986, ano em que chefiou a delegação brasileira na Copa do México. A partir de então, passou a integrar os quadros da CBF, com o apoio de Marco Polo Del Nero, atual presidente da entidade. Chegou à vice-presidência representando a Região Sudeste até que, em 12 de março de 2012, assumiu seu comando, com a renúncia de Teixeira.
Sob sua gestão, a seleção brasileira viveu a maior derrota de sua história, a goleada de 7 a 1 aplicada pela Alemanha na semifinal da Copa do Mundo no Brasil, ano passado. Também com ele, a equipe olímpica de futebol perdeu o ouro em Londres-2012 na decisão com o México.
Nos três anos de seu comando, a seleção teve três treinadores e conquistou três títulos: a Copa das Confederações, em 2013, e o Superclássico das Américas, contra a Argentina, duas vezes, em 2012 e 2014. Antes de se despedir da entidade, Marin foi homenageado, em julho de 2014: a nova sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio, foi batizada com seu nome.


 

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