As pessoas com excesso de peso podem não saber quando e quanto é suficiente nos seus estômagos. Uma investigação que recorreu a imagens do cérebro revela como as “mensagens” de saciedade podem ser entregues ao organismo com diferentes tempos de intervalo o que levará a que algumas pessoas continuem a comer mesmo depois de “cheias”.
A investigação foi desenvolvida no Department of Energy’s Brookhaven National Laboratory, nos EUA, e envolveu cerca de duas dezenas de pessoas com diferentes índices de massa corporal (IMC). Os resultados, divulgados esta semana, podem explicar porque é que algumas pessoas comem de mais e consequentemente ganham peso. Ao que tudo indica, a resposta estará em determinados circuitos no cérebro que motivam o desejo de comer. Uma preciosa dica para futuros tratamentos no complexo mundo da obesidade.
“Estimulando a sensação do estômago cheio recorrendo a um balão expansível verificamos que diferentes zonas do cérebro foram activadas no cérebro de pessoas com peso normal e com excesso de peso”, refere Gene-Jack Wang, o autor principal do estudo num comunicado. O documento nota que os indivíduos com excesso de peso mostravam “menos actividade” nas zonas do cérebro que marcam a saciedade e que acusavam menos esta sensação do que as pessoas com peso considerado normal.
Cada participante engoliu um balão que, posteriormente, ficou cheio com água, foi esvaziado e, de novo, reabastecido com água em volumes que variaram entre os 50 e 70 por cento. Um processo que foi cuidadosamente monitorizado com equipamento que ia captando as imagens no cérebro e acompanhado com a colocação de questões aos participantes sobre as sensações que experimentavam nos diferentes cenários. Quanto mais alto o IMC mais reduzida era a possibilidade de ouvir o sujeito acusar a sensação de empanturrado com um balão cheio a 70 por cento.
Uma região específica do cérebro, a amígdala posterior esquerda, foi menos activada nas pessoas com elevado IMC e mais nos participantes magros. Uma zona que aparecia estimulada nas imagens precisamente quando as pessoas envolvidas no estudo acusavam a sensação de estômago cheio. “Este estudo mostra a primeira prova de uma ligação entre a amígdala esquerda e os sentimentos de fome quando o estômago está cheio, demonstrando que a activação desta região cerebral anula a vontade de comer”, assinala Gene-Jack Wang adiantando que esta conclusão pode significar um caminho para novas estratégias de tratamento – quer seja, ao nível do comportamento, médicas ou cirúrgicas – que tenham esta região cerebral como alvo.
Fonte: Público (Portugal)
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