Precaução suspende comercialização de medicamento para obesidade
Acomplia, da sanofi-aventis, pode ter efeitos colaterais psiquiátricos.
Falta de cuidado dos pacientes explica, em parte, reações adversas.
A companhia farmacêutica sanofi-aventis decidiu acatar recomendação da Agência de Medicamentos da Europa (EMEA) e suspender a venda do rimonabanto (nome comercial: Acomplia) em todo o mundo, inclusive no Brasil. O rimonabanto chegou ao mercado mundial em junho de 2006, liberado pela mesma agência européia, após resultados animadores em estudos clínicos de tratamento da obesidade.
O medicamento, nos testes realizados com milhares de pacientes, foi capaz de auxiliar na redução de peso, melhorar os níveis de gordura no sangue e facilitar o tratamento de diabetes. O que preocupava os médicos, o fabricante e as agências reguladoras era o fato de que o uso do rimonabanto, durante as pesquisas, mostrou que existia uma limitação de sua utilidade em pacientes com problemas psiquiátricos, notadamente depressão.
Qualquer medicamento lançado no mercado deve ser acompanhado após o início de sua comercialização, pois seus resultados no mundo real podem ser diferentes dos obtidos nos grupos controlados dos trabalhos científicos. Essa preocupação vêm se tornando cada vez maior depois que novas drogas tiveram de ser retiradas de circulação pela constatação de conseqüências inesperadas do seu uso.
A recomendação da agência européia para a suspensão da venda do Acomplia veio justamente depois da revisão dos dados coletados, não só do uso da substância no mundo todo como também de novos estudos que ainda estão em andamento. Especialistas em doenças cardiovasculares, diabetes e doenças psiquiátricas convocados pelo EMEA para rever todos os dados disponíveis sobre o rimonabanto chegaram a uma conclusão. A droga pode auxiliar o redução de peso em pacientes obesos ou com sobrepeso, porém sua utilização pelos médicos e pacientes não vem seguindo as recomendações estabelecidas e pode aumentar o risco de problemas graves.
Os dados de utilização mostraram que os pacientes usam o medicamento por um tempo menor do que o indicado e que pacientes com problemas psiquiátricos ou em risco de desenvolvê-los estão usando o remédio, embora exista uma clara recomendação de isso não seja feito.
Em nosso país o problema pode ser maior ainda. Os mecanismos de controle de venda sabidamente não são os mais eficientes e muitos médicos cedem à solicitação de pacientes para prescrição de drogas novas que muitas vezes não conhecem. A indicação dos europeus, que deve ser seguida, é de que os pacientes que estão utilizando o remédio devem conversar com seus médicos sobre seus fatores de risco e programar sua nova prescrição.
Globo.com
Um comentário:
SÃO PAULO - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve publicar na próxima terça-feira uma resolução suspendendo o uso e o comércio do Acomplia, remédio usado no tratamento da obesidade. A multinacional de medicamentos Sanofi-aventis suspendeu temporariamente, em todos os países onde atua, a comercialização do Acomplia (rimonabanto), com base em decisão da Agência Européia de Medicamentos (Emea), que recomendou a interrupção da venda do produto. Em todo o mundo, são 700 mil usuários do medicamento. No Brasil, são 30 mil.
Segundo a Emea, estudos mostraram que dobrou o risco dos pacientes que usaram o Acomplia de desenvolver algum problema psiquiátrico, se comparados aos que não usavam. De acordo com a Anvisa, os pacientes que tomam o remédio devem procurar seus médicos para obter orientação. A agência também pede que todos os possíveis casos de reação adversa causada pelo medicamento sejam notificados.
Usado com certo sucesso no tratamento de pacientes obesos desde que foi lançado, em 2006, e desde 2008 no Brasil, o Acomplia não teve problemas durante os estudos clínicos, quando é testado em um número reduzido de pacientes.
O Acomplia funciona como inibidor do receptor canabinóide. Ou seja, ao contrário da maconha, que ativa o receptor e causa fome compulsiva, o remédio inibe o apetite. Também reduz o colesterol. Mas os estudos da Emea, conduzidos por um painel de especialistas, detectaram problemas que levaram à reavaliação do produto.
O médico Sérgio Graff, especialista em medicamentos, diz que a suspensão não é motivo de pânico. ?Quem já tomou e não passou mal, não precisa se preocupar. Quem está tomando seguindo a prescrição médica também pode ficar tranqüilo.? O problema, segundo ele, é que muitas pessoas estavam tomando o Acomplia sem prescrição médica, por conta própria. Os efeitos colaterais podem ser causados quando o remédio é usado em casos não prescritos ou por menos tempo que o necessário. As informações são do Jornal da Tarde.
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